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Fabio Josgrilberg

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Fabio B. Josgrilberg, Ph.D, é professor e pesquisador de comunicação, com ênfase em processos criativos, na Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). É pesquisador do Centro de Gestão de Inovação Corporativa (FGVin) e do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (FGV-NEOP).

Estudos da Microsoft e do MIT provam: há déficit cognitivo por causa da IA

Voluntários apresentaram queda no pensamento crítico, conhecimento, compreensão, aplicação, análise e síntese – além de queda de memória.

Por Fabio Josgrilberg, colunista da VOCÊ RH
Atualizado em 28 set 2025, 18h31 - Publicado em 28 set 2025, 18h24
Quebra-cabeça branco do cérebro com espaço de cópia no fundo, peça ausente do quebra-cabeça do cérebro
 (Victor Golmer/Getty Images)
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Toda tecnologia potencializa algumas capacidades humanas, mas tende a limitar outras, afetando nossa maneira de perceber e expressar o mundo. Por exemplo, o carro potencializou nossa capacidade de percorrer maiores distâncias com mais velocidade, mas, em contrapartida, andamos menos, nossas pernas se enfraquecem e temos outra percepção das paisagens. Já o celular nos permitiu registrar centenas ou milhares de números, mas já não lembramos o telefone de quase ninguém.

Essa briga é antiga. O filósofo grego Sócrates, por exemplo, preocupava-se com o impacto da escrita na memória das pessoas. Para ele, a escrita afetaria o conhecimento vivido e pleno. A título de ilustração, deixaríamos de memorizar poemas, que poderiam ser acessados quando necessário em um texto frio e imóvel.

E a inteligência artificial (IA)? O que ela potencializa? O que impacta negativamente? Quero apresentar aqui a síntese de dois estudos recentes sobre o tema. O primeiro foi desenvolvido por pesquisadores da Carnegie Mellon University e da Microsoft. A segunda pesquisa foi feita por uma equipe do MIT (Massachusetts Institute of Technology). As duas pesquisas foram realizadas em 2025.

Dois estudos, uma conclusão em comum

O primeiro estudo, intitulado “O impacto da IA generativa no pensamento crítico”, analisou a percepção de 319 trabalhadores da chamada economia do conhecimento. Os voluntários foram solicitados a realizar tarefas específicas com apoio de IA e sem.

O segundo estudo, chamado “Seu cérebro no ChatGPT”, buscou medir de forma objetiva como a atividade cerebral é impactada pelo uso de assistentes de IA em tarefas de escrita. Para isso, 54 universitários foram monitorados por meio de eletroencefalograma (EEG) enquanto redigiam ensaios em três condições distintas: com auxílio de IA, apoiados por um mecanismo de busca como o Google ou apenas contando com o próprio raciocínio.

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E o que os dois estudos têm em comum? A redução do engajamento cognitivo.

No Estudo 1, os profissionais relataram reduções significativas no esforço cognitivo em todos os domínios (conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese, avaliação). Os participantes informaram reduções no esforço cognitivo e alterações na forma como confiavam nas respostas geradas pela tecnologia.

Já no segundo, os usuários do ChatGPT apresentaram os padrões mais fracos de conectividade neural, indicando menor processamento cognitivo. Ou seja, a IA já está assumindo, de forma sistemática, processos cognitivos humanos.

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Déficit de memória

Um segundo impacto identificado foi o déficit de memória e de apropriação. Na primeira pesquisa, identificou-se que a maior confiança na IA generativa correlaciona-se com menor engajamento no pensamento crítico. Já no segundo trabalho, 83,3% dos usuários do ChatGPT não conseguiram citar com precisão trechos de seus próprios ensaios, sugerindo fraca codificação de memória. A assistência da IA leva a processamento superficial e menor apropriação do próprio trabalho.

Por diferentes caminhos, as duas pesquisas apontam para o fenômeno do “débito cognitivo”. Trata-se da erosão gradual das capacidades cognitivas humanas por excesso de dependência de sistemas de IA.

Na educação, uma das implicações práticas dessas primeiras pistas sobre a relação da IA com o cérebro humano é a necessidade de treinamento explícito em pensamento crítico com uso de IA. O desafio é equilibrar a assistência da IA com o desenvolvimento cognitivo, redesenhando os métodos de ensino-aprendizagem para considerar o uso de IA.

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Já no trabalho, há necessidade de programas sobre colaboração eficaz humano-IA, com ênfase em processos de verificação e medidas de controle de qualidade. O objetivo é manter a expertise humana, aproveitando as capacidades da IA. O desafio é explorar o potencial de cointeligência, para usar a expressão do pesquisador Ethan Mollick, sem perder a inventividade e a criticidade humanas. Para isso, o letramento em inteligência artificial, com protocolos de uso e governança de dados bem definidos, é fundamental.

Como aproveitar plenamente as capacidades da IA preservando e aprimorando as habilidades cognitivas humanas? As pesquisas sugerem que estamos em um momento decisivo, exigindo ação imediata para evitar a erosão de competências essenciais de pensamento humano na educação e nas organizações.

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