O que Van Gogh pode ensinar sobre o encontro com sua vocação
... e um exercício que pode inspirá-lo a descobrir a carreira dos sonhos.
Muitas pessoas tendem a acreditar que todos nascem com uma vocação na vida e que esse chamado se apresentará durante um lampejo de inspiração. Então, de uma hora para outra, elas saberão qual caminho seguir na carreira. Mas o que tenho aprendido nas experiências e nos conteúdos da The School of Life é que apenas uma pequena parcela de profissionais recebe essa iluminação.
Em geral, a descoberta da vocação é resultado de um longo e complexo processo de autoconhecimento, tentativas, erros e acertos. Ainda nessa dinâmica, o mais comum é que alguém desenvolva a própria vocação em vez de simplesmente encontrá-la. A história tem diversos casos de personalidades brilhantes, muito admiradas, que atravessaram esse processo de autodescoberta antes de ganharem notoriedade mundial.
O pintor Vincent Van Gogh é um desses exemplos. Ele iniciou carreira como negociante de arte. Depois, experimentou lecionar. Trabalhou, então, como livreiro e, por um período, foi pregador evangélico nas minas de carvão belgas. Finalmente, com mais de 20 anos de idade, descobriu a pintura. Note que, em vez de esperar por um momento iluminado, ele foi experimental com a própria carreira enquanto buscava promover o encontro entre seus valores e seus talentos.
Um anúncio de emprego às avessas
Entendo o quanto pode ser difícil descobrir uma carreira significativa. Então, gostaria de te convidar a ampliar a reflexão sobre o tema por meio do exercício “anúncio de emprego”. A ideia é que você escreva uma mensagem – no papel, computador ou celular – dizendo quem é e com o que se importa na vida. Quais são suas paixões? No tempo livre, qual atividade você pratica com prazer? Em quais causas globais acredita? Quais são suas qualidades como ser humano?
Escreva tudo o que é importante para você. Mas não mencione qualquer cargo que gostaria de ocupar. Depois, envie esse “anúncio” para algumas pessoas da sua confiança. Peça para que elas leiam e façam sugestões de duas ou três carreiras que possam estar alinhadas a algo ou tudo que você escreveu.
Acredite, você vai se surpreender com o que receber. Talvez, você nem escolha uma das profissões sugeridas, mas, certamente, inspiração não vai faltar para ampliar as possibilidades de busca. E se, nessa jornada, bater uma inquietação, chame o sentimento para conversar, em vez de mandá-lo embora.
Afinal, como diz o fundador da The School of Life, o filósofo suíço Alain de Botton, “a ansiedade sobre a carreira é nosso talento latente rugindo em nossos pensamentos, desesperado para não morrer inutilizado”.