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Inaugurar um escritório novo durante a pandemia? Foi o que fez a AkzoNobel

Na fabricante de tintas, 52% dos funcionários querem se dividir entre a casa e o escritório. Por isso, a nova sede tem o foco no modelo híbrido de trabalho

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 23 out 2024, 13h47 - Publicado em 4 jan 2021, 10h00
Foto de Francisco Farias, diretor regional de recursos humanos da AkzoNobel para América do Sul
Francisco Farias, diretor regional de recursos humanos da AkzoNobel para América do Sul: liderar à distância será competência essencial dos gestores  (Divulgação/Divulgação)
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A multinacional holandesa AkzoNobel, fabricante de tintas e revestimentos, fez um movimento ousado em plena pandemia: inaugurou sua nova sede da América Latina, localizada na cidade de São Paulo. Embora todo o pessoal do administrativo esteja trabalhando remotamente, a companhia detectou, por meio de pesquisa interna, que a maioria dos profissionais gostaria de dividir o tempo entre o home office e no escritório quando a pandemia passar.

Isso reforçou a aposta na nova sede, que já foi pensada para o modelo híbrido de trabalho, podendo conectar pessoas presentes em diferentes localidades. Em entrevista para VOCÊ RH, Francisco Farias, diretor regional de recursos humanos da AkzoNobel para América do Sul, explica como está encarando os desafios que a crise da covid-19 trouxe para a gestão de pessoas.

Como a empresa se adaptou ao home office e que cuidados foram tomados com os profissionais das fábricas, que continuaram trabalhando presencialmente?

Considerando o cenário atual e o bem-estar dos seus funcionários, a AkzoNobel implementou no início da pandemia ações para prevenir e conter a proliferação do vírus, zelando pela saúde dos nossos colaboradores e parceiros, de forma que seja seguro estar nas nossas unidades para aqueles que não podem trabalhar de casa.

Como empresa, fornecemos produtos para várias indústrias essenciais que dependem de nós para também manterem suas produções, como a construção civil, além de atendermos os setores de alimentos, bebidas e saúde. Por isso, nos esforçamos para manter a produção, ao mesmo tempo que zelamos por nossos funcionários. Tanto que colocamos em home office todos que podiam desempenhar suas funções em casa.

Além disso, criamos um comitê de crise, em março de 2020, e adotamos medidas de prevenção com intensa comunicação com nossos funcionários, webmeeting quinzenal com os gestores, adoção de protocolos que garantam o distanciamento entre os colaboradores que estão na empresa, disponibilização de álcool gel e orientação para medidas de cuidado pessoal.

Vocês vão manter o home office no pós-pandemia?

A área administrativa já tinha uma política de home office antes da pandemia, prevendo até dois dias por semana trabalhando em casa. Estamos revendo nossa atual política de home office considerando os aprendizados dessa fase e reavaliando continuamente esse recente retorno ao escritório, tendo em vista que conviveremos por algum tempo com as medidas de segurança e de distanciamento social. Na AkzoNobel, vimos no home office uma forma de trabalho mais ágil, colaborativa e com decisões sendo tomadas mais rapidamente.

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Nosso objetivo não é somente manter o home office, mas ampliá-lo e ajustá-lo às necessidades dos nossos funcionários. Além disso, outras medidas estão sendo planejadas, como uma nova política de dress code. A forma como nos vestimos teve muita mudança na jornada de trabalho em casa e podemos levar esse modo mais descontraído ao escritório.

Em outubro, a companhia inaugurou uma nova sede em São Paulo. O que levaram em conta no momento de pensar sobre a arquitetura do escritório?

Para escolher a nossa nova sede administrativa para a América do Sul, pensamos em espaços funcionais, modernos e que já nascessem prontos para o mundo durante/pós-pandemia, com mais soluções de conectividade e interação virtual, garantindo a sinergia entre os times onde quer que estivessem, no escritório, em home office, em qualquer uma das nossas unidades pelo mundo. Também pesou na escolha ser um prédio que se preocupa com a sustentabilidade, um dos nossos princípios fundamentais da empresa.

Para decidir por esse retorno, importante reforçar que pensamos na saúde emocional de nossos colaboradores. Fizemos uma pesquisa interna e 52% dos respondentes relataram o desejo de retornar ao escritório alguns dias por semana. Queremos dar a oportunidade para nossas pessoas fazerem a transição para a nova configuração do trabalhar, de modo responsável, gradual, cada um em seu tempo, atendendo às suas necessidades e desejos dentro de estritos critérios de segurança.

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Como será a ocupação do prédio?

Nesse primeiro momento, a ocupação do novo local será de cerca de 20% da capacidade, no máximo 32 posições. O uso de máscaras é obrigatório. Somente funcionários que utilizam veículo próprio ou que pegam carona com pessoas que moram na mesma residência estão aptos a agendar sua ida à sede. Por outro lado, pessoas que são grupo de risco ou morem com pessoas grupo de risco, que precisam estar em casa para cuidar de seus filhos ou que não se sintam ainda confortáveis para voltar ao escritório, continuam na rotina de home office, tendo liberdade de escolha para aguardar o melhor momento para o retorno. Não é discurso, eu me incluo entre elas, uma vez que optei por não retornar ao escritório.

Quais são os destaques do novo escritório?

As novas soluções de conectividade e interação, com oito pontos de videoconferência, salas com diferentes capacidades equipadas com telas, 100% dos funcionários com laptops e uma rede wi-fi que comporta todas as necessidades. Ou seja, é um espaço que já nasce pronto para o mundo pós-pandemia em termos de conectividade. Mas, principalmente, o que destaco é o fato do novo escritório refletir a cultura da AkzoNobel, sua paixão por pintura e orgulho de pertencer.

Para abrigar pessoas que são apaixonadas por tinta e pelo que fazem, nada faz mais sentido do que espaços coloridos e energizantes. Nossos produtos estão lá, em cada cantinho dos ambientes, criando atmosferas únicas, despertando sentimentos, sendo vitrine do que pregamos. Não à toa batizamos o escritório de Casa AkzoNobel.

Do ponto de vista do RH, quais são os grandes desafios do futuro na companhia?

A pandemia mudou completamente os desafios do futuro nas empresas, sobre a perspectiva de gestão de pessoas. Quero falar sobre três grandes aspectos: novas formas de trabalho e gestão, engajamento e práticas que tirem o melhor de cada colaborador.

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Com o distanciamento social e o home office, passamos a ter uma nova forma de trabalho, totalmente virtual em muitos momentos. Isso nos fez agir em diferentes frentes. Os gestores tiveram que se adaptar ao modelo de liderança à distância, mantendo os times engajados e produtivos, sem perder de vista segurança, saúde física e emocional. Acredito que isso se manterá no futuro, mesmo com o fim da pandemia.

Contudo, este modelo também nos trouxe desafio de engajamento, já que a convivência presencial deixou de existir. O sentimento de pertencimento foi mais importante ainda, então temos que usar a conectividade para encurtar as distâncias. As ações de comunicação também continuarão fundamentais, tanto para engajamento, quanto para termos uma organização alinhada em uma mesma direção.

Por fim, as empresas terão pela frente o desafio de oferecer condições para que os colaboradores desempenhem com excelência o seu trabalho, mas preservando sua individualidade e suas escolhas. Isso significa ter uma política de home office, mas também um escritório com ferramentas de conectividade.

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