Namorados: Assine Digital Completo por 1,99

Entrevista: mães tendem a ser líderes melhores

Luiza Gomide, diretora de Pessoas e Cultura do Will Bank, fala sobre o impacto da maternidade para a gestão de pessoas.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 30 Maio 2025, 15h04 - Publicado em 30 Maio 2025, 15h03
Imagem de uma mulher sorrindo, de cabelos pretos amarrados, usando brincos e vestindo uma camisa branca e um casaco bege.
 (Celso Doni/VOCÊ RH)
Continua após publicidade

Falar sobre maternidade e carreira é entrar em um terreno cheio de dilemas, expectativas e, felizmente, transformações. E poucas executivas têm abordado esse tema com tanta autenticidade e propriedade quanto Luiza Gomide, diretora de Pessoas e Cultura do Will Bank. “Sim, sou bastante ativa nesse tema porque sou mãe de duas meninas: a Júlia, de 6 anos, e a Olívia, de 3. Sempre me apresento assim ‘Sou a Luiza, mãe da Júlia e da Olívia’”, diz ela, logo de início, deixando claro que a maternidade não é apenas o que vive em casa, mas também atravessa sua identidade profissional.

Com um olhar humano, e ao mesmo tempo pragmático e estratégico, Luiza vem ajudando a redesenhar o papel do RH dentro das organizações principalmente promovendo um ambiente de trabalho onde a parentalidade não é vista como obstáculo, mas como parte da jornada de desenvolvimento. Em um setor ainda marcado por pressões e cobranças sobre o equilíbrio entre lar e escritório, ela mostra que é possível e necessário repensar práticas, políticas e culturas corporativas.

Nesta entrevista, Luiza fala sobre o papel do RH como protagonista nessa perspectiva moderna, os caminhos para uma liderança mais empática e eficiente, e como a vivência da maternidade ampliou sua visão sobre o que realmente importa quando se trata de cuidar de pessoas dentro e fora das empresas.

A maternidade é capaz de desenvolver habilidades para a gestão de pessoas?

Com certeza. Dando um exemplo pessoal, trabalhei por muitos anos com foco exclusivo na carreira. E estar nesse novo papel de mãe transformou completamente minha forma de gerir pessoas. Antes mesmo do nascimento da minha primeira filha, comecei a viver os questionamentos típicos: como seria a licença, o retorno ao trabalho, o impacto na carreira… A maternidade me trouxe uma nova perspectiva sobre gestão de tempo e produtividade. Hoje, faço uma gestão muito mais eficiente da minha agenda, porque tenho hora para começar e para terminar. Desenvolvi mais empatia especialmente com outras mães , mais adaptabilidade, mais flexibilidade. São soft skills fundamentais para qualquer liderança. Acredito muito no que diz aquela campanha do LinkedIn: o tempo dedicado à maternidade não é uma pausa, é um tempo de aprendizado intenso.

Como o Will Bank trata as políticas relacionadas à parentalidade?

Um dos principais benefícios que oferecemos é a licença-parental de 180 dias válida para todos os colaboradores, independentemente da configuração familiar ou de gênero. Ela vale para casos de nascimento, adoção ou reprodução assistida. Até janeiro de 2025, mais de 80 pessoas já utilizaram esse benefício, sendo 17 homens somente em 2024.

Pessoalmente, eu gostaria que o meu marido tivesse tido acesso a esse tipo de política quando nos tornamos pais. Os seis primeiros meses são extremamente desafiadores a constituição de uma nova família é um processo intenso. Essa licença permite que mães e pais se dediquem integralmente ao vínculo com seus filhos, sem a pressão de um retorno precoce ao trabalho. Isso traz tranquilidade, bem-estar e, consequentemente, engajamento. A gente acredita muito que isso está diretamente relacionado com os resultados da empresa.

Continua após a publicidade

O que você diria para quem teme não conseguir conciliar filhos e carreira?

Diria que não é fácil, mas é perfeitamente possível. Tinha esse receio antes de me tornar mãe. Mas hoje vejo que a maternidade trouxe habilidades que me tornaram uma profissional melhor. Claro, ter um parceiro que divide as responsabilidades faz toda a diferença. A rotina é organizada para que ambos estejam presentes tanto em casa quanto no trabalho. Não é simples, mas é viável.

No caso do Will Bank, o RH faz parte do board da companhia. O que isso proporciona para essa visão de mundo e para o negócio?

Aqui não enxergamos o RH como apenas apoio ou suporte. Nossa área de Pessoas e Cultura está diretamente ligada à estratégia. Além das frentes tradicionais de RH, sou responsável pelo modelo de gestão da empresa ou seja, o desdobramento da estratégia em metas, o acompanhamento dos resultados e a definição dos rituais de gestão.

Isso nos exige estar muito próximos do negócio, porque somos os guardiões da cultura e do modelo de trabalho. Nosso “jeito Will de trabalhar” se apoia em quatro pilares: estratégia, modelo de gestão, cultura e performance. É nisso que concentro minha energia: alinhar pessoas, muitas mães, e resultados de forma coordenada, garantindo satisfação dos colaboradores e crescimento sustentável da empresa.

Vocês praticam o modelo anywhere office, que costuma favorecer mães que trabalham. Como ele funciona?

O trabalho remoto é uma parte essencial da nossa cultura. Ele tem sido fundamental para o engajamento e a retenção dos nossos talentos. Ao mesmo tempo, sabemos da importância de manter a comunicação clara e fortalecer vínculos, mesmo à distância.

Continua após a publicidade

Temos alguns artefatos que sustentam esse modelo. Um exemplo é o encontro online mensal com o nosso CEO, quando celebramos conquistas, falamos de resultados e reforçamos o propósito da empresa. Também temos políticas de encontros presenciais: líderes se reúnem mais frequentemente, e os times têm pelo menos dois encontros por ano, como o meu time de Pessoas e Cultura, que vai se reunir presencialmente agora em junho.

Outro ponto positivo do trabalho remoto é justamente a flexibilidade para mães, como eu. A escola das minhas filhas fica perto de casa posso buscá-las, jantar com elas, estar presente. Isso é um diferencial enorme. 

O RH sempre foi o seu objetivo de carreira?

Curiosamente, não. Fiz Administração, seguindo os passos do meu pai e da minha irmã, que trabalhavam em bancos mas em áreas de produtos, não em RH. Minha ideia era seguir para setores comerciais ou de desenvolvimento de produtos. A primeira oportunidade que apareceu foi num banco, no RH. Entrei pensando que logo mudaria de área, mas me apaixonei.

Passei por empresas de tecnologia, de real estate, de educação… e em determinado momento consegui unir minhas duas paixões: RH e o setor financeiro. Foi assim que cheguei ao Will. RH não era o plano original, mas acredito que nada acontece por acaso. Tive a sorte de descobrir cedo algo que realmente amo fazer.

Continua após a publicidade

*Esta entrevista faz parte da edição 98 da Você RH, que chegará às bancas dia 6 de junho.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*
MELHOR OFERTA

Impressa + Digital

Receba Você RH impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.