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Ana Carolina Souza

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Neurocientista e sócia da Nêmesis, empresa de educação corporativa na área de neurociência organizacional
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Confira três tipos de cansaço – e estratégias para mitigar cada um

A busca contínua pela performance e produtividade dificulta a construção de uma rotina saudável e pode até causar doenças. Saiba como dar a volta por cima.

Por Ana Carolina Souza, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 21 nov 2023, 13h21 - Publicado em 25 out 2023, 17h39
 (Yan Krukau / Pexels/Reprodução)
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Uma rotina sem estratégias eficientes de descanso traz problemas que vão além do cansaço e do esgotamento físico. Eles incluem maior dificuldade de concentração, lapsos de memória, problemas de comunicação e performance prejudicada. Em alguns casos, a falta de descanso compromete a qualidade das atividades e das relações dos profissionais fora do ambiente de trabalho. Todos estes são sinais de que é hora de desacelerar antes que doenças apareçam.

A busca contínua pela performance e o excesso de estímulos não facilitam a construção de uma rotina equilibrada. Isso desencadeia um processo que alguns profissionais chamam de “culpa pelo ócio”. A simples ideia de não ser produtivo ou estar ocupado o tempo todo gera um mal-estar emocional, desencadeia respostas de ansiedade e ativa uma cobrança exagerada em relação ao descanso.

Tudo isso evidencia o gap que existe entre nossas escolhas cotidianas e a construção de uma rotina realmente capaz de promover saúde, bem-estar e performance para todos. Comecemos, então, pelo básico: o descanso é fundamental.

Sempre lembro de uma frase que minha sócia, Thaís Gameiro, diz: “O cérebro é um órgão. Precisamos cuidar daquilo que garante seu funcionamento.” Hidratação, boa alimentação, atividade física regular e descanso são alguns elementos cruciais para o bom funcionamento do organismo e, por isso mesmo, não deveriam ser negociados. 

Vamos, então, focar no descanso – e em estratégias para promovê-lo em diferentes contextos. Gosto de organizar as necessidades de descanso e recuperação em três tipos: físico, cognitivo e emocional.

Cansaço físico

Se você estiver de férias, aproveitando intensamente seus dias de passeios e andando por horas a fio, provavelmente estará cansado ao fim deste período. Este é, claro, um cansaço físico. Um dia mais relaxado e com menos esforço será suficiente para recuperar as energias. Um trabalho que exige esforço físico gera o mesmo efeito. Para estes profissionais, chegar em casa mais cedo e ter alguns dias de folga são possibilidades que poderiam favorecer o descanso.

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Quem enfrenta longos deslocamentos de casa para o trabalho e vice-versa também sofre com esse cansaço. Justamente por isso, hoje há muitas pessoas valorizando o trabalho remoto e buscando maior flexibilidade, o que promove rotinas mais equilibradas e que permitem um descanso físico mais eficiente.

Cansaço cognitivo

Muitos profissionais passam o dia sentados realizando tarefas que envolvem baixíssimo esforço físico e ainda assim se sentem esgotados ao fim do expediente. Isso acontece principalmente se uma parte importante do trabalho envolve reuniões virtuais. 

Trata-se de uma rotina que exige bastante processamento cognitivo para lidar com múltiplas informações, tomar decisões, criar estratégias e interagir com outras pessoas. Neste caso, o descanso físico por si só não é suficiente, porque este é um cansaço que se acumula e gera uma necessidade cada vez maior de se desconectar. 

Para lidar com o cansaço cognitivo, evite ficar à frente de telas nos períodos de descanso e utilizar intervalos para resolver pequenos problemas do escritório. É fundamental criar limites na sua relação com o trabalho e incluir em sua rotina atividades simples que te relaxem ou proporcionem prazer. E lembre-se: evite ao máximo responder mensagens de trabalho durante o tempo livre. Praticar um hobby, ouvir música e ler livros são opções interessantes para compensar o esforço mental relacionado ao trabalho.

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Cansaço emocional

Às vezes, o desânimo que assola os profissionais que atendo não vem do esforço físico ou cognitivo, nem mesmo de uma rotina cheia de tarefas e compromissos. O que acontece é uma desconexão profunda do profissional com o seu trabalho. E não há período de férias ou gestão de agenda capaz de gerar significado e realização pessoal

Neste caso, o caminho de recuperação é mais longo, exige autoconhecimento, uma liderança empática e um olhar mais gentil para a motivação. Um baixo engajamento pode ser crítico na nossa rotina e gerar uma sensação contínua de esgotamento, causada pelos baixos níveis de dopamina em nosso corpo, que explicam a falta de disposição que vem mesmo depois de uma boa noite de sono. 

O que te motiva a trabalhar todos os dias? A resposta não precisa estar associada ao trabalho ou à organização em si, mas deve ajudar a atribuir sentido ao esforço feito diariamente. Sustentar sua família, se desenvolver profissionalmente, contribuir para a sociedade, inovar… Os motivos são diversos. Qual é o seu? E, mais importante: como buscar novas oportunidades para manter este motivo vivo em sua rotina?

Questão corporativa

As organizações que estão atentas a esses processos têm investido continuamente em treinamentos, palestras e mentorias que permitem aos colaboradores aumentar seu autoconhecimento e desenvolver habilidades mais eficientes de autogestão. Elas investem, principalmente, no desenvolvimento de suas lideranças para que essas premissas sejam tratadas a partir de uma perspectiva estratégica organizacional – e não sejam apenas uma questão individual. 

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Ao reconhecer com clareza como o ambiente e a rotina de trabalho impactam a saúde e a performance dos colaboradores, podemos criar novos acordos e práticas organizacionais, que permitam construir ambientes mais equilibrados e eficientes. No final, todos saem ganhando.

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