Metade dos executivos não sente diferença de produtividade no home office
Percentual brasileiro supera a média global, segundo pesquisa do Page Group que também mostrou: 61% dos executivos recusariam promoções em nome do bem-estar.

O modelo presencial retomou a dianteira no Brasil: metade das empresas já estavam de volta ao escritório em 2024, segundo uma pesquisa do Great Place To Work, enquanto 40% estavam no híbrido e pouco mais de 8%, no remoto.
A principal justificativa para adotar novamente o presencial foi a produtividade – ou melhor: a falta de confiança das companhias na capacidade (ou no desejo) dos funcionários alcançarem determinado desempenho trabalhando em casa.
Mas a alta liderança sente na pele esse desafio de manter a performance?
Segundo uma nova pesquisa da Page Executive, braço do PageGroup especializado no recrutamento de executivos, 51% desses profissionais afirmam ser igualmente produtivos trabalhando em casa e no escritório. O percentual brasileiro supera as médias global (43%) e da América Latina (46%).
“Em meio a um cenário global de incertezas, as empresas têm adotado posturas mais rígidas com relação à presença dos colaboradores no escritório”, observa Paulo Dias, diretor-executivo da Page Executive. “[Mas] é importante que as organizações considerem como isso será recebido pelos líderes para impulsionar o desempenho e reter talentos de alto nível.”
O estudo também mostrou que a alta liderança brasileira está mais presente no escritório, desde o fim da pandemia, por conta de um número maior de reuniões presenciais. É o que apontam 38% dos entrevistados pela Page Executive – um índice inferior ao registrado no mundo (42%) e na América Latina (45%).
21% dos executivos afirmam que trabalham presencialmente para aprender mais com os colegas; enquanto 19% acreditam que o modelo presencial ajuda no desenvolvimento de carreira.
Já 23% dos entrevistados brasileiros declaram que o motivo de ir ao escritório é uma mudança nas políticas da empresa, que teriam se tornado mais rigorosas, exigindo o retorno. Esse índice ficou abaixo das médias global e da América Latina (35%).
Prioridades da alta liderança
A pesquisa também mostrou que os executivos consideram o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal como um fator decisivo: 61% deles afirmam que recusariam uma promoção a fim de preservar o bem-estar. É um percentual que supera as médias global (54%) e da América Latina (48%).
Além disso, os líderes dão maior importância à compreensão dos valores e da cultura das organizações ao analisar uma descrição de cargo, quando comparados à força de trabalho em geral. 34% deles priorizam a declaração dos valores da empresa, assim como o perfil cultural. Trata-se de um número que supera as outras médias em até dez pontos percentuais.
Paulo alerta sobre a importância da transparência para atrair e reter profissionais da alta liderança. “Líderes sêniores associam clareza à confiança. [Valorizam] quando a organização se comunica com transparência e dá direção clara, especialmente na hora das decisões estratégicas. Isso fortalece a conexão e o engajamento da alta liderança. Eles querem saber para onde estão indo, por que e com quem.”