Modelo híbrido coloca escritórios em xeque, e empresas remodelam espaços
Companhias investem em ambientes atraentes, acolhedores e fomentadores de interações mais significativas e produtivas entre funcionários

pós mais de dois anos administrando pelo menos parte da equipe em home office — e diante de uma drástica mudança de rotina e propósito dos profissionais —, empresas passaram a investir em ambientes modernos, mais acolhedores e capazes de manter vivas a cultura e a interação entre colegas de trabalho. A ideia é fazer com que os funcionários encontrem sentido para voltar ao escritório, seja para reuniões pontuais, seja para trabalhar presencialmente alguns dias por semana, mas agora em um local repaginado e convidativo.
Além de promover o aumento da produtividade, o trabalho remoto permite a economia de tempo e de combustível com deslocamentos, além da adoção de uma alimentação com mais qualidade (veja no quadro), segundo o estudo Futuro do Trabalho: Espaços Resilientes, Seguros e Colaborativos, produzido pela International Data Corporation e encomendado pelo Google. Frente a tantos benefícios, as empresas se deparam agora com uma questão: como construir escritórios que consigam competir de igual para igual com o home office?
“Se tivermos um ambiente e um clima que compensem essa sensação de que a volta ao presencial é negativa, a chance de todos rapidamente perceberem os aspectos positivos da convivência profissional aumenta consideravelmente”, afirma Caroline Cadorin, diretora especializada no recrutamento de profissionais de tecnologia do Talenses Group. Além disso, o local precisa se mostrar seguro. “Não podemos esquecer que temos ainda muitas pessoas receosas com a retomada dessa rotina, por causa da covid-19”, afirma Caroline.
Para a especialista, o novo escritório precisa ser um ambiente mais prazeroso do que o antigo, onde todos desejem estar. O que não significa, necessariamente, trazer ares recreativos ao lugar. “Momentos de descompressão ao longo da rotina de trabalho e áreas reservadas para isso são iniciativas importantes, mas não são a principal demanda dos funcionários, que muitas vezes preferem ser eficientes no ambiente de trabalho para deslocar seu lazer para outros ambientes”, diz Leonardo Berto, gerente de operação da consultoria Robert Half. Uma cultura organizacional saudável praticada em todos os níveis hierárquicos da empresa, desde a diretoria até os funcionários operacionais, traz efeitos muito mais diretos para a motivação do empregado do que simplesmente dispor de mesas de sinuca, por exemplo.
Atuação descentralizada
Para se adequar à nova realidade, as empresas têm se baseado em pesquisas internas para entender as necessidades das pessoas e do negócio para definir as adaptações do espaço físico. “Para funções que podem ser realizadas de forma individual e independente, percebemos que as pessoas têm preferido manter, predominantemente, a realização da atividade de forma remota”, afirma Josilda Saad, gerente executiva de gestão de transformação da Vale.
Antes mesmo da pandemia, a empresa já apostava no modelo de múltiplos escritórios em diferentes localidades, para atender funcionários que moram longe da sede. Foi assim que, ainda no início de 2020, ela criou o conceito de hubs espalhados pelo país, que são espaços próximos às unidades operacionais da companhia. No Brasil, são 15 escritórios nesse modelo, em estados como Minas Gerais, Espírito Santo, Maranhão e Pará. Nos hubs, as mesas são dispostas com maior espaçamento entre si. “Quebramos, juntos, paradigmas comuns de qualquer empresa convencional, porque permitimos que o empregado alterne entre o trabalho remoto e os encontros presenciais nos hubs, que são ambientes pensados para estimular o engajamento, a interação, a colaboração e o aprendizado em conjunto”, afirma Josilda, que notou um aumento gradual do uso dos espaços, principalmente para atividades em equipe.
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Este trecho faz parte de uma reportagem da edição 80 (junho/junho) de VOCÊ RH. Clique aqui para se tornar nosso assinante