Raio-X da liderança indica pontos de atenção para empresas brasileiras
As organizações devem olhar mais para os stakeholders e menos para os processos, afirma diretor da Fundação Dom Cabral, responsável pelo estudo.
A Fundação Dom Cabral (FDC) fez um raio-X da liderança no Brasil – a primeira edição de um estudo que, segundo a organização, será realizado anualmente. E descobriu os três estilos de gestão mais desenvolvidos por aqui: responsável, adaptativo e ágil.
A liderança responsável reconhece que as empresas não operam de maneira isolada e coloca a sustentabilidade no centro das decisões. A adaptativa, por sua vez, é flexível e está sempre ajustando suas estratégias. Já a liderança ágil se difere das outras pela velocidade com que responde às demandas do mercado.
A FDC considera que existem outros três estilos de gestão: inovadora e centrada no cliente, com nomes autoexplicativos, e liderança em redes, que reconhece a importância da colaboração.
Cada uma das seis dimensões tem sua importância – e desenvolvê-las continua a ser um desafio, segundo Paulo Almeida, diretor da área de pesquisa aplicada em desenvolvimento de pessoas, organizações e lideranças da FDC.
Mas as empresas deveriam dar uma atenção maior à liderança responsável. Porque “como sempre destaca Antônio Batista [presidente da FDC], só as empresas que se prepararem para deixar o seu legado de sustentabilidade e impacto positivo sobreviverão”, afirma Paulo.
No estudo, a FDC entrevistou lideranças de 139 empresas de portes variados que atuam em todas as regiões do Brasil. Fez 36 perguntas para cada participante, que permitiam identificar como ele enxerga a força de cada dimensão de liderança em sua empresa.
Discrepâncias por hierarquia e porte
Os entrevistados eram gerentes, diretores ou executivos do alto escalão (presidentes, vice-presidentes e conselheiros). A FDC considerou essa divisão ao analisar as respostas e percebeu uma série de discrepâncias entre as categorias.
O C-level acredita que a dimensão da liderança responsável está mais desenvolvida em comparação a seus colegas com cargos inferiores. Mas dois estilos de gestão, inovador e centrado no cliente, parecem mais fortes entre as empresas brasileiras quando consideramos a opinião da diretoria.
A FDC também considerou o porte e o faturamento das empresas entrevistadas. A conclusão: organizações com mais de 500 funcionários precisam integrar mais seus stakeholders; focar nos clientes e na agilidade. Empresas menores, com pelo menos 100 funcionários, precisariam focar em inovação.
Segundo Paulo Almeida, no geral, as empresas brasileiras devem se atentar mais ao impacto que geram nos stakeholders – e olhar menos para processos.
Errata: a versão original deste texto dizia que o nome do diretor da Fundação Dom Cabral era Paulo Vicente. O sobrenome correto do entrevistado é Almeida.