Treinamentos corporativos são desatualizados e genéricos, conclui estudo
Maioria dos profissionais não consegue aplicar os conteúdos oferecidos pelas empresas no cotidiano de trabalho. Veja outros problemas.

Mais da metade (57%) dos profissionais afirmam que estão motivados para aprender, mas 60% não conseguem aplicar os conhecimentos obtidos em treinamentos no cotidiano. É o que mostrou um estudo inédito da newnew, empresa de educação corporativa.
Segundo a pesquisa “O olhar do aprendiz”, 69% dos profissionais já usam ferramentas online para aprender, mas muitos relatam que o conteúdo oferecido pelas empresas é desatualizado, genérico ou desconectado de suas rotinas de trabalho.
Um dos 118 entrevistados pela newnew afirmou o seguinte: “Eu sinto que aprender no contexto profissional é menos sobre quem eu quero ser […] e mais uma necessidade do meu gestor de que eu faça meu plano de desenvolvimento.”
A liderança que não inspira os funcionários nem oferece feedbacks construtivos é justamente um dos fatores que explicam o desinteresse nos treinamentos corporativos, segundo os especialistas da newnew.
Outros fatores são: a desconexão entre os valores dos funcionários e os da empresa; o reconhecimento insuficiente dado aos profissionais; e a ausência de oportunidades de desenvolvimento.
A sobrecarga de informações, o uso excessivo de dispositivos digitais e a falta de tempo no expediente, por sua vez, impactam diretamente a capacidade de foco e assimilação dos profissionais, além do próprio interesse nos treinamentos.
“Estamos diante de uma crise silenciosa da aprendizagem”, afirma Mariana Achutti, CEO da newnew, em comunicado à imprensa. “As empresas oferecem conteúdo, mas esquecem de escutar quem realmente precisa aprender.”
Mais conclusões
A pesquisa também revelou uma preferência por conteúdos concisos e objetivos: 72% dos participantes preferem o formato microlearning. A personalização também seria um fator decisivo para o engajamento: 81% dos profissionais afirmam que jornadas personalizadas aumentariam sua motivação, e 40% preferem programas de aprendizado sob medida. Apesar disso, apenas 29% têm acesso a trilhas realmente customizadas em suas empresas.
Outro dado relevante é a busca por equilíbrio entre o digital e o presencial. Os profissionais valorizam a flexibilidade do online, mas reconhecem o valor de encontros presenciais que promovam troca, cultura e conexão. Nesse contexto, o formato do slow learning aparece como um contraponto necessário à pressão por resultados imediatos.
Segundo o estudo, 59% dos profissionais preferem aprender resolvendo problemas reais, integrando o desenvolvimento ao próprio fluxo de trabalho. Para Mariana, “isso exige repensar não apenas os formatos, mas o próprio papel das empresas no processo de aprendizagem.”
A executiva defende: “Nosso estudo revela uma mudança profunda no que se espera dos processos de desenvolvimento: mais personalização, mais agilidade, mais intenção — e menos desperdício de tempo”.