Satisfação com o cuidado na saúde mental pelas empresas permanece negativo
Dois em cada três brasileiros já foram afetados pelo estresse do trabalho. Ainda assim, organizações não acompanham o avanço do tema e seguem com avaliação -19.
A nova edição da pesquisa “Saúde Mental em Foco: Desafios e Perspectivas dos Trabalhadores Brasileiros”, feita pela Vittude em parceria com a Opinion Box, revela que 66% das pessoas já foram afetados pelo estresse do trabalho. O estudo também analisou o Net Promoter Score (NPS), que mede a satisfação de profissionais em relação à promoção da saúde mental nas organizações e o resultado é preocupante: -19.
Para Tatiana Pimenta, CEO e cofundadora da Vittude, o fato de que dois em cada três brasileiros já tenham adoecido por causa da rotina corporativa mostra o tamanho da urgência do tema. “Por trás desse número há histórias de esgotamento e perda de qualidade de vida“, comenta a executiva. “As empresas precisam compreender que o trabalho é um fator determinante de saúde, tanto para o bem quanto para o mal, e que esse cuidado deve deixar de ser um diferencial para se tornar parte estrutural da gestão de pessoas, especialmente com a chegada da atualização da NR-1”.
Apesar disso, a autopercepção geral de saúde mental é majoritariamente positiva: 38% deram nota 4 e 28% nota máxima em uma escala de 1 a 5. Porém, ainda assim, 7% se encontram em níveis críticos, revelando uma parcela vulnerável e silenciosa que merece atenção. Realizado anualmente, o levantamento ouviu 2 mil pessoas em todas as regiões do Brasil. “Ao acompanhar essa jornada ano a ano, conseguimos mostrar que, embora o tema tenha ganhado espaço na cultura das empresas e na sociedade, ainda há uma lacuna importante entre o discurso e a prática”, afirma a CEO.
A pesquisa mostra também que quase metade dos brasileiros acredita que todos deveriam fazer terapia, mas apenas 26,8% estão em acompanhamento. Entre os que não fazem, os principais motivos são: não ver necessidade no momento (48%), custo (34%) e falta de tempo (18%). Dos que fazem, 28% utilizam plano de saúde, 7% recebem custeio integral da companhia, e a maioria arca com os custos do próprio bolso: 19% gastam entre R$100 e R$200 por mês, 14% entre R$301 e R$500, e 11% entre R$201 e R$300.
Para 92% falta seriedade à pauta
Na dimensão corporativa, o Net Promoter Score (NPS) das empresas em relação ao cuidado da saúde mental permanece negativo (-19), repetindo o patamar do ano anterior. Entre os respondentes, 46% são detratores, ou seja, não recomendariam suas organizações como atentas à questão, enquanto 27% são promotores. Além disso, 32% afirmam que o ambiente onde atuam não adotam nenhuma prática voltada ao tema. Entre as iniciativas existentes, destacam-se políticas contra discriminação e assédio (26%), palestras e webinares (22%), terapia via plano de saúde (19%) e comitês de bem-estar (19%).
Em relação ao impacto das diferentes jornadas de trabalho na saúde mental, o cenário ainda é majoritariamente presencial (74%), mas a preferência é pelo híbrido flexível, apontado por 48% como o formato mais favorável. Nesse modelo, 63% dos trabalhadores concentram-se nas notas mais altas de bem-estar (4 e 5). Já o regime remoto integral apresenta 11% de participantes em níveis críticos, sugerindo que flexibilidade e isolamento podem coexistir no mesmo ambiente.
O estudo, disponível neste link, mostra ainda que 78% dos brasileiros preferem trabalhar em empresas com programas de saúde mental, e 92% acreditam que o tema deve ser levado mais a sério. Para Tatiana, esses números evidenciam uma mudança de mentalidade: “Cuidar da saúde mental é cuidar da performance e da sustentabilidade do negócio”, compara a CEO. “Organizações que adotam programas estruturados, com diagnóstico amplo, mapeamento de riscos psicossociais, plano de ação, metas e capacitação de lideranças, conseguem reduzir significativamente os índices de adoecimento, afastamento e turnover“. Segundo a especialista, este cuidado é investimento em reputação, retenção e propósito, não despesa”.
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