Maratona Tech premia estudantes com bolsas de estudo em tecnologia
Iniciativa é de uma rede de organizações voltadas a promover a inclusão de pessoas de baixa renda e minorias no mercado de trabalho tecnológico.
De acordo com dados do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil no terceiro trimestre de 2024 foi de 6,4%, o que equivalente a 7 milhões de pessoas. Por outro lado, sobram vagas no mercado de tecnologia. Segundo dados do levantamento global encomendado pela Gi Group Holding, em parceria com a universidade tecnológica italiana Politecnico di Milano e a empresa de inteligência de dados INTWIG Data Management, quase 45% das empresas relatam dificuldade na contratação desses profissionais. No Brasil, 43,7% apontam que sofrem para encontrar trabalhadores.
Diante desse gargalo, surgem diversas iniciativas para fomentar novos talentos desde a base na área de tecnologia, de modo a preencher as oportunidades do mercado e transformar a vida de quem busca uma oportunidade de trabalho. Uma das ações mais conhecidas e tradicionais é a Maratona Tech, maior competição de tecnologia entre escolas do Brasil. A iniciativa anuncia a marca de 1 milhão de estudantes beneficiados, número alcançado em sua terceira edição, cuja premiação acontece no próximo dia 27 de novembro, em Curitiba.
Com o apoio e patrocínio de mais de 20 empresas e instituições – como iFood, Arco, Rocketseat, Mercado Livre e Instituto Coca-Cola Brasil –, a ação é realizada pelo Movimento Tech 2023, coalizão de organizações para promover a inclusão de pessoas de baixa renda no setor de tecnologia, e pela Associação Cactus, ONG que promove oportunidades para jovens do ensino público brasileiro por meio da educação.
A Maratona é voltada para qualquer escola do território brasileiro e focada nos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), do Ensino Médio (1ª a 4ª série) ou do EJA (Escola de Jovens e Adultos) e tem o objetivo de conectar estudantes da educação básica com oportunidades e possibilidades em tecnologia, independentemente de seu conhecimento prévio ou recursos financeiros ou escolares.
A competição funciona em duas fases: na primeira, os professores recebem uma formação exclusiva e um desafio para aplicar em sala de aula, relacionado a carreiras e usos práticos da tecnologia na comunidade. Os alunos pesquisam, em grupo, sobre o assunto e os que mais se destacam se classificam para a segunda e última fase. Nela, os estudantes recebem, individualmente por um chatbot do WhatsApp, oito ciclos de conteúdo de pensamento computacional e lógica. Ao final de cada ciclo, eles respondem a um quiz de seis a oito questões.
Alunos no pódio
Os 525 estudantes mais bem-pontuados serão premiados com medalhas de ouro, prata e bronze, bolsas de estudos em cursos de tecnologia e direito à participação no programa Conexão Futuro, plataforma que busca democratizar oportunidades de trabalho e potencializar talentos. Já a premiação para escolas e os professores inclui formação sobre metodologias ativas ou similar, medalhas e certificados.
“O MovTech é uma rede de organizações que une forças, recursos e investimentos para promover a inclusão de pessoas de baixa renda e historicamente sub-representadas no setor de tecnologia. Nosso trabalho consiste em encontrar esses talentos, prepará-los e conectá-los com o mercado, que também sofre com a falta de mão de obra. E essa relação ganha-ganha começa na base, com iniciativas como a Maratona Tech, que conscientiza escolas, professores e estudantes, possibilitando novos sonhos e possibilidades a partir da tecnologia. É simbólico e muito gratificante a marca de 1 milhão de beneficiados”, comemora Mariana Lopes, gerente executiva do Movimento.
Uma das beneficiadas e medalhistas de ouro da edição 2023, Jaiane Saiara, de Salvador (BA), afirma que a Maratona ajudou até mesmo no desenvolvimento de habilidades para além da tecnologia. “Passando pelas etapas, separando um tempo, a gente descobre como resolver problemas em diversas áreas da vida. Além do conhecimento, é a bagagem que a gente vai levar”.
Outra medalhista do ano passado, Ana Carolina Silva de Ribeirão das Neves (MG), trabalha como desenvolvedora front-end e viu no programa uma chance de unir suas paixões. “Casou a minha inclinação para arte com o poder de fazer arte com os códigos”, afirma a estudante. “Tive ajuda no início para chegar até aqui e quero fazer isso também com outras pessoas”.
O misto de aprendizados técnicos, lógicos e até mesmo de soft skills como o trabalho em equipe é o que vem atraindo cada vez mais docentes a inscreverem suas turmas. André Ferreira, professor do Departamento de Computação da escola de Jaiane, pontua: “Trabalhar com o pensamento computacional e com a lógica independe da disciplina. É muito bom para a formação dos alunos, para a estrutura do pensamento. Então é fantástico, eu recomendo.”