Setembro Amarelo: campanha deve ser um convite para lideranças praticarem a gestão humanizada
Dados mostram que priorizar a saúde e o bem-estar dos profissionais aumenta a produtividade, reduz o turnover e estimula a inovação no escritório.

A OMS define saúde como um estado de bem-estar físico, mental e social. Esse tripé mostra que não basta prevenir doenças: é preciso olhar para o ser humano de forma integral. No ambiente corporativo, isso significa criar culturas de trabalho nas quais os colaboradores se sintam com o corpo saudável, a mente equilibrada, e conectados uns com os outros.
O desafio é urgente. A OMS estima que problemas de saúde mental resultem na perda de 12 bilhões de dias úteis ao ano, com impacto de US$ 1 trilhão na economia global. A psicóloga Julianne Holt-Lunstad, por sua vez, já revelou que a solidão no trabalho pode ser tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. Em suma: ignorar o tripé da saúde custa caro, tanto para os negócios quanto para as pessoas.
Por outro lado, uma série de dados mostra: lideranças que priorizam a saúde e o bem-estar dos funcionários colhem resultados positivos e concretos. Entre eles, um aumento de até 31% na produtividade e de 300% na capacidade de inovação, segundo a Harvard Business Review, além de um aumento de até 44% na retenção de talentos e uma redução de 51% no turnover, de acordo com a Gallup.
Um estudo do Oxford Wellbeing Research Centre analisou mais de 1,6 mil empresas listadas em bolsa e também comprovou: aquelas com maiores índices de bem-estar entre colaboradores apresentaram melhor retorno sobre ativos. Ou seja: bem-estar e performance caminham juntos.
A especialista Kasley Killam, referência global em Saúde Social, reforça que as conexões humanas são tão importantes quanto o cuidado físico e mental. Quando líderes cultivam pertencimento, criam laços de confiança e promovem segurança psicológica, transformam culturas inteiras.
Já pesquisas do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e de Amy Edmondson, professora da Harvard Business School, mostram que ambientes com alta segurança psicológica podem reduzir em 43% o absenteísmo e em 72% o presenteísmo – nome dado à presença improdutiva de profissionais no escritório, causada por um distanciamento mental dos funcionários em relação ao trabalho.
Por isso, o Setembro Amarelo deve ser mais do que uma campanha no calendário. É um convite para os líderes praticarem uma gestão humanizada, acolhendo os profissionais para, então, resolver os problemas do escritório.
Liderar é inspirar outras pessoas. Mas também é cuidar, sobretudo. Quando cuidamos da saúde física, mental e social, não transformamos apenas resultados, transformamos vidas.
*Vinicius Kitahara é palestrante, professor de Felicidade Corporativa da Fundação Dom Cabral e autor do livro “Felicidade Corporativa: Como conciliar bem-estar e lucro”.