urus da saúde dizem que sentar é o novo fumar. Mas a comparação é um tanto injusta, pelo menos do ponto de vista da gravidade dos danos ao corpo. O tabagismo aumenta em 180% o risco de morte prematura por qualquer causa — com a inatividade, o agravamento é de 20%. Sem contar que o cigarro prejudica também outras pessoas: os fumantes passivos.
Mas o avanço do sedentarismo e os prejuízos associados a ele preocupam. E o assunto ganha cada vez mais espaço na pauta corporativa, assumindo posição central nas ações de bem-estar e de prevenção de doenças crônicas, como a ocupada pelo cigarro décadas atrás. Significa que pagar vale-academia sem incentivar a adesão regular, organizar uma corrida anualmente ou fazer a “semana do bem-estar” não basta. As práticas precisam ganhar consistência e constância. E, a julgar pelos dados trazidos pelas últimas pesquisas, há muito a ser feito.
É fato que o isolamento social e a adoção do home office em larga escala contribuíram para o aumento do sedentarismo. A expectativa era de que, com o afrouxamento das medidas de segurança, o nível voltasse ao de antes da pandemia. Mas não: aumentou 41% no Brasil.
São várias as causas desse problema. Uma delas é que se tornar ativo não é uma simples questão de motivação pessoal e força de vontade. Muitas vezes, a rotina de trabalho — com várias reuniões seguidas e cultura tóxica, que não incentiva pausas, por exemplo — inviabiliza o desenvolvimento de hábitos mais saudáveis durante o expediente. Fora dele, a violência urbana, a falta de acesso de boa parte da população a áreas de lazer e a diminuição da renda das famílias são obstáculos para a prática de exercícios.
E há um agravante nessa história: a saúde mental (ou a falta dela). As pessoas estão exaustas, precisando de apoio, e não de pré-julgamento.
Este texto faz parte da edição 81 (agosto/setembro) de VOCÊ RH.
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