Modelo SPIRE aborda bem-estar emocional, físico, relacional e intelectual
Autoridade internacional quando o tema é ser feliz, Tal Ben-Shahar escreve sobre o conceito criado por sua Happiness Studies Academy.
Nos últimos anos, organizações ao redor do mundo passaram a reconhecer uma verdade simples: se queremos que as pessoas prosperem no trabalho, precisamos criar condições que apoiem seu bem-estar. Produtividade, inovação, engajamento e colaboração não são apenas resultados de sistemas eficientes ou de uma boa estratégia. Eles nascem de pessoas que se sentem energizadas, conectadas, com propósito e emocionalmente equilibradas.
Na Happiness Studies Academy (HSA), chamamos de modelo SPIRE essa abordagem holística de florescimento – bem-estar espiritual, físico, intelectual, relacional e emocional.
Embora o modelo SPIRE tenha sido desenvolvido inicialmente para ajudar indivíduos a ter vidas mais felizes e completas, ele traz implicações profundas para o ambiente de trabalho. Líderes de RH, gestores e arquitetos organizacionais podem cultivar intencionalmente cada uma dessas dimensões por meio de práticas de liderança, decisões estruturais, rituais e iniciativas de construção de cultura. Quando isso acontece, as organizações não apenas ficam mais humanas – tornam-se também mais eficazes.
A seguir, apresento como cada elemento do SPIRE pode se traduzir em práticas organizacionais do dia a dia.
Bem-estar espiritual: o poder do propósito na vida organizacional
O bem-estar espiritual diz respeito ao sentido e ao propósito, à percepção de que o que fazemos importa. No trabalho, isso significa compreender como cada função contribui para algo maior do que a tarefa em si. Pessoas que veem significado em seu trabalho são mais resilientes, criativas e leais. Também costumam colaborar melhor, pois compartilham uma direção comum.
Para fortalecer o propósito, gestores devem comunicar a missão de forma clara e frequente. Profissionais se inspiram quando percebem a ligação entre suas atividades e o impacto mais amplo da organização. Propósito não é luxo nem benefício adicional: é força motriz do desempenho e ingrediente essencial para uma cultura que floresce.
Bem-estar físico: energia como base da alta performance
Com frequência, subestimamos o quanto nosso estado físico influencia nossa eficácia no trabalho. Energia, foco, paciência e criatividade dependem, em grande medida, do cuidado com o corpo.
Para apoiar o bem-estar físico, incentive o movimento. Caminhadas durante reuniões, pausas de alongamento, desafios de passos ou parcerias com academias estimulam a atividade regular. Além disso, coloque a recuperação no centro: incentive pausas reais para o almoço, limite e-mails fora do expediente e garanta que férias sejam respeitadas. Recuperar-se não é recompensa pelo esforço, é parte fundamental do trabalho.
Organizações que valorizam o bem-estar físico possibilitam que as pessoas entreguem sua melhor versão, e não uma versão exausta.
Bem-estar intelectual: aprendizado, crescimento e adaptabilidade
Somos, por natureza, seres que aprendem. O bem-estar intelectual envolve cultivar curiosidade, ampliar capacidades e aprofundar nossa compreensão do mundo. Uma equipe que aprende continuamente é uma equipe que inova, se adapta às mudanças, gera novas ideias e evita a estagnação.
Para integrar o bem-estar intelectual à cultura, crie rituais de aprendizado: horários dedicados ao estudo, grupos de leitura, encontros informais com conteúdo (lunch-and-learns) e investimento em desenvolvimento profissional. Estimule a investigação com perguntas como “O que podemos aprender com isso?” ou “Que suposições precisamos revisar?”. Quando as pessoas crescem, as organizações crescem.
Bem-estar relacional: relações como o centro de uma cultura que prospera
A qualidade dos nossos relacionamentos é um dos maiores indicadores de felicidade, e, dentro das organizações, também é um dos melhores preditores de desempenho. Para cultivar o bem-estar relacional, adote uma liderança centrada nas pessoas. Líderes que escutam com empatia, expressam apreço e admitem erros constroem confiança e segurança psicológica.
Práticas simples – check-ins de equipe, rodas de gratidão, programas de buddy, ou breves momentos de apreciação antes de reuniões – fortalecem o senso de pertencimento. Organizações são, antes de tudo, sistemas humanos. Quando as relações florescem, todo o resto acompanha.
Bem-estar emocional: da pressão à agilidade emocional
Bem-estar emocional não significa sentir-se bem o tempo todo. Significa lidar de forma consciente e habilidosa com todas as emoções, agradáveis ou difíceis, para responder em vez de reagir. Para promover esse bem-estar, normalize as emoções. Quando líderes reconhecem estresse, incerteza ou vulnerabilidades, permitem que os outros também sejam humanos.
Além disso, cultive gratidão e espírito de brincadeira no ambiente de trabalho. Emoções positivas impulsionam criatividade, colaboração, motivação e, por fim, desempenho.
Na Happiness Studies Academy, nossa missão é levar a ciência e a prática do florescimento a líderes, equipes e organizações ao redor do mundo. O modelo SPIRE oferece um caminho claro para quem deseja construir ambientes onde bem-estar e performance se reforçam mutuamente.
Organizações que florescem não surgem por acaso. Elas são construídas por escolhas deliberadas: pela forma como líderes comunicam propósito, pela maneira como equipes organizam seus dias, pelo incentivo ao aprendizado, pelo cuidado com os relacionamentos e pela forma como as emoções são acolhidas.
Quando projetamos ambientes que nutrem o bem-estar espiritual, físico, intelectual, relacional e emocional, fazemos mais do que criar profissionais mais felizes. Criamos culturas capazes de excelência sustentável, em que as pessoas conseguem revelar o melhor de si e dos outros. Líderes que tratam o bem-estar como imperativo estratégico ajudam a construir indivíduos que florescem, organizações bem-sucedidas e, em última instância, um mundo melhor.
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Tal Ben-Shahar é autor best-seller e palestrante de renome internacional. Em Harvard, ministrou dois dos cursos mais populares da história da instituição: Psicologia Positiva e Psicologia da Liderança. Seus livros foram traduzidos para mais de 30 idiomas e figuram em listas de mais vendidos em diversos países. Entre seus títulos mais recentes estão Happiness Studies e Happier, No Matter What.
Também atua como consultor para executivos de multinacionais, públicos diversos e comunidades em situação de vulnerabilidade. É cofundador e Chief Learning Officer da Happiness Studies Academy, onde – em parceria com a Centenary University – desenvolveu e lançou os primeiros programas de Mestrado e Doutorado em Estudos da Felicidade do mundo.
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