O desafio de gestão de pessoas da fintech Next
Com diferentes experiências no mercado, este executivo tem o desafio de consolidar a gestão de pessoas do Next, o banco digital do Bradesco
A primeira vez que o soteropolitano Victor Queiroz viajou de avião foi no ano 2000, quando se mudava de Salvador (BA) para Campinas (SP), onde iniciaria seus estudos na Unicamp. “Não sabia nada da vida quando cheguei a São Paulo”, diz. Foi nas terras paulistas que a vida de Victor se transformou. Seu objetivo, na universidade, era se tornar engenheiro elétrico, mas ele nunca exerceu essa função. Sua carreira se direcionou para a área de engenharia de projetos e, por causa dessa experiência, acabou trabalhando com algo que nunca imaginou: recursos humanos.
A guinada para a gestão de pessoas se iniciou em 2008, quando Victor foi contratado pelo Bradesco por meio da Finasa, o braço de financiamento e crédito social da instituição. E as coisas já começaram com emoção. “No mês em que eu entrei no banco, estourou a crise do Lehman Brothers”, diz Victor. Seu objetivo, na época, era implementar um processo de transformação nos pilares de tecnologia, planejamento estratégico e pessoas. “Nem imaginava ser RH naquela época, mas tinha um desafio de engajamento”, diz.
Em 2011, veio o convite oficial para atuar em recursos humanos. Victor foi chamado para trabalhar na área de treinamento e desenvolvimento do banco e era sua responsabilidade reestruturar a universidade corporativa. “Foi um grande desafio, porque eu tinha de ouvir e mobilizar muitas pessoas”, explica. A experiência foi tão bem-sucedida que Victor cresceu na carreira de RH: atuou como business partner, gerente sênior e superintendente, até se tornar diretor em 2018. Em janeiro de 2020, surgiu mais uma proposta: a direção da área de pessoas do Next.
O desafio
Braço digital do Bradesco, a melhor palavra que define o Next é fintech. Os clientes fazem tudo pela internet e têm acesso gratuito a conta, transferências e cartão. O projeto foi lançado em 2017 e, em meados de 2019, a operação começou a se dissociar do Bradesco. A ideia é que o Next tenha uma estrutura independente — embora possa contar com o apoio de backoffice da instituição-mãe.
E, claro, para andar com as próprias pernas, a fintech precisa de alguém 100% focado em pessoas. Esse é o papel de Victor, que cuidará de 500 funcionários reunidos em um prédio em Pirituba, bairro da capital paulista a cerca de 10 quilômetros da sede do Bradesco. “Tenho esse perfil de implementar inovação, então fazia sentido eu vir para cá, ainda mais porque o banco estimula o crescimento interno dos profissionais”, diz Victor.
Seu desafio, além de estruturar a área de RH, é criar uma mentalidade de criatividade e inovação — sem deixar de lado a cultura estruturada do Bradesco. “É uma vantagem que temos em relação às outras fintechs: começamos do zero, mas nos servindo de outros serviços do banco”, diz Victor.
Especificamente no RH, o foco do executivo é construir políticas e práticas que alinhem a experiência do público interno à dos correntistas do Next. “O funcionário precisa se sentir tão bem tratado quanto os clientes.” E já há ações para isso, como extinção de dress code, bicicletário e sala de descompressão.