5 novas profissões criadas pela inteligência artificial
Especialista em ética e responsabilidade, tradutor de IA para o negócio, curador de conhecimento... Entenda cada um desses trabalhos.

Profissionais com habilidades em inteligência artificial receberam, em média, 56% de prêmio salarial em 2024, o dobro do ano anterior. Além disso, o estudo do PwC 2025 Global AI Jobs Barometer mostra que os empregos em ocupações com alta exposição à tecnologia cresceram cerca de 38% entre 2019 e 2024, mesmo em funções que poderiam ser automatizadas.
Diante dos números em relação ao mercado de trabalho, surge um dilema sobre os efeitos da transformação digital – que também podem ser positivos. Para a juíza federal do trabalho, Taciela Cordeiro Cylleno, a questão que se impõe no momento não é mais “se” a IA vai impactar, mas “o quanto”.
Para mostrar que, apesar dos desafios, o cenário também pode trazer possibilidades, a juíza compara a transformação atual às grandes Revoluções Industriais. “Certas funções vão perder espaço, mas uma nova economia do trabalho está se formando baseada na integração entre tecnologia e humanidade”, explica. “O diferencial não será apenas saber lidar com máquinas, mas ter capacidade de traduzir esse conhecimento em impacto real para as pessoas e os negócios”. É nesse momento, segundo ela, que entram as habilidades humanas. “Cada vez mais valiosas”, diz.
“Na prática, novas carreiras já estão surgindo, algumas técnicas, outras ligadas à gestão e ao lado humano das empresas”. A seguir, Taciela lista algumas dessas profissões emergentes e explica por que elas tendem a ganhar espaço nos próximos anos:
1.Especialista em ética e responsabilidade da IA
“Com a popularização do uso de algoritmos, cresce também a preocupação com vieses e impactos sociais. Esse especialista garante que as decisões automatizadas sejam justas, transparentes e respeitem os valores humanos. Nas áreas de RH, por exemplo, a atuação pode ser fundamental para evitar que softwares de recrutamento reproduzam preconceitos ou prejudiquem a diversidade nas contratações”, comenta Taciela.
2.Auditor de IA
“Assim como auditores financeiros verificam a regularidade das contas, o auditor de IA garante que os sistemas de inteligência artificial estejam alinhados às regras de segurança, legislação vigente e critérios de imparcialidade”, afirma. Para a juíza federal, trata-se de um papel cada vez mais estratégico, principalmente em setores regulados, como saúde, finanças e mercado de trabalho, onde erros podem gerar riscos legais e de reputação.
3.Curador de conhecimento
A ideia desse profissional é organizar e filtrar a enorme quantidade de informações utilizada pelas máquinas. “A qualidade das respostas da IA depende diretamente dos dados que a alimentam e a curadoria garante que as informações sejam confiáveis e úteis”, justifica. “Dentro das empresas, é uma função que se torna essencial para orientar os processos decisórios, treinamentos e até mesmo as políticas de governança de dados”.
4.Tradutor de IA para o negócio
O papel dele é transformar a linguagem técnica da IA em algo compreensível e aplicável às diferentes áreas da organização. “Ele atua como um elo entre desenvolvedores e gestores, mostrando, por exemplo, como um algoritmo pode ajudar no engajamento de equipes, na análise de performance ou na definição de estratégias de marketing”, explica.
5.Orquestrador de inteligência artificial
Esse profissional atua como um maestro, porém, em vez de instrumentos musicais, conduz diferentes inteligências artificiais para que funcionem de maneira integrada. A função, Segundo Taciela, é garantir que sistemas distintos, usados em diferentes setores de uma organização, conversem entre si. “Em empresas de grande porte, por exemplo, ele pode conectar plataformas de RH, marketing e jurídico, tornando os processos mais rápidos e estratégicos”.
Habilidades que vão fazer a diferença
A especialista em trabalho orienta que, para ocupar essas funções, será cada vez mais necessário ter letramento tecnológico, pensamento estratégico e, sobretudo, soft skills. “Máquinas podem ser mais rápidas e racionais, mas não conseguem substituir a capacidade humana de sentir, motivar e criar vínculos de confiança”, destaca. “É por isso que habilidades como empatia, escuta ativa e sensibilidade se tornarão ainda mais valiosas no mercado de trabalho”.
Desenvolver essas competências, de acordo com Taciela, exige autoconhecimento e prática. “A empatia pode ser treinada em cursos, dinâmicas e experiências em equipe; a escuta ativa, por sua vez, vai além de apenas ouvir: envolve refletir, compreender e criar espaço genuíno para o outro”, descreve. Além disso, ela cita o autocuidado e a saúde mental como fatores críticos para sustentar a adaptabilidade necessária em tempos de mudanças intensas.
O impacto no dia a dia
Funções como essas, acredita a juíza, já começam a aparecer em áreas criativas, técnicas e administrativas, trazendo ganhos de produtividade e inovação. “Para as empresas, o desafio será equilibrar a adoção de tecnologias avançadas com a valorização das competências humanas”.
“Quanto mais a IA evoluir, mais o mercado precisará de pessoas que saibam traduzir essa inteligência para a vida real”, alerta Taciela. “O futuro não é só digital: é humano e digital juntos, cada um contribuindo com o que tem de único”.