Profissionais negras recebem 63% menos do que mulheres brancas
Pesquisa da Diversitera também mostrou que 28% das pessoas pretas e pardas afirmam que já enfrentaram episódios de preconceito racial.
Quase 25% dos profissionais inseridos no mercado de trabalho formal são mulheres pretas e pardas. Ainda assim, elas encontram uma série de obstáculos para prosperar no mundo corporativo. É o que conclui um estudo da Diversitera, que expõe assimetrias entre as condições de trabalho da população negra e da população branca.
A renda média dos profissionais negros é 43% menor do que a renda dos brancos. A discrepância é ainda maior quando analisamos especificamente a remuneração das mulheres: as negras recebem, em média, 63% menos do que as brancas.
De acordo com o relatório, os números evidenciam uma discriminação sistêmica: mesmo ocupando funções iguais ou mais elevadas na pirâmide hierárquica das empresas, as mulheres pretas e pardas continuam desvalorizadas.
“Observar renda e remuneração é um ótimo caminho para compreender o que é o racismo estrutural e como ele opera no Brasil”, afirma Tamiris Hilário, especialista em questões étnico-raciais da Diversitera. “[O racismo está menos relacionado a] episódios individuais e cotidianos de preconceito, e mais [àquilo] que impactou e ainda impacta gerações de determinado grupo étnico-racial.”
Por isso, falar sobre dinheiro seria fundamental: “É preciso lembrar sempre que o colonialismo e o escravismo se sustentaram a partir da exploração econômica dos recursos do nosso país por meio de pessoas negras e indígenas”, argumenta Tamiris. “As consequências disso persistem até os dias atuais.”
Um espaço hostil
Além da disparidade na renda, o estudo revelou a presença de riscos psicossociais para pretos e pardos no ambiente de trabalho. A pesquisa mostra, por exemplo, que 28% das pessoas negras afirmam que já enfrentaram episódios de preconceito racial. Além disso, 9% afirmam terem sido vítimas de racismo explícito durante o exercício profissional.
25% das mulheres negras e 21% das pardas afirmam que já sofreram com microagressões no cotidiano de trabalho — ou seja, piadas, apelidos e comentários inapropriados. Enquanto isso, 17% das pretas e 11% das pardas afirmam que já testemunharam ou sofreram situações de preconceito explícito.
“É estratégico e ético acionarmos um olhar mais alargado sobre a realidade social do nosso país, que está repleta de desigualdades”, defende Tamiris. “Se o maior grupo populacional hoje é negro e feminino, é coerente garantir que ele não fique aprisionado ou estagnado na base da pirâmide e que, ao contrário disso, tenha mais possibilidades de mobilidade social e de vida digna de forma proporcional às estatísticas.”
Para acessar o panorama da população negra no mercado de trabalho, realizado pela Diversitera, clique aqui.
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