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Luciana Rovegno

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Coach executiva, membra do Comitê de Ética da ICF (Brasil), mediadora e mestre em educação de adultos.

Os estágios do aprendizado – e por que é difícil aprender na vida adulta

Os benefícios de adquirir determinada habilidade precisam superar os desafios de fazê-lo. Senão, é difícil vencer a inércia.

Por Luciana Rovegno, colunista da Você RH
6 fev 2025, 18h17
Fotografia de Mulher sênior estudando no laptop.
 (FG Trade/Getty Images)
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Eu estava de férias no Atacama quando um amigo me chamou para compartilhar uma curiosidade revelada por nosso guia. Ele apontou para as escarpas dos rochedos: “Consegue ver uma mudança nas rochas? Elas são todas grandes e têm formas diversas. Mas, ali no alto, há um padrão diferente: rochas pequenas e arredondadas. Você vê?” Demorei um pouco para notar a formação a que ele estava se referindo. Assim que identifiquei, ele contou que ali ficava um túmulo indígena.

Essa história continuou ecoando em minha cabeça. Afinal, depois que se vê algo, é difícil “desver” – até impossível. Eu caminhava em solo ancestral, sem saber que aquelas encostas abrigavam corpos dos antepassados nativos. De repente, aquele espaço de lazer ganhou outra dimensão.

Isso acontece com qualquer aprendizado em nossas vidas. Aquilo que não conhecemos não recebe nossa atenção, fica fora do nosso radar. Segundo o linguista Richard Schmidt, só é possível aprender a partir do momento em que notamos algo. Para ele, existem três níveis de consciência: perceber, notar e entender. O ato de notar seria a ponte entre a mera observação de um evento (a percepção) e a atribuição de significado a ele (o entendimento). Ao notar alguma coisa, estaríamos colocando intenção em nossa observação e nos esforçando para compreender determinado fenômeno.

Por exemplo: um dia, durante minha aula de italiano, eu tentei formular uma frase sobre gostar de carros japoneses e disse “mi piace le macchine giaponesi”. Fiquei orgulhosa, mas a professora me corrigiu: “mi piacciono le macchine giapponesi”. Repeti a frase (percebi) e pensei em voz alta (notei): “mi piacciono? No plural? Mas sou ‘eu’ quem gosta, uma pessoa só!” A professora explicou: em italiano, o verbo “gostar” concorda com o objeto. Só então entendi – e achei graça.

Hoje, eu sei que não sabia como esse verbo era conjugado. Segundo a teoria dos quatro estágios da competência, do especialista em treinamentos Martin Broadwell, eu superei o estágio de “incompetência inconsciente” e alcancei o estágio da “incompetência consciente”.

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É nesse estágio que surge a oportunidade de aprender algo novo. Como indica o metrô de Londres, mind the gap (“cuidado com o vão”, em tradução livre). Ao notar a lacuna entre o estágio atual (a incompetência) e o estágio desejado (a competência), podemos escolher entre seguir na ignorância ou aprender. Essa decisão depende, em grande parte, da necessidade de obter determinado conhecimento e da nossa atitude – das crenças que promovem ou inibem certo comportamento. Não basta notar a lacuna, temos que nos importar com ela.

Os desafios de aprender algo novo

Segundo o educador Malcolm Knowles, um adulto só aprende quando precisa. Ou seja, os benefícios de aprender precisam superar os desafios de fazê-lo. Senão, é difícil vencer a inércia e investir um recurso tão escasso quanto o nosso tempo para aprender algo novo.

Vejo isso com frequência na minha atuação como coach executiva. Se um cliente chega até mim com um objetivo vago, como se preparar para uma futura promoção, sua disciplina é muitas vezes menor do que a de um cliente que precisa sustentar conflitos, porque ele já está sofrendo por não ser competente na questão. Ele pode sentir dores de cabeça ao enfrentar situações de conflito, por exemplo, ou prejudicar sua equipe por não conseguir impor limites.

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Por isso meu aprendizado de italiano patina: não tenho qualquer urgência ou necessidade prática de dominar o idioma, apenas um desejo de exercitar a massa cinzenta, honrar minha ancestralidade e, no futuro, me virar sozinha em uma viagem para a Itália. Muitas vezes, não avançamos em nossa jornada de aprendizagem justamente porque os ganhos não superam as perdas. No meu caso, investir no futuro distante enquanto lido com as demandas do presente é bastante desafiador.

Por isso, eis um convite: observe se você está tentando aprender alguma coisa sem conseguir avanços significativos. Então, reflita: o que você ganha e o que você perde se aprender? O que você ganha e o que você perde se não aprender?

Desejo que essas reflexões inspirem transformações positivas em sua jornada de aprendizado e desenvolvimento!

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