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Como a IA já está impactando os empregos

A IBM anunciou a suspensão de contratações para cerca de 7.800 cargos administrativos. Uma fintech congelou contratações para uma série de postos. Entenda.

Por Fábio Cassettari
8 jun 2025, 14h16
Ilustração de um empresário e robô de IA trabalhando juntos no conceito de escritório.
 (sorbetto/Getty Images)
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“Não importa se você é programador, designer, gerente de produto, cientista de dados, advogado, representante de suporte ao cliente, vendedor ou profissional de finanças – a IA está vindo para você. Se você não se tornar um talento excepcional no que faz, um mestre, enfrentará a necessidade de uma mudança de carreira em questão de meses”, disse, Micha Kaufman, CEO da Fiverr, um marketplace de serviços freelance.

A advertência de Micha Kaufman, inicialmente um e-mail interno e depois uma mensagem que reverberou pelas redes sociais, não é um mero exercício de futurologia. Ela encapsula, com uma clareza desconcertante, um movimento que já está em pleno curso nos ambientes corporativos globais e, crucialmente, no Brasil.

A automação impulsionada pela inteligência artificial e pelos chatbots deixou de ser uma promessa distante, figurando proeminentemente nas planilhas de headcount e nas estratégias de otimização para 2024-2025. Enquanto o debate público ainda se concentra, por vezes, em especulações sobre impactos futuros, muitas empresas, de forma discreta mas determinada, já estão substituindo funções ou congelando vagas. Os números e os casos concretos começam a contar essa história, uma narrativa de transformação profunda e, em muitos aspectos, silenciosa.

Conheça os exemplos reais

Casos internacionais revelam a escala da transformação, e dados macroeconômicos mostram trilhões em jogo. No Brasil, áreas como atendimento, back-office e análise de dados estão na linha de frente. Para profissionais e empresas, adaptar-se com agilidade e estratégia é o único caminho para transformar risco em crescimento.

A transição para um modelo mais automatizado de operação nas empresas já está em curso, ainda que de forma desigual entre setores e regiões. Casos emblemáticos ao redor do mundo revelam como a inteligência artificial está assumindo tarefas humanas em ritmo acelerado e muitas vezes sem alarde.

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Um dos exemplos mais expressivos é o da fintech sueca Klarna, que implementou um assistente de IA para atendimento ao cliente. Em apenas um mês, a tecnologia foi responsável por conduzir 2,3 milhões de conversas – o equivalente a dois terços de todo o volume de atendimento da empresa. A carga de trabalho que antes exigia cerca de 700 agentes humanos foi redistribuída para a IA, que reduziu o tempo médio de resolução de chamados de 11 minutos para menos de dois. O ganho de eficiência foi tão expressivo que a empresa projeta um aumento de US$ 40 milhões em lucro ao longo de 2024. Embora não tenha havido demissões em massa, a Klarna congelou contratações para essas funções, sinalizando uma redução planejada e progressiva da presença humana nessa área.

Outro movimento significativo vem da IBM, que anunciou a suspensão de contratações para cerca de 7.800 cargos administrativos. A decisão está alinhada à expectativa de que aproximadamente 30% das funções de back-office da empresa possam ser automatizadas nos próximos cinco anos. O CEO Arvind Krishna foi direto ao afirmar que tarefas rotineiras, como a emissão de cartas de verificação de emprego ou movimentações internas entre departamentos, já podem ser totalmente automatizadas. A estratégia da IBM aponta para uma reorganização silenciosa, mas profunda, do quadro de colaboradores, com a automação sendo usada como ferramenta preventiva, antes mesmo de demissões em larga escala.

Menos custos, mais retorno. Mas e as pessoas?

Esses movimentos não são isolados, nem se limitam a uma questão tecnológica. O pano de fundo é uma mudança estrutural na economia global. Segundo estudo da consultoria McKinsey, a IA generativa tem potencial para adicionar entre US$ 2,6 trilhões e US$ 4,4 trilhões por ano à economia mundial. Isso porque as tecnologias disponíveis atualmente já são capazes de automatizar entre 60% e 70% do tempo que um trabalhador médio dedica às suas funções.

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Diante de um cenário em que cada hora humana poupada pode significar ganhos diretos de produtividade, a pressão de investidores e conselhos administrativos pela adoção de soluções automatizadas se intensifica. A lógica é simples: menos custo, mais retorno. Ainda que os impactos sociais e os desdobramentos no mercado de trabalho estejam longe de uma compreensão plena, a dinâmica econômica já definiu sua direção e ela avança com velocidade.

*Fábio Cassettari é sócio‑diretor da Career Group.

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