Saiba o que é a Síndrome da Decisão Pendente
Liderança em risco: aprenda a evitar um excesso de indecisão, que acaba prejudicando sua performance como gestor.

Temos enfrentado tempos de urgência e, ao mesmo tempo, de busca por sabedoria. De um lado, as lideranças são exigidas por agilidade e, do outro, também por decisões embasadas e conscientes. Nesse cenário, o paradoxo da decisão se revela como um dos maiores desafios do mundo corporativo: a tensão entre a paralisia e a impulsividade.
Vamos, então, abordar o que chamo de “Síndrome da Decisão Pendente”. Essa é a paralisia que atinge líderes que procrastinam a tomada de decisões difíceis. Aquele gestor ou gestora que adia uma conversa de feedback crucial, que posterga a reestruturação de uma área ou que evita um posicionamento claro sobre um projeto controverso.
O motivo? O medo. Medo de errar, de desagradar o time, de perder popularidade ou de não ter todos os dados em mãos. Como consequência, a ausência de uma decisão se torna a pior delas: a equipe fica em um limbo, a confiança na liderança estremece e a sensação de estagnação se instala.
Mas, como em todo paradoxo, existe o outro lado da moeda. A pressão por agilidade e a “ditadura da inovação” podem levar à impulsividade. São as decisões tomadas de forma rápida demais, sem o tempo necessário para maturar cenários, ouvir perspectivas diversas ou, simplesmente, para confiar no processo. Líderes que agem sob essa pressão correm o risco de ignorar a “sabedoria construída com o tempo”, optando por modismos em vez de soluções robustas.
O resultado? Decisões frágeis, sem consistência, que geram retrabalho e desalinhamento estratégico.
A palavra-chave é intencionalidade
A questão, portanto, não é ser rápido ou lento. É ser intencional. A verdadeira liderança não se mede pela velocidade da decisão, mas pela sua qualidade e pelo processo que a sustenta. Uma liderança consciente entende que o medo de errar paralisa, mas que a ausência de um processo reflexivo leva a erros ainda maiores.
Como podemos, então, nos mover com sabedoria? Líderes devem criar um ambiente de segurança psicológica no qual a decisão seja vista como um processo de aprendizado, e não como uma aposta de tudo ou nada.
Além disso, precisamos reencontrar o equilíbrio: nem toda decisão exige urgência. E aí entra o senso crítico de priorizar e separar os “problemões” dos “probleminhas”. Algumas situações precisam de tempo para que o problema seja compreendido em profundidade, para que as hipóteses sejam testadas e para que a melhor solução se revele.
No fim das contas, a decisão é o movimento mais concreto de uma liderança. A paralisia e a impulsividade são apenas dois lados da mesma moeda, ambos alimentados pelo medo e pela falta de intencionalidade. Liderar não é ter a resposta certa, mas, sim, a coragem de decidir com sabedoria, movendo-se com intenção, e não com medo.