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Profissionais querem mudar de emprego para ter mais qualidade de vida

Entre os motivos para isso, estão a busca por um salário maior e maior perspectiva de crescimento na carreira

Por Letícia Furlan
Atualizado em 23 out 2024, 17h20 - Publicado em 3 fev 2022, 07h12
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    studo realizado pela Kaspersky com mais de 8 mil respondentes em 18 países mostra que 53% dos profissionais brasileiros entrevistados pretendem trocar de emprego. Segundo o relatório Protegendo o Futuro do Trabalho, entre as principais motivações para a mudança está a manutenção do equilíbrio entre vida pessoal em profissional, citada por 50% das pessoas — e valorizada ainda mais após um longo período de trabalho remoto na pandemia. Já 49% deles disseram desejar um salário mais alto.

    Outro estudo, conduzido pela consultoria Produtive, identificou aumento na rotatividade de funcionários nas empresas: 46% dos entrevistados disseram ter pedido demissão por não enxergarem possibilidade de se desenvolver na companhia em que estavam.

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    Bruno Martins, CEO da Trilha, consultoria em desenvolvimento e recolocação profissional, também considera a pandemia como determinante para a procura de um novo emprego. À VOCÊ RH, o especialista falou sobre o novo panorama que vem se delineando desde 2020 e que tende a crescer.

    O que tem motivado o aumento no número de pedidos de demissão?

    As pessoas começaram a enxergar que poderiam aliar o trabalho à qualidade de vida, ao lazer, à saúde mental. Elevar o nível de qualidade de vida foi um dos principais motivadores para que essas pessoas repensassem o que estavam fazendo das suas horas do dia. Então houve uma reflexão forte de propósitos e valores. Por isso, teve também um fenômeno de mudança de carreira. As pessoas não só mudaram de empresa, ou foram empreender, como também mudaram de área e passaram a fazer cursos e se dedicar para conseguir projetar um plano B.

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    De que forma a pandemia gerou impacto nesse cenário?

    Sem dúvida, a pandemia foi o grande motor disso tudo. No processo de pós-pandemia, as empresas perceberam que era possível trabalhar de forma remota. Os gestores entenderam que economizariam e que os profissionais poderiam ser até mais produtivos. Isso fez com que os próprios trabalhadores repensassem a questão do modelo ideal de trabalho. Muitos profissionais preferem pedir demissão pois se queixam que a empresa onde trabalhavam voltou ao modelo 100% presencial.

    O que faz com que um profissional, mesmo sem outro emprego em vista, peça demissão?

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    Vimos casos recentes aqui na consultoria de profissionais que pediram demissão por alguns fatores que impactam diretamente na vida profissional. Por exemplo, alguns clientes fizeram o movimento de sair de São Paulo durante a pandemia e organizaram uma logística diferente de trabalho, com uma flexibilidade por parte da cultura da empresa. Hoje, voltou-se a exigir o trabalho presencial e eles optaram por deixar as empresas em que estavam. A cultura organizacional muda ao longo do tempo. Os gestores vão saindo e gestores novos vão entrando, e o jeito de trabalhar vai mudando. Às vezes, aquela pessoa que está há anos na empresa entende que o seu ciclo esteja se encerrando.

    Muitos profissionais também saem pois não veem perspectiva de crescimento, não se enxergam na cultura da empresa e não têm clareza dos próximos passos que podem trilhar por lá. Ou seja, a empresa não consegue fornecer esse caminho de forma clara para o funcionário. Acima do dinheiro, acima dos benefícios, eu acho que esse é um dos principais fatores que impactam no pedido de saída. Afinal, o plano de carreira não é desenhado só pela empresa — ele tem que ser um diálogo entre os gestores, os funcionários e o RH.

    Quais os conselhos para quem quer mudar de emprego neste ano?

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    O primeiro ponto é preparar a rede de contatos. Grande parte das movimentações de carreira acontecem por meio da indicação. O segundo ponto é entender o setor que se quer entrar e a empresa que se está buscando.

    Outro conselho bastante importante é que o profissional invista na parte digital. As empresas estão passando por um processo de transformação digital avançado, principalmente as grandes e médias. Muitas vezes o profissional não precisa entender de marketing digital, mas precisa entender que a convergência dos negócios hoje é muito baseada na tecnologia. Se ele não tem conhecimento sobre isso, fica fora do contexto atual do mercado de trabalho. Isso eu chamo de “profissional 5.0”, que é aquele que não é um especialista nem um generalista, mas um nexialista — aqueles que vão estudar temas que não fazem parte do projeto dele. Esse profissional costuma ter em mente que ele não é a empresa, mas sim que ele está na empresa naquele momento, podendo prestar serviços para outras companhias futuramente.

    A formação acadêmica ainda é fator determinante para conseguir mudar de emprego?

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    As empresas têm notado que contratar pessoas apenas pelo perfil técnico não tem atendido as exigências do novo modelo de mercado. Por isso, mais do que a entrega, essas empresas precisaram mudar o modo de fazer a gestão das pessoas. Por outro lado, os profissionais são atraídos pela capacidade da empresa em compartilhar projetos — o que tem a conexão com o propósito do colaborador, priorização da qualidade de vida, inclusão social. Por isso, os profissionais devem investir nos soft skills. São modelos comportamentais que estão em alta, alto poder de resiliência, alto conhecimento, confiança, liderança emocional, autonomia, flexibilidade.

    Para o profissional prosperar nesse mundo tão mais complexo, acho que, mais do que a formação em uma faculdade de primeira linha, que não está sendo mais tão valorizada pelas empresas, ele deve investir em capacitação emocional e comportamental.

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