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NR-1: por que ela é uma bomba-relógio silenciosa na cultura das empresas?

O que antes era apenas um tema de saúde ocupacional, agora se tornou um pilar estratégico da cultura organizacional.

Por Giselle Welter, em colaboração especial para a Você RH*
Atualizado em 13 nov 2025, 19h30 - Publicado em 13 nov 2025, 19h30
Vista superior de itens de escritório de saúde distribuídos em superfície branca.
 (Freepik/Reprodução)
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A nova atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que passa a vigorar integralmente em maio de 2026, pode ser vista como mais uma exigência burocrática. Mas, na prática, ela funciona como um divisor de águas na forma como as empresas enxergam o bem-estar mental de seus colaboradores. O que antes era apenas um tema de saúde ocupacional, agora se tornou um pilar estratégico da cultura organizacional, e ignorá-lo é como conviver com uma bomba-relógio prestes a explodir dentro das equipes – um perigo silencioso que vai se alimentando de sobrecarga, falta de escuta e desalinhamento cultural, até que o estresse coletivo se torna insustentável.

A principal novidade da NR-1 é a inclusão dos riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Em 2026, toda empresa precisará identificar, avaliar e prevenir fatores que afetam o equilíbrio emocional no trabalho, como estresse, assédio moral e burnout. Essa medida alinha o Brasil à norma internacional ISO 45003, que estabelece diretrizes para a saúde mental nas organizações. Na prática, a NR-1 reconhece que o sofrimento psicológico também é um risco ocupacional, tão grave quanto quedas, cortes ou acidentes físicos.

O desafio é que, diferentemente dos riscos ergonômicos ou ambientais, os psicossociais não fazem barulho: eles se instalam lentamente, corroendo o clima interno e o senso de pertencimento. Eles nascem da interação entre fatores organizacionais (como carga de trabalho e cultura de liderança) e aspectos individuais (como personalidade, resiliência e percepção de suporte social). Por isso, as empresas que se limitarem a “cumprir a norma” sem compreender a profundidade do tema estarão apenas mascarando um problema que cresce em silêncio até o ponto de ruptura.

O custo do silêncio

O burnout, agora reconhecido oficialmente como doença ocupacional, já atinge cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros. Ele gera afastamentos, queda de desempenho e desmotivação crônica. Mas há um aspecto ainda mais preocupante: ele desestrutura a confiança interna e compromete a capacidade coletiva de inovar e colaborar. Quando uma equipe convive com exaustão emocional e conflitos não resolvidos, a empresa perde o que tem de mais valioso: a energia criativa e a coesão entre as pessoas. Esse é o momento em que a bomba-relógio cultural explode e seus estilhaços aparecem em afastamentos, rotatividade, queda de produtividade e reputação abalada.

Por isso, as organizações estão sendo desafiadas a adotar uma abordagem científica e personalizada da saúde mental, uma gestão que combina dados, psicologia e análise de comportamento para antecipar riscos antes que eles se tornem crises. Nesse novo cenário, ferramentas de avaliação comportamental e de clima organizacional ganham papel central. Elas permitem mapear o perfil motivacional dos colaboradores, identificar desalinhamentos entre funções e perfis e compreender a “química” das equipes.

 

Esse tipo de diagnóstico é o que diferencia empresas que apenas reagem às crises daquelas que atuam de forma preditiva e estratégica, promovendo ambientes equilibrados, produtivos e sustentáveis.

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Quando a cultura é o risco

Um dos maiores desafios impostos pela NR-1 é que a cultura da empresa também passa a ser um fator de risco. Ambientes com pouca escuta, metas inalcançáveis, ausência de feedbacks ou lideranças autoritárias tendem a amplificar os gatilhos de estresse e ansiedade. Por outro lado, empresas que cultivam relações baseadas em confiança, clareza de propósito e reconhecimento mútuo criam um ambiente psicologicamente seguro, condição essencial para que as pessoas expressem ideias, admitam erros e se sintam pertencentes.

Embora a norma foque na estrutura organizacional, há um componente que ela não explicita, mas que é determinante: as diferenças individuais. Cada pessoa reage de forma distinta ao estresse, às demandas e à pressão.

Além disso, pesquisas mostram que certos traços de personalidade, como neuroticismo elevado ou baixa conscienciosidade, aumentam a vulnerabilidade ao burnout. Já características como otimismo, adaptabilidade e sociabilidade atuam como fatores protetores. Reconhecer esses padrões não é rotular, e sim compreender que a prevenção começa pelo autoconhecimento. Ajustar o trabalho às motivações e limites de cada indivíduo é uma das formas mais eficazes de evitar o esgotamento.

Do risco à oportunidade

A boa notícia é que toda bomba pode ser desarmada. Quando a empresa decide ouvir, medir e compreender suas próprias tensões internas, transforma a NR-1 em um manual de prevenção, e não em um alerta tardio. O cumprimento da norma pode ser visto como um peso regulatório ou como uma oportunidade de transformação cultural.

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Empresas que utilizam dados comportamentais e insights psicológicos para guiar suas decisões de gestão conseguem transformar a norma em vantagem competitiva. Elas não apenas reduzem afastamentos e melhoram indicadores de bem-estar, mas também constroem equipes mais coesas, engajadas e resilientes.

Em um mundo onde o capital humano é o maior ativo, entender as pessoas, em profundidade, é mais do que uma exigência legal. É uma estratégia de sobrevivência. E a única forma de impedir que a bomba-relógio da cultura organizacional um dia exploda.

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*Giselle Welter é doutora em Psicologia, CTO da RH99 e responsável técnica pela metodologia HumanGuide®️ no Brasil

 

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