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Isis Borge

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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group
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Chegou a hora: as empresas precisam decidir seu modelo de trabalho

70% dos trabalhadores acreditam que o regime híbrido maximiza produtividade e eficiência, enquanto menos de 5% creem que o presencial seja a melhor opção.

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 3 out 2023, 14h13 - Publicado em 2 out 2023, 17h49
Profissional trabalhando diante do computador
 (divulgação/Divulgação)
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Tenho sido muito questionada sobre o tema que está no título desse texto. Em geral, as dúvidas vêm de gestores ou líderes de negócio que estão pensando em qual modelo de trabalho adotar. Ainda há muita reflexão sobre os prós e os contras de cada opção. Por isso, aproveito o espaço da coluna para contar um pouco o que tenho visto no mercado.

Existem empresas que já decidiram continuar operando de maneira 100% remota por estarem experimentando o benefício de terem colaboradores trabalhando de maneira produtiva em qualquer localidade. Alguns profissionais têm atuado até mesmo em outros países, ou seja, com fusos diferentes. Enquanto isso, a companhia pode otimizar seus investimentos ao não precisar investir na manutenção de escritórios físicos.

Entendo que ainda existe um estigma no mercado afirmando que é mais difícil disseminar a cultura corporativa em empresas que estão 100% remotas. Mas eu não vejo dessa forma. Conversando com companhias que optaram por esse modelo de trabalho, noto que, na maioria delas, a cultura está bem definida. Muitos líderes têm conseguido repassar e manter a missão, a visão e os valores do negócio no dia a dia da operação.

Nesse cenário, a grande questão é que profissionais seguem almejando trabalhar de maneira 100% remota. Já ouvi relatos de alguns dispostos a recusar propostas que exijam trabalho presencial. No entanto, atualmente, não são tantas empresas que permanecem com operação 100% remota. Estimo que menos de 10% das organizações do mercado seguem nesse modelo.

Algumas empresas têm optado por um modelo flexível. Nelas, os escritórios são mantidos como um apoio para os colaboradores que preferem trabalhar no ambiente da empresa, mas há total liberdade quanto a essa escolha. Não existe uma regra específica quanto à frequência de dias trabalhados no escritório. Vai quem quer, quando desejar e a empresa está bem com isso. Em alguns momentos, essas companhias organizam encontros nos escritórios para um treinamento presencial ou para a discussão de temas específicos.

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O formato híbrido, por sua vez, tem sido praticado pela maior parte das empresas. Nessas companhias, em geral, existe o entendimento de que as pessoas aprenderam a ser produtivas trabalhando à distância. Mas há o desejo das companhias de resgatar os benefícios do convívio entre os membros do time no ambiente corporativo. O que eu mais tenho visto são modelos de três dias no escritório e dois em casa, ou vice-versa. Raros são os casos de empresas em formato híbrido que pedem apenas um dia presencial. Acredito que esse deva ser o formato predominante no futuro, pois permite um bom balanço entre as atividades profissionais e pessoais, dando qualidade de vida às pessoas, enquanto minimiza os desafios por parte da empresa na missão de engajar as pessoas.

O formato 100% presencial tem sido adotado prioritariamente por empresas cuja atividade principal exige a presença do profissional na companhia. Essa situação é comum em áreas fabris, grandes varejistas, serviços logísticos e áreas médicas, por exemplo. Mas também há as empresas que acreditam no trabalho presencial por uma questão de cultura mais conservadora de líderes, alta direção e acionistas. É importante eu destacar, porém, que tenho visto muitas organizações que estavam em formato 100% remoto ou híbrido, anunciando o retorno aos escritórios.

Estamos em um momento de ajuste

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Sei que o retorno ao escritório não é uma decisão muito bem aceita pelos colaboradores. Mas é fato que, a cada dia, mais e mais empresas estão retornando ao modelo presencial. Nesse movimento, algumas pessoas estão pedindo demissão em busca de oportunidades com mais flexibilidade no modelo de trabalho. Esse pedido tem partido, principalmente, daquelas que mudaram para longe da companhia ou que foram contratadas mesmo morando bem distante do trabalho. Estamos, nitidamente, em um momento de ajuste e tenho visto alguns gestores acatando o pedido de demissão por preferirem ter profissionais presencialmente, ainda que seja apenas em alguns momentos.

Do lado dos colaboradores, mais de 70% dos trabalhadores acreditam que o regime híbrido é aquele que maximiza produtividade e eficiência, enquanto menos de 5% dos profissionais acreditam que o modelo presencial seja a melhor alternativa. Os dados são de uma pesquisa feita pelo Talenses Group, em parceria com a Fundação Dom Cabral. No estudo, os entrevistados destacaram que o trabalho à distância ou híbrido tem como pontos positivos a possibilidade de passar mais tempo com a família, menos tempo gasto no deslocamento entre casa e trabalho e a possibilidade de se dedicar mais a projetos pessoais. Vejo que a flexibilidade é fator marcante no trabalho à distância, aparentando ser o que melhor explica a preferência pelo home office.

Se eu fosse resumir o movimento de mercado, eu diria que os líderes têm considerado o retorno ao presencial, ainda que seja no formato híbrido. E esses gestores estão conscientes de que perderão um percentual de colaboradores com essa polêmica decisão. Já os candidatos, ao serem abordados para uma nova oportunidade, seguem perguntando, de imediato, qual é o formato de trabalho da posição antes de decidirem se querem ou não participar daquele processo.

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Em geral, os retornos têm sido escalonados: primeiro a alta gestão, depois a liderança média e, na sequência, as equipes. Mas o movimento está acontecendo. Então, mais do que nunca, minha recomendação é que colaboradores e empregadores tomem decisões de maneira estratégica, pensando no médio e longo prazo da carreira ou do negócio. Decisões tomadas por impulso nunca são boas conselheiras.

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