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Em busca de sentido para a vida, profissionais repensam a carreira

Em busca de sentido para a vida, profissionais com filhos repensam a importância da carreira e buscam equilíbrio

Por Sophie Hennekam, chefe de pesquisa na Audencia Business School, na França
Atualizado em 23 dez 2021, 15h40 - Publicado em 22 dez 2021, 07h00
Pessoas ao redor da mesa, comendo e fazendo um brinde
 (Fauxels / Pexels/Divulgação)
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confinamento foi uma oportunidade para mães e pais reavaliarem o que pensam sobre seus papéis na carreira e na família. Afinal, eles tiveram a possibilidade de agir mais de acordo com suas crenças internas, em vez de se submeter tanto às expectativas impostas pela sociedade sobre o que é ser “boa mãe”, “bom pai” e “bom profissional”.

É o que mostrou um estudo que fizemos durante sete semanas de confinamento com 14 mães e pais para analisar mudanças de identidade dessas pessoas. Para isso, pedimos a elas que escrevessem diários com anotações sobre seu dia a dia.

Na pandemia, muitas empresas adotaram o trabalho remoto, afetando a rotina dos funcionários. No início, os participantes enfrentaram vários desafios que os levaram a se fazer questionamentos. Mas, com o tempo, começaram a enxergar essa nova perspectiva como uma oportunidade para mudar comportamentos. Para isso, se afastaram bastante das normas e expectativas da sociedade, adotando um estilo de vida que refletisse mais suas aspirações e convicções.

Ameaça à identidade

Entre as principais observações desses profissionais estavam a de que a vida pessoal e a carreira parecia se fundir completamente, e que as fronteiras mal definidas entre casa e trabalho ameaçava seu bem-estar. Os participantes não conseguiram criar limites suficientes e continuaram disponíveis tanto para demandas do escritório quanto para necessidades dos filhos no horário do expediente. Isso resultou, em alguns casos, em horas extras para dar conta do trabalho, o que aumentou o cansaço e o estresse.

Já os participantes que tiveram uma diminuição significativa de seu trabalho ou deixaram de exercer suas atividades profissionais no período se sentiram desprovidos de sua identidade corporativa, e isso criou um sentimento de perda. Quem ficou desempregado também relatou essa sensação, além de vivenciar uma espécie de luto por não poder mais ter satisfação por meio da carreira e experimentar episódios de raiva – em vez de aceitar a situação como sendo algo fora do seu controle, houve uma tendência nesse grupo a resistir à realidade.

Reconstrução da identidade

Diante do confinamento, as pessoas foram levadas a uma busca de sentido e uma reflexão sobre sua identidade. A partir dessa percepção, expressaram a necessidade de retomar o controle da situação e definir por si próprios como seria seu futuro profissional e familiar. Também refletiram sobre como é vazio ceder à pressão social – e isso lhes deu mais liberdade para pensar sobre o que eles próprios realmente queriam, abraçando uma identidade e um estilo de vida que pareciam mais autênticos para si.

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Os participantes que perderam o emprego começaram a entender a importância da identidade profissional em sua vida. E, com o passar dos dias, começaram a se adaptar, a ter mais tempo com a família e a ficar cada vez mais motivados a enfrentar a situação. E refletiram sobre quem queriam ser após o confinamento – essa visão, na maioria dos casos, era muito diferente da que eles possuíam antes.

As pessoas destacaram ainda que, embora estivessem ansiosas pelo fim da quarentena, essa experiência também trouxe algumas consequências positivas inesperadas, como a flexibilização dos padrões ideais de trabalho e de maternidade ou paternidade e a busca pelo equilíbrio entre a identidade profissional e a familiar.

Sophie Hennekam é professora de comportamento organizacional e chefe de pesquisa do departamento de administração da Audencia Business School, na França. Ela estuda questões relacionadas à diversidade, igualdade e inclusão

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