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‘Rust out’: como identificar e combater o primo do burnout

Nova expressão designa um quadro de falta de estímulo cujos sintomas incluem apatia, procrastinação, falta de iniciativa e sensação de inutilidade.

Por Izabel Duva Rapoport
Atualizado em 18 ago 2025, 16h06 - Publicado em 14 ago 2025, 18h19
Representação feita de feltro nas cores verde e amarelo de um homem cansado dormindo na mesa.
 (Carol Yepes/Getty Images)
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Se o burnout surge do excesso de demandas, da sobrecarga e do estresse contínuo, o rust out é provocado pela falta de estímulo e de crescimento profissional, levando o funcionário a uma desmotivação profunda no trabalho. “É como se fosse um quadro de esgotamento por tédio. A pessoa com burnout está exausta por fazer demais, enquanto a pessoa com rust out está exausta por não fazer o suficiente”, explica Bianca Braga, coordenadora de Gente e Gestão na Dialog, plataforma de comunicação interna e engajamento.

A diferença também pode ser observada na origem das expressões, ambas da língua inglesa. Burn significa “queimar”, enquanto rust significa “ferrugem”. “No primeiro caso, o profissional é consumido pelo fogo do excesso; no segundo, ele é corroído pela ferrugem da estagnação”, afirma a psicóloga Cecília Araújo, gerente de desenvolvimento humano na consultoria Seja AP.

A distinção é vital para as organizações aprenderem a lidar com cada quadro. “Para tratar o burnout, focamos em gestão de carga e políticas de bem-estar” ,afirma Bianca. “Para o rust out, a ênfase é oferecer novos desafios, oportunidades de desenvolvimento e fortalecer o senso de propósito.”

Os sintomas do rust out

Apatia, procrastinação, queda de interesse, ausência de iniciativa e uma sensação constante de inutilidade. Esses sinais se instalam no cotidiano de forma gradual e podem passar despercebidos por gestores e colegas. “É quando a pessoa cumpre suas tarefas de forma mecânica, sem brilho nos olhos, sem se sentir parte de algo relevante”, afirma a psicóloga. “O RH deve ficar atento a funcionários que eram participativos e, agora, evitam projetos desafiadores ou contribuem menos em reuniões.”

Para Eduardo Freire, CEO da FWK Innovation Design, é preciso ter cuidado com as interpretações. Uma coisa é existir um desalinhamento crônico entre o colaborador e suas responsabilidades – ou seja, o trabalho estar aquém de sua capacidade, por exemplo, os objetivos não serem claros, e a rotina ser desinteressante. O cenário é outro quando se trata de uma fase pontual, de um conflito específico ou de uma questão clínica. “A avaliação cabe aos profissionais de saúde. Liderança observa e acolhe; mas o diagnóstico é clínico, não gerencial.”

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Os riscos de um ambiente de trabalho comprometido pelo rust out são consideráveis: o fenômeno pode afetar a performance e a cultura organizacional de forma significativa, segundo os especialistas. “Há uma inevitável queda na produtividade e na inovação”, argumenta Bianca. “Afinal, colaboradores desengajados e não desafiados deixam de contribuir com ideias e entregam menos, tanto em quantidade quanto em qualidade.”

Para a executiva, um risco ainda maior é o aumento do turnover, porque os talentos enferrujados podem buscar oportunidades em empresas que oferecem oportunidades de crescimento. O rust out pode, enfim, pode acarretar prejuízos financeiros às empresas, com os custos de desligamentos, novos processos seletivos e treinamentos. “Além disso, a reputação como empregadora pode ser afetada, afastando o interesse de futuros talentos.”

Combatendo o rust out

Se o intuito é prevenir o problema, as ações devem ser proativas. Ao desenhar o organograma, por exemplo, os gestores devem garantir que os cargos e as funções ofereçam variedade, complexidade e autonomia. “É importante permitir que os colaboradores utilizem suas diferentes habilidades e assumam novas responsabilidades no decorrer da jornada”, afirma a coordenadora da Dialog.

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Marcos Freitas, CEO da Seja AP, concorda: “A prevenção passa pela criação de uma cultura de alta performance, com metas claras, reconhecimento frequente e oportunidades de desenvolvimento. Já a resolução exige movimento”.

O primeiro passo, de acordo com a Bianca, seria a estruturação de um diálogo aberto e empático. “Tanto o RH quanto os gestores precisam criar um ambiente seguro, no qual o colaborador se sinta à vontade para expressar sua insatisfação sem receios”, aconselha, lembrando que a abordagem estratégica, seja para prevenir ou remediar situações de rust out, deve ser conjunta.

“[É preciso] redefinir funções, incluir o colaborador em projetos estratégicos e oferecer treinamentos que reativem seu interesse”, resume Marcos. “Afinal, ferrugem não se tira com paninho, mas com ação. É preciso recolocar a pessoa no jogo.”

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