Bolsa Família amplia em 7,4% a chance de mães entrarem no mercado de trabalho
Estudo mostra que mulheres com filhos apresentam um maior índice de emprego formal após ingressarem no programa.

Mulheres com filhos que recebem o Bolsa Família apresentam um crescimento de 7,4% no índice de empregos formais, em relação à média de quando não eram beneficiárias do programa, tradicional política de transferência de renda do Brasil. Os impactos são mais significativos em mães de crianças entre três e seis anos.
De acordo com o artigo “Transferência de renda e participação feminina no mercado laboral: o caso do Programa Bolsa Família”, que integra a o Caderno de Estudos publicado pela Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad), do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o benefício contribui para que mães consigam superar barreiras que, historicamente, dificultam ou impedem a entrada delas no trabalho formal.
“Para além da transferência de renda, nós vemos nessas mulheres esse desejo de romper as vulnerabilidades que elas vivem e de encontrar caminhos no mercado de trabalho e no desenvolvimento da carreira”, afirmou Eliane Aquino, secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS.
O estudo revela ainda que o programa diminui em 4,2 % a probabilidade dessas beneficiárias se autodeclararem indisponíveis para o trabalho, fortalecendo não apenas a renda familiar, mas a inclusão social e a igualdade de gênero no país. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) do IBGE revelam que cerca de um terço das mulheres declara não estar disponível para aceitar uma oferta de emprego, enquanto apenas 10% dos homens dizem isso. E a principal razão apontada por elas é a necessidade de prover cuidados em casa, citada por 20% das respondentes – e praticamente inexistente entre os homens.
Trabalho versus cuidado infantil
A ligação entre a inserção das mães no mercado de trabalho e a matrícula escolar dos filhos é um dos pontos ressaltados no relatório. Para receber o benefício, o programa exige que as crianças de quatro e cinco anos alcancem frequência escolar mínima de 60% e que as de seis a 18 anos incompletos, incluindo os adolescentes, que atinjam pelo menos 75% de presença.
Ou seja, o efeito do programa evidenciado no estudo se volta especialmente para a faixa etária da primeira infância, período em que a cobertura educacional pública é intermediária e ainda não é universal. Isso permite às mães conciliarem trabalho (ou a busca dele) e cuidado infantil.