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Autogestão é palavra-chave para o profissional do futuro, diz pesquisa

Pesquisa feita com 132 CEOs mostra que para 95% a competência de se auto-gerenciar é essencial para o futuro do trabalho. Especialista explica por que

Por Letícia Furlan
Atualizado em 23 out 2024, 13h27 - Publicado em 29 set 2021, 07h00
Imagem mostra de cima uma mulher sentada de pernas cruzadas, em frente a uma mesa. Em cima da mesa tem um computador, livros, cadernos, um smartphone e uma xícara.
 (Pexels/Vlada Karpovich/Divulgação)
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A cultura do trabalho está se tornando cada vez menos centralizada, segundo pesquisa realizada pelo Indeed, site de busca de empregos. Para 34% dos 132 CEOs ouvidos, modelos de equipe não hierárquicos serão parte fundamental do futuro do trabalho. Para 95%, a era pós-pandemia vai demandar habilidades de autogestão dos novos talentos.

Com esses resultados, o diretor de vendas da Indeed, Felipe Calbucci, considera que mudanças decorrentes dos protocolos de saúde e distanciamento social, como o home office, vieram para ficar. E, além das transformações no mercado de trabalho, os profissionais do futuro também deverão desenvolver algumas habilidades específicas. Na visão de 85% dos entrevistados, os papéis serão menos definidos, o que demandará flexibilidade e capacidade de se empenhar em projetos ou áreas diferentes, assim como a capacidade de trabalhar em grupos multidisciplinares.

À VOCÊ RH, Felipe explica qual deve ser o futuro do mercado de trabalho com base na pesquisa da Indeed, cujo objetivo foi investigar o impacto das mudanças no último ano em recrutamento, seleção e retenção de talentos. O levantamento foi realizado em entre abril e maio de 2021. Confira a entrevista.

Com base na pesquisa, qual a principal mudança no mercado de trabalho?

A principal mudança que percebemos pelas respostas dos CEOs é que a cultura está ficando cada vez menos centralizada. Antes você tinha aquele ambiente de escritório e era ali que tudo acontecia. Agora cada um está na sua casa e existe uma tendência de cada vez mais empresas aderirem ao modelo híbrido. Com isso, a maneira como a cultura se desenvolve e é cultivada pela empresa está mudando muito. Quando olhamos para o profissional, a mudança é que o CEO espera características diferentes, como a autogestão.

É uma mudança positiva ou negativa para as pessoas?

Eu considero uma mudança bastante positiva. O primeiro ponto é a chance de você trabalhar em uma empresa que não está na sua cidade, ampliando muito o leque de oportunidades. Com isso, vem a possibilidade de maior qualidade de vida morando em uma cidade que tenha custo de vida menor e que seja mais aderente ao que cada pessoa gosta para si mesmo. Se eu gosto de morar na praia, eu vou morar na praia, por exemplo. É claro que há desafios e adaptações de como a gente toca o nosso dia a dia não estando 100% no escritório, mas é possível que a pessoa monte uma agenda flexível e consiga encaixar prioridades pessoais nela, algo que contribui para a qualidade de vida dessas pessoas.

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Como os profissionais podem se adequar a este novo cenário?

A pessoa deve procurar desenvolver habilidades de autogestão, conseguir se organizar para entregar prazos. Isso é muito importante, porque não vai ter ninguém ali observando se você está conseguindo dar conta do trabalho e fazer as entregas nos prazos. A habilidade de comunicação, especificamente a clareza na comunicação, passa a ser mais importante. Você tem menos momentos para conversar com as pessoas, porque você perdeu a conversa de corredor, o cafezinho. Então você tem que ter muita clareza para saber se você está passando a mensagem correta. Clareza também para alinhar os prazos. Eu diria que, além disso tudo, é importante o autoconhecimento. A autogestão dá muita liberdade, então, para que você não se perca, é preciso se conhecer, sabendo muito bem das suas forças e fraquezas para ter um plano de ação.

Este é um movimento natural ou é delineado pela pandemia?

Com certeza a pandemia acelerou isso. Eu acho que ele aconteceria, mas demoraria muito mais. Arrisco dizer que aceleramos uns dez anos. O que considero positivo se pensarmos do ponto de vista de sustentabilidade, por exemplo. Diminuir o volume de pessoas que estão transitando em uma cidade é ótimo para o meio ambiente. O fato de você tirar das pessoas o tempo de deslocamento contribui demais para saúde mental delas. A possibilidade de ter a oportunidade de mudar de cidade, ir para um local que tenha um custo mais adequado à sua vida também aumenta o seu poder de compra. Também vejo um movimento de espalhar o consumo, porque hoje está tudo muito concentrado nas capitais. Quando você dá a oportunidade para as pessoas mudarem de cidade, elas levam com elas o seu dinheiro, levam riqueza para outras cidades. Vejo, a longo prazo, algo positivo para os estados e para o país com essa disseminação do consumo.

Com base na pesquisa, qual a principal dica para os profissionais que estão disponíveis no mercado?

Pesquisar sobre as empresas, porque elas estão se adaptando com velocidades diferentes e estão respondendo a essas mudanças de maneiras diferentes. Então é importante saber se a postura das empresas frente às mudanças é positiva para você.

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