Sem inglês ou graduação: o novo programa de trainee e estágio do Boticário

O programa do Grupo Boticário inovou em 2020 ao retirar a exigência do inglês para todos os candidatos e de graduação para os que trabalham com TI

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 23 out 2024, 10h21 - Publicado em 28 set 2020, 15h39

Foto mostra a sede do Grupo Boticário no Paraná

As inscrições para o programa de estágio e trainee do Grupo Boticário (clique aqui para se inscrever) vão até esta quinta-feira (1/10) e os jovens profissionais podem concorrer a uma das 50 vagas para trabalhar na fabricante de produtos de beleza. E o programa traz uma novidade: não será mais exigido nível de inglês. E quem quiser trabalhar no setor de tecnologia não precisará ter graduação.
De acordo com Renata Figueiredo, head de talentos do Grupo Boticário, as mudanças têm o objetivo de tornar a empresa mais inclusiva. A executiva conversou com VOCÊ RH sobre as novidades e sobre as expectativas em relação aos jovens.
Por que o Boticário resolveu eliminar a exigência do inglês (para todas as áreas) e de cursos de graduação para as vagas do setor de tecnologia?
As mudanças nos programas de 2020 vieram para ampliar nossa rede de relacionamento e captação de talentos. Sabemos o quanto nossos programas mobilizam candidatos. Todos os anos, são cerca de 25.000 inscrições para pouco mais de 100 vagas. E no trabalho intenso de seleção e recrutamento de estagiários e trainees, um filtro como domínio de uma segunda língua pode eliminar um verdadeiro talento que vai nos ajudar a construir o Grupo Boticário dos próximos anos. É uma forma de romper essa barreira, equalizando as oportunidades para quem tem histórias de vida diferentes, e praticar a nossa crença sobre como a diversidade é o único caminho para gerar inovação e riqueza para a empresa.
Em relação à não exigência de graduação em cursos de tecnologia para as vagas de estágio na área, acreditamos que nessa transformação digital, pela qual passa o mundo, muitas pessoas que em outros tempos decidiram seguir carreiras fora da tecnologia, podem mudar esse destino. Para isso, temos de abrir esse espaço para ser essa virada de chave para essas pessoas. Para vagas de estágio em tecnologia também não estipulamos idade mínima. Basta ser um entusiasta da área, saber “codar” e ter vontade de crescer.

Quais são os pilares da Júnior XP, que capacita os estagiários desde o início da jornada na empresa?
A Junior XP é um projeto desenvolvido pela Stela Gazabine, que entrou no grupo como estagiária, e criou um espaço que permite aos jovens talentos se desenvolverem juntos, criando eles próprios as soluções para problemas do negócio. Há uma supervisão de gestores sêniores, orientação, mas a base da Junior XP é dar a oportunidade aos jovens de, desde cedo, serem capazes de liderar processos e equipes e, assim, estarem mais preparados para os desafios do futuro. Quando falamos em pilares, protagonismo e autonomia são os que melhor definem essa iniciativa.
Nós confiamos muito na mentalidade positiva dos jovens. Eles querem ser protagonistas desde cedo e a Junior XP ajuda nisso. Enxergamos que a melhor maneira de aprender é eliminando essas barreiras, buscando mais e mais referências e criando oportunidades de aprendizagem. Se um estagiário é questionador, chamando atenção para sua área, sem vergonha de apresentar suas ideias ele está fazendo exatamente aquilo que esperamos dele, o brilho no olhar de se ver como agente de uma mudança.
Quais são as expectativas da companhia com esses jovens no futuro?
Queremos que os novos contratados sejam, desde o início, agentes de transformação, com autonomia e protagonismo, sabendo que são responsáveis por fazer seu desejo se transformar em realidade. Com a Junior XP, temos conseguido ter ótimos números de efetivação de estagiários e esperamos aumentar esse número em 2021. A média de efetivação de estagiários para analistas júnior no Grupo Boticário tem crescido e chegou a 64% em 2019, quando a média do mercado gira em torno de 50%. A expectativa é melhorar esse número com os contratados no novo programa. Quando falamos de efetivação, estamos falando de um resultado a curto prazo, mas pensando no longo prazo, queremos que esses jovens se desenvolvam aqui no Grupo Boticário e sejam os futuros líderes da organização.
Os jovens são um dos grupos mais afetados pelo desemprego decorrente da crise da covid-19. Quais têm sido as ações do Grupo Boticário para acolher essa parcela da população?
O Grupo Boticário tem atuado em parceria com consultorias especializadas para mapear e contratar talentos para oportunidades em diversas áreas da empresa e com um olhar específico para as dimensões da diversidade, como etarismo e pessoas com deficiência. Fazemos parte do movimento #ContrateUmEstagiário. Similar ao #nãodemita, criado no início da pandemia, esse movimento une universidades e empresas e nasceu para levar esperança aos jovens universitários em um momento de incertezas sobre o futuro.
Além disso, nos últimos meses, como parte do processo interno de transformação em favor da diversidade e igualdade de oportunidades os novos colaboradores, o Grupo Boticário promoveu jornadas de aprendizado para jovens negros de todo o Brasil. Foram oito webinars desenvolvidos para mais de 800 jovens universitários ou recém formados, em uma iniciativa que gerou conhecimento sobre a empresa e aumentou a consideração desses jovens em ver o Grupo Boticário como uma empresa legal para se trabalhar ou iniciar a carreira. Os webinars apresentaram ainda ferramentas úteis para que os jovens iniciassem suas carreiras, como por exemplo o treinamento de habilidades para aumentarem a autoconfiança nos processos de seleção. Agora em setembro, 10 desses jovens estão passando por mentoria com profissionais do Grupo Boticário e, assim, se capacitando para o futuro, independentemente se seguirão ou não na empresa.