Mercado brasileiro vive escassez de especialistas em cibersegurança
Produção de aplicativos com prazos cada vez mais curtos e falta de profissionais focados em proteção tornam os sistemas mais vulneráveis a ataques digitais.

O déficit global de profissionais de cibersegurança já ultrapassa 4,8 milhões, de acordo com um estudo da Cybersecurity Workforce Study, feito pela organização ISC² – que indica ainda a área de segurança de aplicações (AppSec) entre as mais críticas. No Brasil, a situação também chama a atenção: dados da Fortinet, multinacional da área, calculam que o país precisa de cerca de 750 mil especialistas em segurança cibernética, enquanto a ISC² já alerta para um déficit de 140 mil profissionais só neste ano.
Por trás desses números há duas razões principais: falta de tempo e de qualificação. Wagner Elias, CEO da Conviso, empresa especializada em proteger sistemas contra invasões, explica que, de um lado, as companhias vêm acelerando o processo de deploy – ou seja, reduzem o tempo de criação e de distribuição de softwares, para lançar aplicativos cada vez mais rápido – e, do outro, faltam pessoas preparadas em segurança, operações e governança para proteger todo o ecossistema digital.
“Essa velocidade [do mercado] nem sempre é benéfica, pois pode tornar os sistemas mais vulneráveis a diversos tipos de ataques cibernéticos, já que nem sempre há tempo suficiente para realizar testes de segurança rigorosos antes do lançamento [dos aplicativos]”, descreve o executivo, ressaltando que a escassez dos profissionais para dar o suporte necessário à demanda agrava o cenário. “Empresas que negligenciam a segurança de aplicações enfrentam riscos financeiros, reputacionais e legais significativos”, alerta ele.
Programa gratuito de capacitação
Para preencher a lacuna, a empresa lançou a Conviso Academy, uma plataforma de capacitação gratuita: “decidimos formar esses talentos”, diz Luiz Custódio, o instrutor do programa. Em turmas pequenas e aulas síncronas, os participantes atuam em problemas reais desde o primeiro módulo. “Essa metodologia é guiada pela ideia de que a educação não passa apenas por teorias ou práticas, mas por experiência”.
Parte das vagas é voltada a grupos minorizados, como mulheres, pessoas negras e comunidade LGBTQIAPN+. Não é necessário possuir graduação ou idade mínima e tampouco estar no mercado. Interessados na próxima turma, com início em 2026, devem acompanhar este site.