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“Passou da idade”: homem que sofreu etarismo recebe milhares de mensagens

Após viralizar com postagem no LinkedIn, Carlos recebeu apoio em massa e algumas propostas de emprego, mas a recolocação ainda não veio

Por Letícia Furlan
Atualizado em 23 out 2024, 17h11 - Publicado em 6 set 2022, 16h03
Homem digita ao teclado de um notebook
 (Burst/Unsplash/Divulgação)
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os 45 anos, Carlos Augusto Luchetti Junior se candidatou a uma vaga de auxiliar de estoque em uma empresa da Grande Florianópolis, Santa Catarina, no último dia 30 de agosto. No dia seguinte, recebeu um feedback sinalizando que ele não se encaixava na vaga por causa da idade. “Cancelaaaaaaaa, passou da idade kkk” [sic], escreveu a equipe de recrutamento como resposta ao currículo de Carlos. 

No início de setembro, o profissional, que é técnico em logística e segurança do trabalho, falou sobre o ocorrido em seu perfil pessoal no LinkedIn. A postagem passou de 13 mil curtidas, 3 mil comentários e 300 compartilhamentos, mostrando que o etarismo — preconceito ligado à idade — persiste e não é um problema incomum.

“Estou recebendo também muitas mensagens no privado de pessoas mais velhas agradecendo a postagem e me apoiando, dizendo que vai dar tudo certo”, diz. “Muitas pessoas que estão nessa mesma situação me escreveram; até uma menina com autismo. Foi quando vi que o meu problema é um grão de areia nessa imensidão. Tem gente sofrendo muito mais, e eu dei voz para isso.”

Em entrevista a VOCÊ RH, ele conta que nunca havia sofrido discriminação etária antes, mas que sabia que o preconceito existe de uma forma velada. “A gente fica triste. Sei que a idade está batendo e que existe essa discriminação, e tenho medo de ficar desempregado”, afirma. 

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Após a postagem, a empresa de recrutamento e seleção entrou em contato com Carlos. “A dona se desculpou comigo em uma videochamada, e inclusive disse que poderia encontrar alguma vaga para mim. Mas aí não haveria mais clima, eu acho”, explica o profissional, que diz não querer “favor” de ninguém, mas sim conquistar um novo emprego “com as próprias pernas”. 

Em nota de esclarecimento, a empresa de RH afirma que “a linguagem foi totalmente inapropriada e equivocada e o termo ‘cancela’ era tão somente para sinalizar um equívoco de agendamento da entrevista com o candidato, uma vez que seu perfil era acima do desejado para a vaga que demandava um perfil júnior”. Carlos, no entanto, diz não ter visto limite de idade na divulgação da vaga.

Desempregado há um mês, o profissional conta que seu último trabalho foi em uma empresa de locação de guindastes, em que permaneceu por 11 meses cuidando do almoxarifado e das compras. Depois da repercussão no LinkedIn, ele diz estar recebendo muito apoio, inclusive de algumas empresas. “Três ou quatro entraram em contato — enviei currículo para uma delas. O problema é que muitas empresas não são da região”, explica Carlos, que é natural de São Paulo mas mora em Palhoça, na Grande Florianópolis, há nove anos. Apesar do apoio, a recolocação ainda não veio. 

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A princípio, Carlos queria apenas chamar a atenção da empresa, já que não havia recebido um pedido de desculpas pela forma com que o RH respondeu à candidatura. Mas ele acabou dando destaque a um tema importante e encontrando muitos outros profissionais que também já sofreram com o etarismo.

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