Como se preparar para uma mudança de carreira tardia
É possível ir por um novo rumo após os 30 ou 40 anos: para isso, é fundamental avaliar o mercado, construir uma rede de contatos e estudar bastante
David Pedrozza Júnior tem 48 anos e está mudando de profissão. Até janeiro deste ano, ele era policial militar. Nascido em Presidente Prudente, interior de São Paulo, se mudou para a capital do estado aos 19 anos, quando começou sua carreira na corporação. Chegou à patente de major. Até que alcançou os 30 anos de contribuição e se viu diante de um momento crucial de sua vida. Ele poderia seguir na Polícia Militar, buscando os postos de tenente-coronel e coronel. Mas, pela lei, já poderia se aposentar. David resolveu pedir a aposentadoria, se matriculou em um curso de compliance oferecido pelo Insper e mudou para uma nova área.
“Na PM eu alcancei uma carreira de sucesso. Queria saber se teria também na iniciativa privada”, diz. Não bastava abrir uma empresa de segurança, vigilância ou investigação, como viu muitos de seus colegas fazerem. “Isso não seria bem uma mudança de área. Já o compliance me ofereceu um outro horizonte.” Afinal, era uma maneira de aproveitar as habilidades desenvolvidas como policial para respirar ares completamente diferentes. “As duas atividades demandam ordem, princípios, disciplina. Mas agora estou numa função mais preventiva.”
A história de David não é rara. Muitos profissionais chegam à faixa entre 30 e 50 anos de idade dispostos a mudar a trilha corporativa. “Normalmente a pessoa está repensando a identidade pessoal e profissional e quer se reinventar”, explica Tatiana Angelotto, especialista em carreiras do Insper. “Vivemos em um mundo em que é possível experimentar atividades diferentes. Hoje podemos fazer essa virada a qualquer momento da vida.”
É possível, mas não é fácil. Para sair de vendas e se tornar headhunter, Gabriel Paié Alvez, de 33 anos, precisou estudar muito. “Fiz especialização em gestão de pessoas e negócios e em gestão da inovação no Insper, cursos de processos de counseling e coaching, estudos e análises de perfil comportamental e profissional. E fui atrás de tudo que pudesse servir de alguma forma para que eu alcançasse melhores perspectivas profissionais”, conta.
Nascido em São Paulo, Gabriel trabalhava com vendas desde 2010, quando se formou na faculdade de educação física. Percebeu que não era feliz. “Inicialmente, não fiz minha transição seguindo um plano, mas encontrei no meio do caminho maneiras de ajustar a rota para que eu pudesse encontrar satisfação no que fazia”, lembra. “Percebi que não importava em qual área estivesse, ia sempre estar infeliz se não conhecesse as minhas forças e se não as aplicasse para obter resultados gratificantes seguindo um objetivo claro.”
“Hoje podemos fazer essa virada a qualquer momento da vida”
Tatiana Angelotto, especialista em carreiras do Insper
Tatiana Montouro também estava insatisfeita. Paulistana de 37 anos, ela demorou para conseguir fazer a migração, de consultoria para auditoria em seguradora. “Já fazia um tempo que vinha pensando nisso. Percebi que não era aquele estilo de vida que queria ter no futuro”, recorda-se. Uma estratégia que ela utilizou foi se matricular no programa de MBA executivo em finanças do Insper. “Fui buscando outras oportunidades, conversando com pessoas que fizeram essa transição. O núcleo de carreiras da instituição me ajudou com algumas dicas de ações que eu poderia tomar para conseguir o que queria.”
4 passos
Para os profissionais que pretendem fazer uma transição bem-sucedida na carreira, Tatiana Angelotto, do Insper, lista quatro atitudes fundamentais:
1. Fazer uma mudança por vez – “É mais difícil quando se tenta trocar de área, de segmento e de mercado”, diz Tatiana. “Fazer uma mudança de área dentro da mesma empresa, por exemplo, ajuda a entender se é isso mesmo que o profissional quer num ambiente a que ele já está habituado.”
2. Aproveitar os conhecimentos adquiridos – Não é necessário abandonar todas as habilidades e a experiência acumuladas ao longo da trajetória profissional. “É recomendável buscar novas atividades que tenham pontos em comum com as atuais”, aconselha Tatiana.
3. Gerar network – É importante, ao longo da transição, procurar por pessoas conhecidas no mercado em que se quer entrar. “Não basta simplesmente enviar currículos. O contato serve para criar relações de parceria e mentoria”, diz a especialista. Foi o que fez David. “Eu me lancei ao LinkedIn, mandei mensagens, e algumas pessoas responderam e estabeleceram contatos.”
4. Estudar muito – Tatiana Angelotto explica que essas mudanças costumam acontecer em períodos de crise pessoal. Por isso, é importante fazer uma autoanálise antes de iniciar esse processo. Depois, conhecer a fundo o mercado em que se quer entrar, suas demandas, a rotina, os salários. Por fim, buscar cursos. “Se for um campo técnico, o profissional deverá estudar bastante. Caso seja uma posição mais generalista, vai precisar de conhecimentos na área de negócios. E para quem quer dar o salto para o empreendedorismo, será necessário aprender a gerir uma empresa.”
SOBRE O INSPER
O Insper é uma instituição independente e sem fins lucrativos dedicada ao ensino e à pesquisa nas áreas de administração, economia, direito, engenharia, marketing e políticas públicas. Tem como missão ser um centro de referência, explorando complementaridades nessas áreas. Suas atividades de ensino abrangem cursos para todas as etapas de uma trajetória profissional. Em seu campus, na Vila Olímpia (São Paulo, SP), oferece desde cursos de graduação (economia, administração e engenharia) até de pós-graduação (MBA, certificates, mestrados profissionais e doutorados) e de educação executiva (programas customizados e de curta e média duração).