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Nestlé tem plataforma que conecta projetos a interesses dos funcionários

Para participar, profissionais criam perfil no aplicativo e contam quais são suas competências e os assuntos de que gostam

Por Caroline Marino
Atualizado em 27 jan 2023, 10h30 - Publicado em 11 jul 2022, 08h01
Enrique está vestido com um blazer preto por cima de uma camisa xadrez. Ele está com as duas mãos uma segurando a outra, em um dos pulsos tem um relógio, e posa para a foto em um ambiente aberto.
Enrique Rueda, vice-presidente de recursos humanos da Nestlé Brasil: plataforma conecta pessoas a projetos de acordo com habilidades e interesses pessoais (Celso Doni/VOCÊ RH)
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falta de incentivo ao crescimento profissional é um dos principais motivos de demissão voluntária. Mas o RH deve fugir de modelos engessados e ir além da progressão tradicional, como explica Rafael Souto, presidente da Produtive, consultoria de planejamento e transição de carreira. “No modelo antigo era a empresa que determinava o desenvolvimento do profissional, seu plano de carreira. Hoje, isso precisa ser construído em colaboração com o funcionário, que deve ser protagonista de sua jornada”, diz. Segundo ele, ter uma marca empregadora forte depende também do estabelecimento de uma cultura de protagonismo, diálogo e livre movimentação de carreira. “Não é um processo fácil. Por muitos anos, as companhias acreditaram que, ao contratar alguém, a pessoa se tornava um recurso da empresa; portanto, podiam determinar seus passos. Esse sistema está colapsando”, diz. Para ele, cabe à organização fornecer ferramentas, oportunidades e treinamentos para que o funcionário estabeleça seu crescimento, de acordo com suas demandas e vontades. É a chamada carreira em nuvem. Isso significa menos hierarquia e mais fluidez nas atividades, além de oportunidades para que as pessoas contribuam em atividades que não estão no seu escopo de trabalho.

A Nestlé vem trabalhando nesse sentido. “Muita coisa mudou nos últimos dois anos. Tendências foram aceleradas, como a digitalização e a flexibilidade, o que fez as pessoas repensarem a vida e o trabalho”, afirma Enrique Rueda, vice-presidente de recursos humanos e compliance da Nestlé Brasil. Segundo ele, é crucial o RH saber conectar essas mudanças às expectativas dos profissionais para atrair e reter os melhores talentos. Por lá, a aposta é contribuir para que os funcionários cresçam profissionalmente e no lado pessoal, reconhecendo-os como indivíduos com diferentes perfis e necessidades. “Não sou o RH; sou o Enrique, que gosta de gastronomia, de ler e de estudar. E é assim que vemos todo o time”, diz. Para ele, a grande mudança é trabalhar para individualizar e personalizar as práticas.

Duas ações da companhia colaboram para isso. A primeira é o TalentHub, que teve início em março deste ano. Trata-se de uma plataforma online que permite que os funcionários personalizem seu desenvolvimento, considerando o momento em que estão na carreira e o que desejam aprender. Os 670 selecionados na primeira etapa têm acesso a treinamentos, mentorias e livros com desconto até 31 de dezembro de 2022 — depois desse tempo, uma nova turma é selecionada. Para participar, o funcionário precisa ter sido identificado com alta performance na avaliação de desempenho. São mais de 1,5 mil cursos com certificado, inclusive MBAs, de diversas instituições, como USP, FGV e Saint Paul. O projeto tem o intuito de permitir que o profissional explore seu potencial da forma que quiser, considerando seu momento na carreira e o que deseja aprender. E as aulas vão além dos temas básicos de carreira e negócios, como negociação e liderança. Há a possibilidade de aprender sobre culinária e universo pet, por exemplo. “O negócio se beneficia muito com essa diversidade de assuntos, pois assim são nossos clientes: gostam de cachorro, de games, de culinária. Dessa forma, conseguimos nos aproximar do consumidor e deixar os colaboradores mais satisfeitos e engajados”, afirma Enrique.

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Outra iniciativa é o People Match, plataforma que conecta pessoas a projetos de acordo com habilidades e interesses pessoais. Para participar, os funcionários criam um perfil no aplicativo e contam quais são suas competências e os assuntos de que gostam — como games, voluntariado, psicologia —, além dos idiomas que dominam, porque o programa é global. Já os gestores cadastram os projetos em andamento e detalham as atividades realizadas e as habilidades requeridas. E então a ferramenta faz o cruzamento das informações. Desde agosto de 2021, quando foi lançada, a plataforma já recebeu mais de 800 cadastros de perfis e ultrapassou a marca de 40 projetos.

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Este trecho faz parte de uma reportagem da edição 80 (junho/junho) de VOCÊ RH. Clique aqui para se tornar nosso assinante

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