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Fabio Josgrilberg

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Professor e pesquisador de comunicação, com ênfase em processos criativos, na Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). É pesquisador do Centro de Gestão de Inovação Corporativa (FGVin) e do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (FGV-NEOP).

Agentes de inteligência artificial no trabalho: ferramenta ou arma?

Veja o que a IA tem em comum com o filme "2001: Uma Odisseia no Espaço" – e uma reflexão sobre tecnologia e seres humanos.

Por Fabio Josgrilberg, colunista da VOCÊ RH
26 out 2025, 14h34
Estrutura feita de cubos no formato de uma pessoa pensando ou contemplando que evolui do simples ao complexo, renderização 3D.
 (Floriana/Getty Images)
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Recentemente, tive a oportunidade de bater um excelente papo com o Marcelo Juliano, diretor da Crew AI na América Latina. A conversa foi uma reflexão sobre a relação entre a tecnologia e os seres humanos, chegando às aplicações práticas de agentes de IA.

Antes de abordar o que foi a conversa, segue um pouco de contexto: um agente de IA (inteligência artificial) é um sistema de software autônomo, projetado para executar tarefas específicas, tomar decisões e interagir com o ambiente (seja ele digital ou físico) sem necessidade de intervenção humana constante.

A Crew AI é uma empresa americana, fundada por um brasileiro, João Moura, líder em uma solução de orquestração de agentes por meio de uma interface gráfica e de vibe coding (quando você conversa com uma inteligência artificial para criar código em uma determinada linguagem de programação). Já possui investimentos em série A, US$ 18 milhões, de gente como a Insight Partners e Boldstart. Confesso aquele orgulho “brazuca” ao ver um brasileiro com tanto destaque.

Um dos “ossos” mais poderosos da história?

O papo começou com reflexões sobre o papel da tecnologia. O Marcelo usa uma metáfora inspirada no filme de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisseia no Espaço, para descrever a IA: o osso que, nas mãos do macaco, se tornou a primeira ferramenta e, em seguida, uma arma, de maneira empírica, explorando intuições por meio de tentativas e erros. A IA é mais um “osso” nas mãos da humanidade. A pergunta é, seria a IA capaz de ampliar a capacidade humana de forma sem precedentes? É o que dizem… e tendo a concordar.

Nas palavras do Marcelo, “hoje temos uma intuição de para onde ela (IA) pode ir”, mas o potencial ainda está por ser explorado. Eu gosto dessa ideia. Inspiro-me aqui no geógrafo brasileiro Milton Santos, prêmio Vautrin Lud, equivalente ao Nobel da Geografia.

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O professor Milton nos ensinou que uma tecnologia, ao surgir, precisa lidar com as “rugosidades” do território onde se instalará. Trata-se de cultura e das relações que a sociedade desenvolveu e que orientarão a adoção daqueles novos objetos técnicos que chegam. A IA é mais uma tecnologia que transforma e se impõe à sociedade pela necessidade de maior produtividade, mas cujo uso é orientado pela cultura. O sentido existencial da tecnologia, explicava o geógrafo, é uma decisão política da sociedade – ferramenta ou arma?

A história nos ensina sobre esse processo. Quer ver um exemplo?  Adotamos, desde a década de 90, de maneira indiscriminada, seguindo muito da nossa intuição, o uso de computadores e de internet nas escolas. O que está acontecendo hoje? Diversos países, como a Finlândia, o Brasil, o Japão e outros, estão revendo o momento e a forma de inserir a tecnologia na vida de nossas crianças. Já há universidades que, inclusive, têm políticas específicas sobre quando e como autorizar o uso de tecnologia em sala de aula. Os motivos? Diversos impactos cognitivos da retenção de conteúdo, como dificuldade de foco, entre outros. Isso quase 35 anos depois do advento da internet comercial!

A dinâmica social não segue o mesmo ritmo da evolução tecnológica. O problema é que essa diferença vem aumentando exponencialmente. Como será com a IA? Só o tempo dirá, mas já temos pistas importantes e espírito crítico suficientes para refletir sobre essa caminhada.

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O agente: nosso novo coleguinha

Marcelo destacou vários casos de uso. Por exemplo, um projeto com uma produtora de laticínios que utiliza agentes de IA para orquestrar toda a cadeia logística, gerando ganhos substanciais em custos e eficiência na distribuição de bens de consumo. Em uma seguradora, a atualização de preços de 600 modelos de celular, que antes levava três semanas, foi reduzida para três minutos usando agentes de IA.

Olhem que incrível… A Crew AI opera 460 milhões de agentes em seus clientes. Quatro meses atrás a empresa operava 60 milhões! Para Marcelo, com a IA assumindo o processamento e a análise complexa de dados, o profissional que consegue orquestrar essas ferramentas para resolver problemas de negócio – o empreendedor ou “gente que resolve” – se torna a figura central nas organizações.  A IA acelera a execução (implementando planos, sumariando contratos, gerenciando a logística) sem variações subjetivas, ainda que apresente vieses algorítmicos, que podem sempre ser corrigidos, expondo ineficiências e problemas processuais. O ganho de produtividade e eficiência é inegável.

A sombra dessa história: o quanto isso impactará o mercado de trabalho ainda é um tema em debate. Os otimistas dizem que a IA gerará novas funções e necessidades profissionais. OK, imagino que sim. Só não sei se é suficiente para repor as posições que serão fechadas. Já há pesquisas iniciais que relacionam a redução da contratação de recém-formados de várias áreas devido ao impacto da IA, como o estudo realizado por pesquisadores da Universidade Stanford. Já outro grupo de acadêmicos de Yale indica mudanças nas atividades, mas ainda um impacto não tão relevante. Ainda… o próprio estudo revela que precisa de mais dados para afirmações categóricas.

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O fenômeno pode ser muito semelhante ao que ocorreu com a indústria automotiva. Uma montadora que operava com 30 mil colaboradores na década de 70 hoje consegue atuar de maneira muito mais produtiva com 3 ou 4 mil empregados. Surgiram novas posições, sim. Houve reposição suficiente de vagas? Não. Por exemplo, o que aconteceu com regiões como o Grande ABC paulista? Desenvolveu uma economia altamente centrada no setor de serviços. Descobriremos novas vocações econômicas? A ver.

O que será do futuro do mercado de trabalho e, consequentemente, da economia vai depender muito das tais “rugosidades” sociais de que Milton Santos fala. O fato é que agentes de IA vieram para ficar e permitirão aumentar exponencialmente a produtividade humana em diversas áreas, promover inovações e acelerar descobertas científicas. Isso é maravilhoso.

O agente de IA é o nosso novo colega de trabalho, e ele é muito bem-vindo. A questão social, econômica e política é um problema para nós, humanos, que devemos resolver como sociedade. Um dos desafios será, ao final, garantir o nosso happy hour.

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