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Oito comportamentos tóxicos para a saúde mental

Fumar faz mal para a saúde, mas décadas atrás era considerado um charme. Hoje, o mesmo vale para a celebração de hábitos prejudiciais para a saúde mental

Por Izabella Camargo*
Atualizado em 23 out 2024, 13h31 - Publicado em 29 jun 2021, 08h37
Foto de Izabella Camargo, mulher branca de cabelos pretos sentada numa cadeira e sorrindo
 (Bruna Veratti/Divulgação)
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umar faz mal para a saúde e ponto. Hoje, ninguém mais questiona as consequências da nicotina, mas há 70 anos os médicos faziam propaganda de cigarro e os cinzeiros estavam até nas poltronas dos aviões.

No passado, alguém também disse que ninguém morre de trabalhar, mas desde a década de 1980 o termo Karoshi foi criado no Japão para a morte súbita pelo excesso de trabalho e em 2016, 745 mil pessoas morreram de derrame e doenças cardíacas relacionadas a longas horas de trabalho, de acordo com um estudo global da Organização Mundial de Saúde. A OMS descobriu que trabalhar 55 horas ou mais por semana está associado a um risco 35% maior de AVC e 17% maior de morrer de doenças cardíacas, em comparação com uma semana de 35 a 40 horas de trabalho.

Mesmo com tanta informação, o que está faltando para as pessoas compreenderem que trabalhar demais é tão nocivo quanto qualquer outro vício?

Já sabemos que vício é um comportamento que provoca consequências negativas. Mas o termo workaholic, por exemplo, muitas vezes, ainda é compreendido como paixão ao trabalho e não como vicio ao trabalho e leva muitos profissionais a viverem comportamentos tóxicos.

No meu texto anterior Produtividade sustentável: sobrecarregar-se por amor ao trabalho é um erro prometi explicar o que são os comportamentos tóxicos que tem contribuído para um modelo insustentável de trabalho.

Não é só o ambiente tóxico que adoece as pessoas, o que cada um faz ou deixa de fazer também é decisivo.

Divido os comportamentos tóxicos em dois grupos: conscientes e inconscientes. Aqueles que sei que fazem mal, mas assumo os riscos, e aqueles que ainda não sei que me fazem mal. Posso até desconfiar que não fazem bem, mas minhas crenças não permitem uma mudança de comportamento ou meu corpo ainda não gritou ou adoeceu.

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O CEO que teve burnout aos 29 anos

A experiencia do CEO da Powernap, Dorly Neto, me ajuda a te mostrar o quanto isso é perigoso. Ele viveu três episódios de burnout, foi parar no hospital em todos eles e só no último, aos 29 anos, entendeu que precisava fazer algo diferente do que estava vivendo. “Meus comportamentos tóxicos eram trabalhar muito mais horas do que meu corpo aguentava, não dormia o suficiente e comia mal. Basicamente eu não ligava para sono, alimentação e exercício físico. Quando era mais jovem, com 20 e poucos anos, o corpo aguentava mais. Porém, com o passar do tempo, fui sentindo as consequências,” explica.

Hoje, reconhece que contribuía para um ambiente pesado e tóxico, espalhando intolerância e insatisfação. “Eu era impaciente e atropelava a fala de quem tinha um ritmo menos veloz. Vivia sempre nervoso e preocupado.”

Aos 30 anos, a consciência bateu, e ele compreendeu que deveria desacelerar para continuar acelerando. Mudou hábitos, se incluiu na própria agenda e hoje oferece treinamentos de habilidades socioemocionais nas empresas para as equipes trabalharem de forma produtiva e saudável ao mesmo tempo.

Veja, você se desenvolve trabalhando de alguma maneira para um CNPJ ou empreendendo. Na medida certa, vive satisfeito, vai se cansar, evidentemente, mas com entusiasmo e sentido. O problema está na quantidade do que você faz e de como se recupera do que faz. Simples, não? Se fosse não teríamos tantas pessoas infelizes, esgotadas, afastadas e doentes. Assim como chocolate e o café na quantidade certa, fazem bem para a saúde, mas em excesso podem fazer mal.

A boa notícia é que se você está lendo esse texto, é livre para pensar sobre seus comportamentos, independentemente do que seja feito dentro da empresa em que trabalha ou que deseja trabalhar.

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Não há nenhum problema em vestir a camisa da empresa, desde que você vista seu pijama também!

Os oito comportamentos tóxicos

Selecionei oito comportamentos tóxicos, daqueles inconscientes, depois de três anos de pesquisa:

  • Tentar ser multitarefa
  • Dormir menos do que seu corpo precisa
  • Reduzir tempo de higiene pessoal e alimentação
  • Respirar no modo automático
  • Ser sedentário
  • Não definir tempo para o consumo de informações e redes sociais
  • Ficar conectado ao trabalho 24 horas por dia e durante os fins de semana
  • Evitar tirar férias

Explico:

Ser multitarefa é uma ilusão. Você alterna rapidamente  a atenção entre uma atividade e outra, mas não faz as duas ou três coisas que imagina ao mesmo tempo. Na maior parte das vezes precisa voltar para uma delas para refazer o trabalho. Com isso perde tempo, energia, cansa mais e aumenta o estresse.

Quem dorme menos de 6 horas por noite tem 4 vezes mais chances de morte e pode desenvolver 84 tipos de doenças do que quem dorme o necessário, de acordo com a Associação Brasileira do Sono.

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Abrir mão do tempo de higiene pessoal é um sinal perigosíssimo de produtividade insustentável. Mulheres que ficam dias sem lavar o cabelo é porque estão no limite. Conversei com centenas.

O cérebro precisa de oxigênio e glicose para funcionar. Se estamos respirando no modo automático e comendo rápido demais alimentos que mais inflamam as células do que nutrem, não estou dando condições adequadas para meu cérebro absorver e processar as informações do dia.

Quer viver menos se movimente menos. Você não precisa ser atleta para ser uma pessoa ativa.

Internet: ou você usa ou é usado. Você tem autonomia para filtrar o que consome, assim como escolhe os alimentos que ingere.

Geralmente quem te elogia por responder uma mensagem de madrugada não vai te visitar no hospital quando adoecer.

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E por fim, por experiência própria, não espere as férias para descansar. Elas podem não chegar! Defenda atividades prazerosas especialmente nos fins de semana.

Se surgir um projeto especial que te exija trabalhar mais por alguns dias ou semanas, se organize para compensar o desgaste o mais rápido que puder. Não se iluda com alimentos gordurosos, cafés, compras ou outras compensações insustentáveis.

Ou seja, não negligencie o essencial, o autocuidado, aquilo que só você pode fazer por você. O único combustível sustentável que te liga ao motor da vida. Não busque saúde nas farmácias, preserve sua saúde com hábitos diários. O que está fora do seu controle vai continuar como as mudanças sociais, pressões e prazos mais curtos puxados pela velocidade tecnológica, a competitividade e crises financeiras. Então o que você fazer?  Se comprometer consigo assim como se compromete com o trabalho e com outras pessoas.

Você vai ter que excluir algo para se incluir na própria agenda e aprender a dizer não é o primeiro passo. Sei que não fomos estimulados a isso, mas te ajudarei no próximo encontro.

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* Izabella Camargo é jornalista, palestrante, autora do best-seller Dá um tempo! Como encontrar limite em um mundo sem limites. Instagram: @izabellacamargoreal

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