Resoluções de Ano-Novo? Aproveite dezembro e construa um bunker mental
Descubra o poder dos ritos de encerramento, da gestão do tempo e de um espaço de refúgio psicológico para ter menos urgência e mais impacto em 2026.
Chegamos a dezembro com aquela sensação ambígua que todos conhecemos bem: uma mistura de exaustão pelo que passou e a ansiedade pelo que virá. Nas próximas semanas, você será bombardeado por listas de resoluções, planos estratégicos e a pressão habitual para “fazer mais” no ano que nasce.
Mas, antes de preencher a primeira célula da sua planilha de 2026, quero te convidar a uma reflexão diferente. O historiador Yuval Noah Harari nos trouxe recentemente uma provocação que deveria ecoar em todas as salas de diretoria: “Se você não tem tempo, você é pobre. Não importa quanto dinheiro você tem“.
Vivemos um paradoxo moderno. Acumulamos recursos financeiros e tecnológicos, mas permitimos que nossa moeda mais valiosa, o tempo, seja sequestrada por urgências e distrações. A consequência disso nas organizações é visível: líderes com presença física, mas ausência mental, gerando decisões reativas e equipes esgotadas.
Para 2026, a proposta não é acelerar. É construir o que Harari chama de “Bunker Mental”.
Onde construir seu refúgio
Enquanto bilionários encomendam bunkers físicos com medo do futuro, a verdadeira proteção contra a volatilidade do mundo deve ser construída internamente. Esse “bunker” não é um esconderijo para fugir da realidade, mas um território estratégico de pausa, clareza e resiliência.
Não terceirize a construção desse espaço. Como bem lembra Harari, “você não pode mandar a sua mente para a lavanderia; tem de limpá-la sozinho”. E dezembro é o mês dessa faxina.
A prática da limpeza: perdoar e deixar ir
Para entrar no seu “bunker” e projetar um 2026 de excelência, você precisa fechar as abas abertas de 2025. A metodologia do Year Compass nos ensina que não basta listar conquistas; é preciso olhar para o que pesou.
- O perdão: Aconteceu algo este ano que ainda precisa ser perdoado? Você está com raiva de si mesmo?
- O desapego: Quais são as coisas das quais você precisa se libertar para começar o próximo ano de uma forma leve?
Fazer essa revisão honesta é o que separa um planejamento burocrático de um verdadeiro rito de passagem. Pergunte-se: qual foi a decisão mais sábia que tomei? Qual foi o maior risco que enfrentei?
A rotina como liberdade
Uma vez limpo o terreno, como mantemos esse “bunker mental” de pé ao longo do ano? A resposta está nos rituais.
Muitos líderes confundem rotina com aprisionamento, mas a verdade é o oposto: rotina é liberdade. A liberdade de saber por onde começar e de não ser engolido pela velocidade do mundo.
Seja acordar cedo para um café em silêncio, ler algumas páginas ou caminhar observando a cidade, esses “microsgestos” funcionam como âncoras. Eles nos lembram que a vida não é feita só de grandes eventos corporativos, mas da consistência de estarmos presentes em nós mesmos.
A excelência vem de dentro
Por fim, entenda que cuidar da mente e do tempo não é “soft skill”; é estratégia de performance. No livro Excelência Interior, Jim Murphy explica que metas e esforço bruto não sustentam ninguém no topo por muito tempo. A verdadeira alta performance, ou “ressonância”, nasce do equilíbrio entre três pilares:
- Amor: o propósito e a conexão emocional com o que fazemos.
- Sabedoria: a clareza para ver além das circunstâncias imediatas.
- Coragem: a capacidade de agir sob pressão sem ser dominado pelo medo.
Um convite para dezembro
O líder que “não tem tempo para a mente” infecta sua equipe com uma cultura de urgência e fragilidade. Por outro lado, o gestor que cultiva seu tempo inspira inovação e propósito.
Meu convite prático para este mês: bloqueie na sua agenda momentos de “não-fazer”. Use esse tempo para limpar os excessos de 2025 e desenhar seus rituais de 2026.
No fim das contas, os líderes do futuro não serão apenas os ricos em capital, mas os ricos em tempo, mente íntegra e presença consciente.
Feliz novo ciclo.
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