É fato que o mercado está voltando a contratar. Alguns setores encontram-se, inclusive, muito aquecidos. A sensação é que, nesse início de ano, as empresas querem contratar todo o volume que não foi contratado em 2020. Se por um lado temos vagas surgindo, vemos também uma demora maior na tomada de decisão por parte das empresas. Noto que isso tem acontecido, especialmente, pela inclusão de mais etapas e decisores nos processos seletivos.
Em alguns casos, infelizmente, noto que os empregadores pecam pela morosidade. Mas, em geral, o cenário é de empresas bem mais criteriosas na tomada de decisão e precisam de uma boa amostragem de candidatos para decidir qual eleger ao cargo. Enquanto isso, na outra ponta do processo estão os candidatos, que sofrem para segurar a ansiedade e, muitas vezes, ficam perdidos sem saber qual é a linha entre parecer invasivo ou desinteressado.
Pensando nisso, eu separei algumas dicas considerando quatro momentos diferentes para que você tente equilibrar os ânimos durante o processo seletivo:
No início do processo
Assim que tiver uma oportunidade, pergunte o que motivou a abertura da vaga. É uma vaga nova ou uma substituição de alguém que está na empresa ou um profissional pediu demissão? Também pode acontecer de alguém estar sobrecarregado com o acúmulo dessa função? As respostas a essas perguntas te darão uma noção da urgência da empresa para concluir o processo.
Quando se trata de uma substituição de alguém que ainda está na cadeira, a seleção tende a demorar mais. Em vagas novas, às vezes, a empresa ainda não tem uma real clareza do perfil desejado, o que pode atrasar a tomada de decisão. Geralmente, as vagas mais rápidas são aquelas em que a empresa precisa preencher uma cadeira que está vaga ou nos casos de sobrecarga da equipe.
Existem, ainda, situações em que a empresa inicia o processo seletivo mesmo sem a vaga aprovada o que pode atrasar a conclusão do processo seletivo. Aproveite o momento para questionar o recrutador sobre o número de etapas previstas e a urgência do fechamento da vaga. Essa informação vai te ajudar a alinhar as suas expectativas.
Após a primeira entrevista
Combine a regra do jogo de comunicação com quem estiver coordenando o processo seletivo. Nesse caso, pode ser um recrutador externo (headhunter) ou um profissional da área interna de RH. Questione de que forma essa pessoa prefere ser contatada. Por e-mail, Whatsapp ou algum outro canal específico?
Após cada etapa
Se você sentir abertura, pergunte em quanto tempo eles estimam ter a resposta daquela etapa específica. Assim, você não correrá o risco de cobrar o RH ou o recrutador em um momento inapropriado. Na maior parte das vezes, as empresa são abertas a dar uma ideia do cronograma macro do processo.
Se o prazo vencer e você não tiver um retorno
Com gentileza e bom senso, peça um retorno pelo meio previamente acordado. Mas tenha muito cuidado no tom dessa mensagem. Ela precisa ser breve e sutil, demonstrando interesse na posição, mas não pressão por um retorno imediato. A pior coisa que você pode fazer é se posicionar com um tom rude, já presumindo que o processo foi encerrado ou reclamando da demora. Se não tiver sido combinada uma data ideal de devolutiva, eu geralmente recomendo que o candidato envie uma mensagem após duas semanas da entrevista. Mas – novamente – é importante que seja uma mensagem curta, objetiva e amigável.
Seja transparente
Avise o recrutador caso você esteja participando de outros processos seletivos. Nessa conversa, é provável que ele te questione como está o andamento do recrutamento em questão. Só tenha cuidado para que esse comunicado tenha um tom de informação e não de ameaça. Aliás, para candidatos que participam de mais de um processo ao mesmo tempo, sempre recomendo fazer constantes avaliações sobre prioridades, preferências, prós e contras, considerando as opções. Isso ajuda muito na hora de tomar a melhor decisão.
Fora isso, é normal ter ansiedade para saber o andamento do processo seletivo. Mas também é importante dizer que as empresas levam algum tempo para fazer alinhamentos internos. Quanto mais próxima do topo da pirâmide a vaga estiver, mais morosa será a tomada de decisão. Então, não adianta ficar sofrendo.
É sempre difícil estimar o tempo dos processos. Alguns são resolvidos em menos de um mês. Mas já coordenei processos de diretoria mais longos que levaram entre seis meses e um ano para serem concluídos. Principalmente em posições mais estratégicas, as decisões não costumam ser rápidas, é uma decisão de investimento por parte da empresa e há muito o que se perder diante de uma contratação equivocada.
Durante uma entrevista, lembre-se de que, na outra ponta do processo, existem pessoas querendo fechar a vaga com o melhor candidato. Para estar entre os eleitos, você precisa, além de qualificações técnicas e comportamentais adequadas, demonstrar interesse na oportunidade sem ser sufocante. Do contrário, corre o risco de transmitir um grau de ansiedade acima do normal para a empresa contratante. Tenha a certeza de que o recrutador estará do seu lado. Mas ele depende do retorno de uma série de pessoas para posicionar os candidatos da maneira mais adequada.
De forma geral, ative o seu networking para conseguir ser envolvido em mais de um processo seletivo, para se recolocar ou fazer uma movimentação na carreira. Siga conforme o fluxo de cada empresa, com paciência e disponibilidade. E se no final acabar não dando certo, avalie o seu desempenho para ver se tem algo que você possa melhorar e siga de cabeça erguida para o próximo processo, faz parte do jogo. Outras portas se abrirão com novas possibilidades.