Pesquisa: CHROs lidam com necessidade de expansão, corte de custos e pressão da IA
Estudo global da Korn Ferry com 750 líderes de RH revela que a função, em 2025, exige equilibrar prioridades conflitantes em um cenário de incerteza.

Ser CHRO em 2025 é como andar na corda bamba. A imagem, usada pela Korn Ferry em seu novo estudo On the Highwire, traduz bem o momento da área. A pesquisa ouviu 750 líderes de RH (sendo 450 CHROs) em mais de 50 setores e mostrou que esses executivos vivem sob pressão dupla: precisam acelerar a transformação das empresas, mas sem perder de vista eficiência e resultados imediatos.
De acordo com o levantamento, as maiores ameaças externas para os próximos dois anos não vêm dos concorrentes, mas de fatores fora do controle direto das companhias: avanços tecnológicos e IA (26%), incerteza econômica (20%) e escassez de talentos e habilidades.
O paradoxo aparece nas prioridades. Enquanto 25% das organizações miram expansão e crescimento, há também forte pressão por produtividade e corte de custos (9%). Crescer gastando menos virou o mantra.
Ambição sem preparo
Apesar das grandes ambições, muitas empresas ainda não estão prontas para a transformação. Segundo a Korn Ferry, 60% continuam presas a velhos modelos, enquanto apenas 40% incorporam práticas disruptivas. Além disso, 30% dos CHROs dizem que não há alinhamento entre a liderança e as necessidades de mudança, o que trava iniciativas estratégicas.
O estudo mostra que, em 2025, os cinco temas que mais mobilizam os CHROs são:
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Cultura e mudança organizacional
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Sucessão de liderança
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Elevar a capacidade e impacto do RH
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Proposta de valor ao empregado (EVP)
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Desenvolvimento de habilidades
O problema é que nem sempre essas prioridades se refletem em planejamento consistente. 37% dos CHROs admitem falta de preparo para o futuro da força de trabalho, enquanto 35% dizem que o foco excessivo no curto prazo ameaça a estratégia de talento de longo prazo.
E a disputa por profissionais segue acirrada. 72% dos CHROs afirmam que precisam atualizar sua EVP para atrair as pessoas certas, mas apenas 48% sabem exatamente quais habilidades serão críticas para o crescimento futuro.
Inteligência artificial: prioridade, mas pouco preparo
A inteligência artificial domina a agenda, mas ainda assusta. Mais de 40% dos CHROs já priorizam investimentos em IA, só que apenas 5% das equipes de RH estão preparadas para usá-la plenamente. Nenhum executivo ou equipe se declarou “totalmente pronto” para a revolução digital.
Não é à toa que o tema mobiliza tanto. Dados do Workforce 2025, também da Korn Ferry, mostram que 60% dos profissionais aceitariam permanecer em um emprego que não gostam se tivessem chance de se capacitar rapidamente em IA. O impacto é direto no engajamento: treinamento específico em IA aumenta em 192% a motivação dos colaboradores.
Outro desafio é o uso de dados. Apesar de toda a retórica sobre decisões data-driven, 74% dos CHROs dizem que sua análise de RH é apenas descritiva. Só 18% acreditam usar analytics de forma consistente para guiar decisões.
Na prática, isso atrapalha justamente áreas críticas: retenção de talentos (66%), engajamento (60%) e planejamento da força de trabalho (47%).
CHRO: de gestor a conselheiro estratégico
Se o cenário é desafiador, também é verdade que o papel do CHRO nunca foi tão relevante. 61% relatam que os CEOs recorrem a eles para aconselhamento estratégico, e 60% estão diretamente à frente dos esforços de transformação corporativa. A cadeira de RH ganhou status de conselheiro de negócios.
As empresas também buscam perfis mais maduros. A idade média dos CHROs subiu cinco anos desde 2023, e cresce a valorização de trajetórias diversas: em média, cada executivo passou por 4,5 empresas em 3,5 indústrias diferentes.
O recado do estudo é claro: o equilíbrio não é o destino final, mas o caminho para o futuro. Para os CHROs, trata-se de entregar eficiência sem perder de vista a excelência, garantir resultados imediatos sem sacrificar o longo prazo e, acima de tudo, liderar transformações enquanto seguem como a voz do talento dentro das empresas.
Como resume a Korn Ferry: “O equilíbrio não é o objetivo final. O movimento para frente é.”