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As cicatrizes da pandemia: veja quais são os impactos da crise no trabalho

Do desemprego ao home office; do medo à resiliência: presidente do InfoJobs elenca as mudanças que a crise da covid-19 trouxe para o mercado

Por Hanna Oliveira
Atualizado em 23 out 2024, 13h38 - Publicado em 27 abr 2021, 08h00
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  • A pandemia está deixando profundas marcas físicas, psicológicas e emocionais nas pessoas. Lidar com as perdas, com o luto e com o isolamento têm sido desafios comuns a toda a humanidade. “A principal cicatriz é o número de perdas que nós temos, com todas as pessoas sendo afetadas”, diz Ana Paula Prado, Country Manager do InfoJobs, plataforma de vagas de emprego. 

    Para além das cicatrizes relacionadas às perdas e à solidão, a pandemia também deixará marcas em outras esferas de nossas vidas, como a do trabalho que foi, sem dúvida, muito modificado.Da noite para o dia, as empresas precisaram se reinventar para manter negócios de pé e os profissionais tiveram que ter resiliência e poder de adaptação para seguir em frente. “Nós estamos nos adaptando à essa realidade, e não é uma adaptação positiva, mas existe uma reação. Acho que nós, como seres humanos e profissionais, estamos aprendendo a ser mais resilientes, adaptáveis, frente a todas essas adversidades”, afirma Ana Paula.

    Teletrabalho veio para ficar, mas não todo o tempo

    Quantos profissionais não empacotaram suas coisas em março de 2020 pensando que em um mês colocariam os pés de volta ao escritório? A realidade se impôs e já completamos mais de um ano em home office. O medo de que o modelo poderia dar errado já passou. “As empresas entenderam quais são as vantagens do teletrabalho, assim como os profissionais”, diz Ana Paula. 

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    Apesar de o home office ter dado certo para profissionais e empresas que podem adotar o regime, o futuro deve ser o meio do caminho: o trabalho híbrido. Hoje, por exemplo, o InfoJobs tem quase 6.000 anúncios de vagas para home office, podendo um anúncio conter mais de uma oportunidade de emprego. E as pessoas também estão buscando mais vagas assim. Tanto que a Infojobs precisou fazer modificações no seu buscador. “Até então isso não aparecia tanto no nosso site e agora percebemos que as empresas já buscam dentro desse modelo. Inclusive, facilitamos para os profissionais dentro do nosso site para que possam buscar as ofertas de empresas com trabalho 100% remoto”, diz Ana Paula.

    A digitalização aumentou, mas pediu humanização

    Nem toda a cicatriz deixa um legado negativo, há aquelas que ajudam a olhar para questões importantes que antes não estavam no foco. É o caso da humanização nas empresas. A pandemia acelerou a digitalização das empresas — o que só dá certo se vier ao lado de uma humanização protagonista. “A pandemia trouxe um legado humano. As empresas, apesar de estarem longe e operando por telas, nunca estiveram tão próximas dos seus funcionários, tão preocupadas em como eles e suas famílias estão”, afirma Ana Paula. “O fator humano aliado à digitalização traz um ganho enorme. Penso que esse é um grande legado”.

    É também pensando na humanização que Ana Paula acredita que, os ganhos de automação em processos de recrutamento e seleção devem continuar, mas as entrevistas presenciais podem voltar quando a pandemia passar: “Imagino que algumas etapas podem voltar a ser presenciais por uma necessidade das empresas e dos profissionais requisitantes. Mas, de uma forma geral, o que está digitalizado, digitalizado ficará. O ganho da automação permanece”. 

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    O desemprego e as habilidades técnicas

    Um dos pontos de maior preocupação do brasileiro, mais do que de outras nações do mundo, e que foi agravado pela pandemia, é o desemprego. Segundo levantamento realizado Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Brasil possui cerca de 14 milhões de desempregados. “A tendência é de uma piora. Devemos piorar a taxa de desemprego nos próximos meses e vamos chegar a ser um dos países com a 14a maior taxa de desemprego entre 100 países do mundo”, relata Ana Paula se referindo a um levantamento divulgado neste ano pela agência de risco Austin Rating que projetou uma piora no cenário de desemprego no país.

    Apesar da crise econômica, a líder no InfoJobs viu um aumento na divulgação de vagas pelas empresas, mas vê na defasagem de habilidades técnicas da força de trabalho brasileira um outro motivo para o número de desempregados: “Temos um grande volume de vagas abertas na área de tecnologia, mas não temos profissionais sendo formados na mesma velocidade. Aqui temos uma falta de qualificação de profissionais para atender essas posições em aberto”, afirma. Mesmo com esse cenário, Ana Paula vê uma movimentação das empresas em tentar ajudar na qualificação desses profissionais: “O que é positivo é que percebemos diversos movimentos para a formação desses profissionais. As empresas buscando profissionais que não tenham esse conhecimento, mas que queiram aprender”, diz apontando que esse pode ser um cenário melhor consolidado não a curto prazo, mas a longo: “Conseguimos ver que vamos aumentar essa mão de obra e essa mão de obra qualificada, e muito específica, para essa área técnica”.  

    A resiliência volta à campo

    A resiliência é outra cicatriz que vamos levar dessa pandemia, segundo Ana Paula. “Nós estamos olhando o mundo cada vez mais de uma forma diferente, tentando trabalhar com inovação”, diz. Nossa capacidade de dar respostas em momentos de crise se aflorou e tem nos ajudado a enfrentar esse momento. “Tivemos que nos reinventar outras vezes também e, de novo, precisamos  fazer isso para nos adaptar e trazer outras respostas.”

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