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Demissões em massa no mercado tech: a bolha estourou?

Os cinco principais fatores por trás do aumento do número de profissionais do mercado tech demitidos pelas empresas

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 1 ago 2022, 09h22 - Publicado em 10 jun 2022, 06h25
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credito que todos temos acompanhado, a cada semana, o crescente número de empresas de tecnologia divulgando suas listas de profissionais demitidos. Vendo esse movimento, considerei que seria interessante trazer aqui para a coluna algumas reflexões sobre o tema. No meu entender, por trás dessa decisão estão, pelo menos, cinco motivos:

1. Salários inflacionados

O primeiro fator, sem dúvida, é a bolha salarial do segmento. Existem muitos profissionais com pouca experiência e muito alavancados em termos salariais. Certamente, os profissionais vão precisar rever as expectativas que eles têm em relação a crescimento e alavancagem de remuneração versus construção de carreira e visão de longo prazo. Será o momento de baixar as expectativas de uma forma geral.

2. Reavaliação dos empregadores sobre o grau de flexibilidade do modelo de trabalho

Também vemos algumas reviravoltas no formato de trabalho, lembrando que muitos profissionais de tecnologia, hoje em dia, recusam propostas de trabalho que não sejam 100% remotas ou muito próximas da própria residência, em caso de trabalho híbrido. Mas tenho visto um movimento interessante das gigantes de tecnologia: algumas estão voltando atrás no cenário de “trabalho de qualquer lugar” (work from anywhere). Acredito que todos acompanharam recentemente o Elon Musk anunciando que quem não quiser voltar ao presencial deve sair da Tesla. No mesmo movimento vemos o Google, a Netflix, a Meta e outras empresas.

3. Cenário econômico do país

Existe também uma conjuntura econômica. O mercado de startups depende de investimentos para crescer e acelerar. Quando os juros estão baixos no mercado global, os investidores se arriscam mais visando retornos maiores, investindo em private equities, fundos e startups. O apetite com relação ao risco aumenta. Com o mercado global sofrendo um pouco mais, como consequência do aumento dos juros, que tem refletido na elevação dos custos de alimentos e de combustíveis, somados a todas as conjunturas mundiais de guerra, embargos e ajustes da cadeia de supply chain, os investidores mudam de postura e passam a investir em negócios de menor risco ou com retorno mais rápido.

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O raciocínio é simples: por que eu vou investir em algo de maior risco se eu ganho bem em investimentos de menor risco, como por exemplo em títulos do tesouro. Com isso, a fonte das venture capitals reduz e isso muda muito o cenário das empresas. Elas continuam alavancadas financeiramente, têm caixa, mas tem um limite mais conservador para gastar esse dinheiro. Existe um maior controle dos investimentos e gastos, pois os líderes de negócio não sabem quando vão receber novos aportes financeiros. É preciso fazer o dinheiro durar por mais tempo. A consequência direta disso é congelar novos projetos, reduzir o quadro de colaboradores e congelar novas contratações. As startups de tecnologia fazem parte de um segmento que depende de alavancagem financeira para crescer. Sem novos investimentos, é natural que as contratações vão diminuir.

4. Real empregabilidade dos profissionais

Por trás desse cenário, olhando pela perspectiva das pessoas, existe uma maior competição entre os profissionais pois temos menos vagas disponíveis. Diante disso, vale uma reflexão para os profissionais sobre sua real empregabilidade em um cenário mais competitivo. Qual o legado que você está deixando? Quais entregas concretas você tem feito? O que você está construindo para daqui quatro anos, quando esse mercado estiver mais perto de uma saturação? A visão não deve mais ser de curto prazo.

5. A estabilização da área

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Sempre vai ter espaço para quem é competente, para quem entrega. Profissionais de tecnologia, em particular, vivem uma realidade que ainda é muito boa, com muitas oportunidades. Mas essa é uma realidade que começa a dar sinais de entrar em uma nova fase de normalidade como as demais profissões. Diante disso, esse é o momento dos profissionais dessa área avaliarem de que forma estão construindo a própria empregabilidade.

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Aos profissionais demitidos: recomendo refletir sobre os próprios desejos e objetivos

No momento, existem sites globais com as quantidades de pessoas demitidas das principais startups ao redor do planeta. Os números são bem elevados. Isso nos mostra que a mentalidade vai precisar mudar. Muitos cargos estão deixando de existir. Se um profissional estiver muito alavancado em termos de salário e, em caso de demissão, for ambicioso a ponto de querer sustentar o mesmo patamar salarial mesmo não tendo a senioridade para tal remuneração, essa pessoa vai passar mais tempo no mercado em busca de novos desafios.

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O retorno do conceito “mais com menos”

A atual situação na área de tecnologia é similar ao que outros mercados viveram em um passado recente, como foi o caso do setor da construção civil, de óleo e gás e de telecomunicações. Agora estamos vivendo esse momento no qual as empresas tech vão precisar fazer com que a roda continue a girar dentro daquela conhecida dinâmica de “fazer mais com menos”.

As demissões em tecnologia têm afetado diversas áreas. As listas são compostas por profissionais desenvolvedores, de produto, User Experience, User Interface e também por aqueles que ocupam funções administrativas em empresas tech, como marketing, vendas, CRM, customer experience, customer excellence, growth e áreas de suporte. Tem de tudo um pouco.

Muitas empresas tradicionais estão abertas para receber esse público

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Um contraponto interessante de observar, com base em tudo o que ouço diariamente dos contratantes, é que as empresas mais tradicionais têm interesse nesses profissionais oriundos de empresas techs. O que acontece, porém, é que, de uma forma geral, quem já trabalhou em startups techs nem sempre tem interesse em migrar para empresas mais tradicionais. Sugiro, no entanto, que esses profissionais se abram para avaliar essas oportunidades com mais atenção.

Uma recomendação para não entrar em pânico

Existe um risco no mercado? Sim, existe! Mas, para trabalhar no melhor nível, todos precisamos de uma segurança psicológica. Então, pensando nos gatilhos que podem estar por trás de todo esse cenário e do receio de ser demitido, sugiro que você pense com clareza e racionalidade na possibilidade dessa demissão. O que pode acontecer de pior se você for demitido? Por que esse receio te assombra? Em quais pontos você pode melhorar, no perfil técnico e comportamental, para que essa possibilidade se afaste? Será que não é prudente rever despesas pessoais para aumentar as suas reservas e atravessar esse momento de instabilidade com mais tranquilidade financeira?

Se a demissão já chegou até você, receba o meu apoio. Mas, acima de tudo, acredite que com boas práticas é possível dar a volta por cima. Essa confiança em você vai te ajudar a não fazer movimentações equivocadas, destacar melhor as suas habilidades diante de um recrutador e se sair bem em entrevistas de emprego que estão por vir. E elas virão. Eu estou na torcida por você e sempre com as minhas dicas semanais.

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