Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Como a covid-19 vai transformar a educação?

Professora discute de que maneira as tecnologias, que foram aplicadas às pressas no ensino remoto, podem ser usadas para modificar o modo como aprendemos

Por Valerie Claude Gaudillat*
Atualizado em 23 out 2024, 10h18 - Publicado em 5 nov 2020, 07h00
 (Julia M. Cameron / Pexels/Divulgação/Divulgação)
Continua após publicidade

Estamos em um momento de debate sobre a pedagogia. E isso é uma excelente notícia. O confinamento reforçou o interesse com um duplo efeito de congelamento de imagem e de projeção. Congelamento de imagem porque a mudança para o ensino à distância aconteceu quase que instantaneamente. Projeção porque o confinamento amplia as questões sobre as evoluções e acelera a transição para uma pedagogia que será aumentada.
Primeiro porque a pedagogia de amanhã será diferente. Graças aos avanços tecnológicos, as modalidades e o ritmo de aprendizagem podem se adaptar ao perfil de cada aluno e às suas restrições, escolhas e desejos. A pedagogia perderá parte de seu lado mecânico para ser mais direcionada e, portanto, mais humana.

Aprendizagem customizada

Uma crítica legítima que se pode fazer à pedagogia atual é que ela tende a permanecer generalista. Claro, nem sempre é esse o caso, mas no geral ela permanece muito focada no nível médio de um grupo de alunos. Os processos de seleção e o conteúdo dos programas de formação limitam esse viés, mas ainda há heterogeneidade dentro do mesmo grupo. Graças às novas soluções digitais, já é possível adaptar o conteúdo do ensino ao nível real do aluno. O adaptive learning (ou “pedagogia diferenciada”) não é uma novidade (o conceito é dos anos 1970), mas as ferramentas digitais trazem uma nova realidade.
Ainda pouco presente no ensino superior, ao contrário dos cursos primários, especialmente na América do Norte e Ásia, IBM Watson, Microsoft Power BI e outras tecnologias são cada vez mais usadas ​​para ensino quantitativo com resultados significativos. No entanto, o papel do professor não foi diminuído, pelo contrário, graças a um maior empenho dos participantes e interações reforçadas.
Isso porque a pedagogia será baseada numa abordagem sistêmica e integrativa que conta com uma ampla variedade de modalidades e de ferramentas de aprendizagem com uma combinação tecnológica. Saber variar os métodos pedagógicos aumenta a motivação dos estudantes e tem um impacto muito positivo na aprendizagem. Apresentações orais, workshops, games, encenações, aprendizagem com cases e debates são métodos que mostraram eficácia.

Pedagogia aumentada

Um risco a ser evitado é o de super individualizar a aprendizagem, algo tentador à primeira vista, mas prejudicial a médio/longo prazo se a importância do coletivo for minimizada. Essa nova pedagogia deve fortalecer o papel das competências comportamentais, desenvolvendo os sistemas apropriados, como a aprendizagem por e com os colegas.
A pedagogia aumentada é um novo equilíbrio a ser aplicado entre presencial e à distância, tecnológico e não tecnológico, individual e coletivo. As ferramentas já estão amplamente disponíveis e o desafio é misturá-las com relevância de acordo com os objetivos pedagógicos.
Mas, além da técnica e da tecnologia, a educação pós-COVID também deve abraçar as principais questões que enfrentamos, sejam elas sociais, econômicas ou ecológicas. A situação que temos vivido desde o início de 2020 não tem precedentes e é uma oportunidade para uma mudança de paradigma. Todo o nosso ensino e programas devem integrar essas dimensões e colocá-las na linha de frente nos conteúdos com uma abordagem muito transversal. Os alunos são aqueles que influenciarão fortemente nosso futuro. Cabe também a eles ser fonte de propostas para fazer evoluir a pedagogia e propor temáticas e formatos novos. A aula invertida é uma modalidade já amplamente implementada mas é possível ir muito mais longe.
Finalmente, a dimensão psicológica deve ser melhor reconhecida. Não podemos ignorar o risco induzido pela falta de visibilidade nos próximos meses ou anos. Isso gera preocupação e ansiedade para os alunos. Reconhecer e aceitar essa nova fragilidade deve nos levar a mostrar ainda mais empatia. Também é nossa responsabilidade prepará-los para um mundo no qual a incerteza pode se tornar a norma.

Mas como vamos fazer?

Os desafios são tão variados nessa época caótica que seria arriscado aplicar uma única receita. É fundamental priorizar as evoluções pedagógicas em relação a cada necessidade de formação e grupo de participantes envolvendo-os. Isso não é fácil, mas torna-se essencial para a experiência.
No final das contas, a covid-19 também pode ser vista como uma chance de realmente “aumentar” a pedagogia e dar-lhe um lugar ainda mais importante para um grande impacto tanto nos alunos como nas empresas e nas sociedades.
*Professora na Audencia Business School, da França

Quer ter acesso a todos os conteúdos exclusivos de VOCÊ RH? É só clicar aqui para ser nosso assinante.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Você RH impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.