mundo está evoluindo e as relações de trabalho também. A pandemia acelerou o olhar para modelos de trabalho híbridos e 100% remotos. Também vimos o surgimento ou a potencialização de termos para explicar os movimentos do mercado e a oportunidade de trabalhar a qualquer hora e de qualquer lugar. São expressões como anywhere office, segurança psicológica, quiet quitting e quiet firing, por exemplo. Muitos profissionais começaram a trabalhar a partir de outros países, em horários assíncronos, em relação ao da empresa em que atuam à distância. Porém, de tudo o que tenho visto, gostaria de destacar os seguintes pontos:
1. Jornada de quatro dias
A mais recente discussão é com relação a jornada de trabalho de quatro dias por semana, como vem sendo testada na Europa. Na conversa com profissionais dessa região do mundo, a minha percepção é de que a experiência está sendo positiva. Muitos líderes relatam que a produtividade e o engajamento das pessoas aumentou. É interessante comprovar como os profissionais podem ser mais focados para poderem aproveitar adequadamente seus três dias de descanso.
2. Expediente compartilhado
Também tenho visto algumas companhias testando jornadas de meio período, muitas vezes, com a dinâmica de dois colaboradores se alternando no cargo, ao longo dos dias, para cumprir o expediente regular. Esse tipo de escala sempre foi muito comum entre os estagiários: um chegava cedo e entregava a função e as atividades a um outro que iniciava a jornada no início da tarde. Essa flexibilidade vem sendo testada em posições mais seniores das organizações. Algo que está sendo muito útil, por exemplo, para mães que querem ou precisam estar mais próximas dos filhos sem deixar de lado suas carreiras.
3. Trabalho temporário em posições mais seniores
Nesse mercado de trabalho mais aberto ao novo, os trabalhos temporários em formato de projetos, em cargos de média e alta gestão, têm atraído muito a atenção dos profissionais. São trabalhos com clara definição de início, término e objetivo. Com organização, o profissional pode aproveitar o período para ganhar experiência, fortalecer o networking, ampliar suas reservas financeiras e usufruir de uns dias ou meses de descanso, de estudo ou dedicação a outras ações até o início do próximo projeto.
Esse tipo de opção de trabalho pode ser muito interessante para quem quer trabalhar durante uma parte do ano e estudar ou viajar em outra. É uma flexibilização nas relações de trabalho que pode ser benéfica para todos os lados: a empresa só mantém no quadro permanente os colaboradores de que realmente precisa, enquanto o profissional especializado entra para contribuir com sua expertise e é bem remunerado por isso. A nossa legislação, inclusive, está mais aberta, segura e adequada para modelos de trabalho temporários e terceirizados.
4. Quebra de barreiras geográficas
Hoje em dia, também, as barreiras geográficas deixaram de existir. Isso quer dizer que você não precisa mais se limitar a buscar trabalho somente na cidade ou estado em que reside. Com a consolidação do trabalho à distância, é possível trabalhar para empresas de exatamente qualquer lugar do mundo, sem precisar mudar de casa. As relações estão expandidas. Nesse sentido, também se tornou mais possível aprimorar conhecimentos e habilidades nas melhores instituições de ensino do mundo pelo modelo à distância.
Minha sugestão aos profissionais e às organizações
O final do ano é sempre um período apropriado para ampliar reflexões e recalcular rotas. Então, aos profissionais, eu recomendo uma pausa para entender melhor onde está e para onde deseja ir. Qual é o seu plano de carreira? Qual é o formato de trabalho que faz mais sentido para o seu momento de vida? Em quais condições você é mais produtivo? Com relação às suas habilidades comportamentais e técnicas, quais são os seus diferenciais em relação a outros profissionais?
Às empresas, sugiro considerarem se abrirem mais para novos modelos de trabalho, testarem diferentes opções. Se a comunicação com a equipe for honesta e clara, sempre será possível voltar atrás diante de uma decisão que não gerou o resultado esperado. E, ao meu ver, é o departamento de recursos humanos que deve fomentar e liderar essa iniciativa, apresentando ideias inovadoras, apresentando benchmarks e mensurando os resultados das propostas.
Desejo que em 2023 as lideranças possam ser mais abertas a tudo isso. Que líderes e alta gestão tenham um olhar mais inovador para os modelos de trabalho, visando extrair o melhor de cada membro da equipe, em um cenário em que os colaboradores estão mais exigentes e com maiores expectativas na relação com o empregador. Humanização e personalização têm sido importantes em todas as esferas, incluindo o dia a dia organizacional.
Acredito que ainda estamos longe de termos um modelo de trabalho que agrade a todos, porque as pessoas têm necessidades e expectativas particulares. Algumas produzem melhor de manhã e outras à noite. Há quem prefira estar no escritório e quem produza melhor estando cada dia em uma praia diferente. Felizmente, temos a tecnologia necessária para, nas funções elegíveis ao home office, termos todos os formatos de trabalho visando tirar o melhor de cada um no dia a dia.
Faltam, agora, lideranças com coragem e disposição para endossar essas ideias e tentar fazer diferente. Só assim será possível atrair e reter de verdade os melhores talentos.
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