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Exigências difíceis, trabalho intenso e prazos curtos aumentam o estresse

Estudo feito com mais de 3.000 entrevistados mostra que a pandemia abalou psicologicamente 65% das pessoas em relação ao trabalho. Conheça os resultados

Por Elisa Tozzi
24 set 2021, 07h00
Imagem mostra uma mulher loira com as mãos na cabeça. Ela está sentada em uma mesa com notebook, celular e cadernos
 (Energepiccom / Pexels/Divulgação)
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Trabalhar com intensidade, exigências difíceis de colegas e chefes e prazos inatingíveis são aspectos que aumentam o estresse dos profissionais no ambiente de trabalho. É isso o que aponta uma pesquisa feita pela Eurekka, rede de startups de saúde mental, que entrevistou mais de 3.000 pessoas no Brasil.

A pesquisa ainda mostra que a pandemia abalou psicologicamente 65% das pessoas em relação à vida profissional e que 83% já pensaram em mudar de emprego por causa de questões com a saúde mental e que a recompensa moral – aquele reconhecimento pelo trabalho bem-feito – aparece na frente de salário na conquista pelo equilíbrio emocional.

Para Júlio Frota, psicólogo e CEO da Eurekka, não existe fórmula mágica para as companhias cuidarem do equilíbrio emocional das pessoas – mas há alguns caminhos possíveis. Na entrevista a seguir, ele explica quais são.

A recompensa moral aparece na pesquisa como a melhoria que mais causaria aumento no bem-estar – e fica na frente até de recompensa financeira. Por que isso é importante para a saúde mental?

Esse foi um resultado que também nos chamou muito atenção. A importância da recompensa moral se justifica pela nossa necessidade humana básica de sermos valorizados e ouvidos. Em geral, todos nós nos sentimos muito bem quando outra pessoa reconhece nossos esforços, principalmente se essa pessoa for alguém que admiramos ou “superior” na hierarquia da empresa. Além disso, a recompensa moral é um sinal de que estamos seguindo no caminho certo e sendo reconhecidos por isso. O ser humano é um ser social e busca se conectar positivamente às pessoas ao seu redor, sejam familiares, amigos ou colegas de trabalho.

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Trabalhar com intensidade, exigências difíceis de colegas e chefes e prazos inatingíveis são aspectos apontados pela pesquisa como relacionados ao estresse. O que as empresas podem fazer para criar um ambiente com mais equilíbrio emocional?

A Eurekka tem pesquisado e trabalhado muito sobre esse assunto para montarmos e aperfeiçoarmos nossas soluções empresariais. O que temos visto é que, hoje, as empresas ainda não estão conseguindo superar esse desafio. Como vimos em outro dado da pesquisa, 83,4% das pessoas já pensaram em mudar de empresa por questões de saúde mental.

Infelizmente, para responder a pergunta do que fazer não existe fórmula mágica e nem uma resposta simples. De qualquer maneira, três aspectos que descobrimos como essenciais para uma melhor saúde mental dos trabalhadores foram: comunicação, flexibilidade e boas relações entre a equipe. Sendo assim, acredito que um bom fator inicial de análise para as empresas é entender se os funcionários se sentem à vontade para conversar sobre suas dificuldades e entendem os limites do quanto a empresa pode ou não flexibilizar suas decisões e o porquê disso ser assim.

A pesquisa aponta que as mulheres sofrem mais de estresse do que os homens. Por que elas estão sofrendo mais?

Nossos dados mostram que além de mais estresse, as mulheres apresentam também piores resultados para todas as outras questões analisadas, como sintomas de ansiedade e depressão. É importante reforçar que a grande maioria das pessoas que responderam nossa pesquisa se identificaram com o gênero feminino, o que dificulta generalizamos essas comparações entre gêneros.

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De qualquer forma, esses resultados apontam para algo que já é conhecido tanto pela nossa experiência prática como psicólogos, quanto por outros resultados de pesquisa: nossa sociedade atual é mais complicada para as mulheres do que para os homens, de forma geral.

De forma específica em relação ao estresse, muitas hipóteses podem ser levantadas. Algumas que se mostram repetidamente são referentes ao fato das mulheres ainda apresentarem uma sobrecarga maior por conta de uma dupla jornada, em que trabalham e assumem maiores responsabilidades de cuidado com a casa e/ou filhos do que os homens, e também pelos ambientes de trabalho ainda desvalorizarem as mulheres de alguma forma.

Quais são os sinais de que a saúde mental está abalada?

Pensar em saúde mental é um tema bem abrangente e poderíamos explorar diversas questões. Entretanto, há algumas questões bem práticas para estarmos atentos. Entre eles, podemos citar: sono desregulado; alimentação desequilibrada; procrastinação de tarefas ou falta de energia; dores corporais sem outras explicações; sentimentos e emoções negativas sem acontecimentos que justifiquem; dificuldade para se organizar, concentrar ou relaxar; pensamentos agitados e confusos e pensamentos de automutilação ou suicídio.

 

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