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Conheça Adriana Aroulho, presidente da SAP no Brasil

Recém-chegada ao cargo de presidência da multinacional, Adriana gosta de convergir ideias para encontrar as melhores respostas

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 23 out 2024, 10h16 - Publicado em 18 dez 2020, 08h04
Foto de Adriana Aroulho, presidente da SAP no Brasil
 (Celso Doni/VOCÊ RH)
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Esta reportagem faz parte da edição 71 (dezembro/janeiro) de VOCÊ RH

Com uma carreira de 20 anos em empresas de tecnologia, Adriana Aroulho assumiu em agosto a presidência da SAP para o Brasil. Na empresa alemã, ela chegou para trabalhar na área de plataformas digitais em 2017 e logo foi promovida a diretora de operações. O cargo de presidente estava em seu plano de carreira e, quando Cristina Palmaka, sua antecessora, foi convidada a liderar a companhia na América Latina e Caribe, a oportunidade surgiu. Socióloga por formação, ela é admiradora do balé. “Dancei de forma semiprofissional ativamente. Hoje não danço mais, mas meu marido é bailarino e coreógrafo. Então continuo convivendo com esse mundo, que é uma paixão.” Com estilo conciliador, seu desafio é manter o crescimento e a inovação da companhia.

Sua formação é em ciências sociais, mas não é comum que profissionais com esse diploma trilhem uma carreira corporativa. O que atraiu você para o mundo executivo?

Minha pretensão na época da faculdade era ser acadêmica. Mas, ao fazer um estágio na HP em 1996, comecei a repensar essa vontade. Por estar cursando sociologia, fui estagiar na área de qualidade e pesquisa com clientes — era a grande novidade da época. Depois de alguns meses, surgiu uma vaga no setor administrativo. Como minha renda triplicaria e eu estava gostando da empresa, topei. Então, fiz um curso de pós-graduação em administração na Fundação Getulio Vargas, o Ceag, voltado para quem não se formou na área. Minha turma era cheia de engenheiros.

Como eu tinha diploma de humanas, precisei fazer vários créditos para ter a formação de exatas necessária. Fui me envolvendo com o ambiente corporativo e entendi que uma de minhas vontades na faculdade, de mudar o mundo, podia ser realizada dentro das empresas e também por meio da tecnologia. Nesses 20 anos de carreira, fiz muitas movimentações laterais, o que foi bem interessante, pois me ajudou a construir relacionamentos. Brinco que tive uns dez empregos na mesma empresa.

 

“É preciso entender que, às vezes, você terá que concordar em discordar”

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A SAP está conduzindo um retorno gradual ao escritório. Quais são as expectativas?
Em setembro [de 2020], começamos uma retomada totalmente optativa, porque sentimos que algumas pessoas precisavam de uma opção além do home office. O volume de procura ainda é baixo, são profissionais que precisam de algo pontual, e o escritório está com uma visão de coworking: não é preciso ficar o tempo todo. É importante considerar, também, fatores externos para essa retomada. A volta às aulas é um tema relevante: como pensar em colocar todo mundo no escritório se as pessoas não têm com quem deixar as crianças? Não sei se retornaremos ao modelo anterior, mas temos aprendizados de produtividade que certamente iremos incorporar. Sentimos falta de ter um espaço de convívio, e torço para que isso seja retomado com segurança. Talvez seja em outro formato.

Qual é seu estilo de liderança?
Essa foi uma das perguntas que me fizeram durante o processo seletivo da SAP. Acredito que meu estilo seja conciliador. Quanto mais você tem empatia, mais se coloca no lugar do outro e toma melhores decisões. Agir assim ajuda porque, no dia a dia, as métricas das áreas são antagônicas. Por exemplo, o departamento financeiro quer preservar caixa e o pessoal de vendas precisa maximizar os gastos. Para chegar a um acordo, é preciso entender que, às vezes, você terá que concordar em discordar. E isso tem muito a ver também com trabalhar em times diversos, formados por pessoas que pensam diferente de nós — o que é a base para estarmos em constante inovação.

É possível encontrar um equilíbrio nas discordâncias?
A organização é complexa, cheia de métricas e objetivos, e precisamos conciliar, tirar o que cada um tem de melhor, porque ninguém está acima dos outros. Uma de minhas grandes prioridades é juntar as forças de diferentes pessoas, entender o que é e o que não é possível e procurar caminhos para as melhores decisões.

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“Uma de minhas grandes prioridades é juntar as forças de diferentes pessoas”

As empresas em geral — e as de tecnologia não são exceção — ainda têm poucas mulheres na liderança. Na SAP isso parece estar mudando, pois você assumiu a posição que antes era ocupada pela Cristina Palmaka. Como enxerga esse movimento?
É atípico ainda. Em uma reunião em que eu e Cristina estávamos presentes, conversávamos com uma cliente e com a profissional para qual reportamos na América Latina, uma mulher que faz parte do board da SAP. Até comentamos que o fato de sermos quatro mulheres juntas não era comum. Na área de TI a ascensão feminina ainda não é uma realidade — é algo histórico, que vem da pouca participação das mulheres nas formações de tecnologia. Mas isso está mudando com as novas gerações e com políticas de diversidade.

Já sentiu algum tipo de preconceito?
Nunca prestei atenção nisso, mas vivenciei muitas reuniões em que eu era a única mulher. Na SAP, temos uma rede de liderança feminina que faz mentorias para jovens talentos e, quando converso com quem está no mercado, vejo que o preconceito ainda é uma realidade em muitos lugares. Temos que manter a agenda de diversidade para melhorar isso. Se somos a metade da população mundial, temos que ser metade nas empresas também.

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Como é sua parceria com o RH da companhia?
Fernanda Saraiva, que é diretora de RH para o Brasil, e eu temos conversas regulares semanais e encontros periódicos com os diretores de operação e finanças, algo que já fazemos há algum tempo. Nosso RH é muito próximo e a área está presente em reuniões de negócios para entender o calor do momento, o que está acontecendo, o que pode ser feito diferente. Esse é um dos segredos para a SAP ser uma empresa tão boa.

 

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