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SWSX 2024: Enfrentar o burnout significa repensar a cultura corporativa

A doença atinge 32% dos brasileiros – e prevalece entre mulheres negras. Especialistas discutiram sobre ela no maior festival de criatividade e inovação do mundo. Confira alguns insights.

Por Luisa Costa
Atualizado em 24 out 2024, 09h08 - Publicado em 14 mar 2024, 09h56
Fotografia de uma bexiga estourada repousando em cima de um cacto.
 (Richard Drury/Getty Images/Reprodução)
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As estatísticas sobre o burnout deixam a desejar no Brasil, mas acredita-se que 32% dos nossos profissionais enfrentam estresse, insônia, ansiedade e cansaço excessivo. Um esgotamento físico e mental causado pela rotina de trabalho. Somos o segundo país com maior incidência da doença ocupacional, somente atrás do Japão.

Uma pesquisa da Deloitte já mostrou que, todos os anos, 500 bilhões de dólares vão para o ralo, só nos Estados Unidos, porque o estresse no trabalho desperdiça tempo equivalente a 550 milhões de dias úteis. 77% dos profissionais americanos afirmam já ter passado por um quadro de burnout em seus empregos atuais.

Talvez por isso os organizadores do South by Southwest (SXSW), um festival mundialmente reconhecido por discutir criatividade e inovação na cidade americana de Austin, no Texas, tenham incluído o assunto no segundo dia de palestras e debates (o último sábado, 9).

O painel juntou as escritoras Elizabeth Leiba e Katharine Manning aos executivos Faye McCray e Tarah Malhotra-Feinberg. O objetivo do encontro? Explicar como cultura organizacional e ambientes tóxicos de trabalho podem causar burnout – e debater o que as lideranças das companhias podem fazer para evitá-lo.

Você confere os principais insights do painel neste texto, graças à colaboração da VOCÊ RH com a Renata Rivetti, especialista em felicidade corporativa que está no SXSW 2024, e a empresa de bem-estar Vidalink.

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O bem-estar entre homens e mulheres

Segundo Renata, um ponto central do debate foi a prevalência da cultura hustle no mundo corporativo – também conhecida, em português, como “cultura da agitação”. Você já deve ter ouvido o lema “trabalhe enquanto eles dormem”. Ele é bastante ilustrativo da hustle: ela prega a produtividade a qualquer custo e, por consequência, sobrecarrega os profissionais, podendo levá-los aos burnout.

As especialistas defendem que tal exaustão é mais expressiva entre mulheres, visto que elas geralmente assumem mais compromissos do que os homens. “Muitas profissionais mantêm a ideia de que é preciso estar a disposição todo o tempo, cumprindo com as expectativas das outras pessoas para serem respeitadas e incluídas [no ambiente de trabalho]”, explica Renata.

Elizabeth também argumenta que, entre mulheres negras, o cansaço físico e mental da dupla jornada soma-se a uma busca intensa por reconhecimento no trabalho. Para elas, a sensação de pertencimento ao escritório, geralmente chefiado por homens brancos, também seria mais difícil de alcançar.

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Há dados que atestam essa realidade no Brasil: segundo uma pesquisa da Vidalink que entrevistou 8,9 mil pessoas, apenas 17% das mulheres se sentem tranquilas na maior parte do tempo. Entre os homens, a porcentagem é de 30%. Um estudo da organização Think EVA, por sua vez, revelou que 54% das mulheres negras sofrem com o burnout versus 39% das mulheres brancas.

Tarah completou a discussão sobre as particularidades dos gêneros afirmando que os homens ainda se agarram à ideia de que não podem demonstrar fraquezas e devem cumprir demandas a qualquer custo, sem se importar com seu estado físico e emocional. E mudar essa mentalidade seria fundamental para construir uma cultura de bem-estar no escritório.

A transformação é gradual 

Os especialistas defendem que, para enfrentar o burnout, é preciso construir uma cultura que priorize o bem-estar dos colaboradores. Para isso, líderes e profissionais de RH devem manter estas particularidades em mente, e entender os diferentes pontos de partida dos profissionais.

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“Uma colaboradora com dupla jornada tem menos tempo e recursos para investir no seu desenvolvimento profissional”, afirma Luis González, CEO da Vidalink. “A mudança [de cultura] começa justamente quando a liderança identifica e atende às necessidades específicas da equipe, para que todos tenham acesso às oportunidades profissionais sem negligenciar a própria qualidade de vida.” 

Os participantes também destacam que a transformação de cultura exige líderes bem preparados para desconstruir práticas negativas já enraizadas em ambientes tóxicos de trabalho. E que este não é um processo que ocorre do dia para a noite.

“Mas os debates sobre saúde mental estão ganhando mais espaço, e este é um sinal de que a mudança já está acontecendo”, afirma Renata. “Há interesse de combater o burnout, principalmente entre as novas gerações, que não querem mais trabalhar pensando em comando e controle, mas fazê-lo de forma positiva e mais feliz.”

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As palestras e debates do SXSW 2024 acontecerão até dia 16 de março em Austin (EUA), e a VOCÊ RH trará os principais insights do evento sobre o futuro do trabalho, cultura, saúde e liderança no mundo corporativo. Acompanhe no site, nas redes sociais ou no grupo do WhatsApp da VOCÊ RH.

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