5 práticas da Comunicação Não Violenta no ambiente de trabalho
Estudo da USP aponta redução de 30% nos conflitos internos em empresas que aplicam a CNV para tornar diálogos mais construtivos e colaborativos.

As organizações que aplicam os princípios da Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvidos pelo psicólogo americano Marshall Bertram Rosenberg, registraram redução de 30% nos conflitos internos, melhoria de 25% no clima organizacional e aumento de 15% na motivação dos colaboradores. Segundo especialistas do Instituto CNV Brasil, os números – fruto de um estudo da USP publicado na Revista de Administração Contemporânea da UFF – refletem não apenas a eficácia de técnicas de escuta e empatia, mas também o impacto positivo de uma cultura empresarial baseada no diálogo construtivo.
Para Liliane Lima Sant’Anna, facilitadora do Instituto CNV Brasil, os dados comprovam a relevância de tratar desavenças de maneira estratégica. “Conflitos não precisam ser encarados como barreiras, mas como sinais de que há algo a ser cuidado”.
A seguir, a especialista em CNV destaca cinco táticas para incluir o método no dia a dia corporativo:
1 – Saia do jogo “eu X você” e jogue “eu e você X o problema”
Parece simples, mas na maioria das vezes que nos encontramos em discordância com alguém, entramos no jogo do “eu X você”. Porém, o primeiro passo para resolver um conflito é tão simples quanto deixar de lado a mentalidade de confronto. Em vez de enxergar a outra pessoa como um obstáculo, procure compreender o que poderia unir vocês para enfrentar o problema juntos. Em uma reunião, quando alguém contradiz seu ponto de vista, evite entrar no cabo de guerra afirmando que está certo e o outro errado. Escute com curiosidade o que leva a pessoa a pensar assim e compartilhe suas preocupações em relação a essa escolha de forma firme, sem transformar a discordância em ataque pessoal.
2 – Escute para compreender antes de provar seu ponto
Muitas vezes estamos tão focados em convencer o outro de que estamos certos que esquecemos de ouvir. Conflitos se perpetuam porque cada parte acredita que não é compreendida. A CNV ajuda a escutar com atenção, afastando julgamentos e abrindo espaço para empatia. Se um colega liga informando que vai mudar o prazo de uma entrega, evite rebater imediatamente. Procure entender o que motivou a mudança e quais podem ser as necessidades por trás dessa decisão. Essa escuta transforma o diálogo e ajuda a abrir espaço para que você conte de maneira firme os impactos dessa modificação e convide a outra pessoa a criarem um caminho de solução.
3 – Pergunte: “Do que queremos cuidar?”
Em vez de se perder em acusações, concentre-se no que é importante para cada um. Perguntar a si mesmo quais são suas necessidades e quais são as da outra pessoa ajuda a centrar a conversa e abre caminho para soluções criativas. Se você precisa de um documento completo e recebe informações incompletas, evite rotular o colega pensando ou dizendo algo como “ele nunca faz as coisas direito”, “desleixado”, “se eu não pedir, ele não manda”. Procure entender o que tem impedido o envio completo e também trazer transparência para o que você precisa. Fazer isso não significa deixar de mostrar de maneira firme os impactos e a importância de receber as informações completas e no prazo, mas pode te abrir novas possibilidades de como cuidar do que precisa considerando as dificuldades que podem estar acontecendo com a outra pessoa.
4 – Seja firme com o problema e suave com a pessoa
A comunicação pode carregar a energia para solucionar o obstáculo e ao mesmo tempo cuidar da pessoa. Confundir o problema com o indivíduo é o principal motivo de conflitos escalarem. Se uma regra da organização foi descumprida, não ignore a questão nem use uma abordagem que induza culpa ou medo. Uma conversa firme, que traga atenção aos impactos da situação e respeite simultaneamente a pessoa e suas necessidades, é a maneira mais eficaz de lidar com conflitos sem gerar ressentimento.
5 – Pause a conversa para regular suas emoções
Parar por alguns momentos é um recurso poderoso e muitas vezes esquecido. Uma pausa permite reconectar-se consigo mesmo antes de continuar a conversa. É possível fazer isso de forma respeitosa, informando que precisa de tempo para processar a conversa ou que precisa de mais informações antes de compartilhar suas preocupações. Esse simples gesto ajuda a manter o diálogo produtivo e evita que emoções momentâneas prejudiquem a solução do conflito.
Liliane reforça ainda que o mais importante é lembrar que cada conversa difícil é uma oportunidade de conhecer e se conectar com a outra pessoa. “Pequenos gestos de atenção e compreensão podem transformar totalmente o clima de uma equipe.