Projeto leva mulheres a Londres em viagem focada em carreira e autoconhecimento
Conexões pelo Mundo reúne turismo, desenvolvimento profissional e transformação pessoal para brasileiras. Primeira edição está prevista para outubro.

Duas mulheres, Juliana Kaiser, mentora de carreira, e Luciana Ikedo, planejadora financeira, se juntaram para levar um grupo de brasileiras a Londres, na Inglaterra, com a proposta de conectar turismo cultural a atividades ligadas à carreira e autoconhecimento. Prevista para acontecer em outubro desse ano, a experiência faz parte da primeira edição do Projeto Conexões pelo Mundo.
O roteiro inclui bairros icônicos da capital britânica, como Notting Hill, Westminster e Wimbledon, entre outros, além de encontros sobre educação financeira, autoconfiança e desenvolvimento profissional e exercícios feitos a partir de ferramentas como o Perfil Comportamental DISC.
As participantes também vão produzir relatos da viagem, que serão reunidos em livro coletivo a ser lançado no retorno ao Brasil. O objetivo, segundo as organizadoras, é que as mulheres voltem não apenas com lembranças e fotos, mas também com novas percepções sobre as próprias trajetórias.
Na preparação, quem se candidatar à experiência passará por reuniões online de orientações sobre o que levar e como se preparar tecnicamente para a imersão.
Contexto de desigualdades sociais
O projeto surge da realidade de uma grande parcela da população brasileira, que enfrenta obstáculos para viajar internacionalmente, sobretudo por motivos financeiros. Uma pesquisa da FGV IBRE revela que o trabalho de cuidado não remunerado realizado por mulheres equivale a 8,5% do PIB, chegando a 13% na comparação com os homens. Isso agregaria, no PIB de 2023, por exemplo, R$ 1,1 trilhão – cerca de 10% do produto nacional.
Esta sobrecarga doméstica compromete carreiras, ocasiona abortos em jornadas profissionais, problemas emocionais e menor acesso a promoções. É o caso de 40% das mães com três ou mais filhos, que ficam fora da força de trabalho para cuidar da família, em contraste com apenas 0,6% dos homens na mesma situação.
As próprias trajetórias de Juliana e Luciana refletem este contexto. Ambas conciliaram trabalho e estudo desde cedo para alcançar independência financeira e sofreram situações excludentes ao longo da vida. Hoje, com carreira internacional, somam passagens por dezenas de países. E é justamente essa ideia, de possibilidade e pertencimento, que buscam transmitir a outras mulheres.
“Queremos que cada participante volte com a sensação de que o mundo é seu também, que existe lugar, voz e espaço para ela em qualquer lugar que escolher estar”, diz Luciana. E Juliana complementa: “as mulheres merecem derrubar mais essa barreira em suas vidas”.