Competências valem mais que currículo, confirma estudo
Levantamento feito com 400 líderes de empresas aponta que RHs e CEOs devem reavaliar estratégias de recrutamento, gestão e desenvolvimento de talento.

Esqueça aquela fórmula antiga de “estudar, se formar e subir na empresa”. O mercado de trabalho brasileiro está apostando cada vez mais em competências do que em cargos ou diplomas. É o que mostra o estudo Mind the Soft Gap, da consultoria de aprendizagem corporativa Afferolab, feito com mais de 400 líderes de empresas e com base em dados da RAIS dos últimos cinco anos.
O modelo tradicional está dando lugar a uma lógica skill-based, na qual o comportamento, a capacidade de aprendizagem contínua e a aplicação prática das competências ganham protagonismo.
A pesquisa mostra que o Brasil está formando uma nova classe técnica em setores de média e alta intensidade tecnológica. O crescimento de vínculos empregatícios em cargos técnicos e de liderança nesses segmentos é expressivo, sinalizando que o upskilling – atualização contínua de competências – tornou-se um imperativo econômico.
Empresas como Google, IBM e PwC já adotam práticas skill-based, com foco em certificações práticas, marketplaces internos de talentos e trilhas personalizadas de aprendizagem. No Brasil, os dados apontam também para o aumento de jovens em cargos de liderança e a valorização de profissionais com alta escolaridade, especialmente nos setores mais tecnológicos.
A lógica do trabalho mudou: em vez de cargos fixos, times multidisciplinares; em vez de diplomas, entrega real de valor. RHs e CEOs devem reavaliar estratégias de recrutamento, gestão e desenvolvimento de talentos. Liderar essa transição significa investir em programas de aprendizagem ágil, identificar as competências do futuro e promover estruturas mais flexíveis, inclusivas e preparadas para a complexidade digital.
“Essa mudança reflete um contexto global, com repercussões locais, no qual o comportamento ganha centralidade”, explica Alessandra Lotufo, sócia da Afferolab. “O modelo de progressão profissional do século 20 cede espaço a uma realidade moldada pelo avanço tecnológico e pela cultura digital do 21, tornando a projeção da imagem pública um novo parâmetro de sucesso.”