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Quais as estratégias para liderar na incerteza?

A crise do coronavírus acende o alerta: as empresas precisam se preparar para os cenários mais imprevisíveis. E o RH tem um papel essencial nessa jornada

Por Juliana Américo e Monique Lima
Atualizado em 23 out 2024, 10h28 - Publicado em 26 jun 2020, 13h31
 (Davi Augusto/VOCÊ RH)
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No começo eu era só certezas; no meio eu era só dúvidas; agora é o final e eu só duvido.” O poema de Mário Quintana ilustra bem o sentimento atual sobre o que acontecerá com a economia, a política, os negócios, os hábitos de consumo e os modelos de trabalho quando o coronavírus passar. Os números desta crise, a mais aguda desde que a Gripe Espanhola em 1918, a Grande Depressão em 1929 e as duas guerras mundiais assolaram o planeta, são alarmantes. Enquanto o renomado Imperial College London, instituição inglesa referência em modelagem estatística sobre a covid-19, aponta que a doença não está sob controle no Brasil (cada infectado aqui contamina mais de uma pessoa), o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê queda de 5,3% no PIB nacional em 2020.

A retração global não deve ser diferente: 3%, cenário pior do que o de 2008, quando a bolha imobiliária nos Estados Unidos estourou — o tombo mundial naquele ano foi de 0,1%. Além disso, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 2,7 bilhões de trabalhadores já foram financeiramente afetados, sendo que mais de 25 milhões ainda podem perder o emprego em todo o mundo — segundo a agência da ONU, o quadro mais grave desde a Segunda Guerra Mundial.

Não sem razão, o indicador de incerteza da economia brasileira (IIE-Br), índice calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas e termômetro de como anda a situação financeira de empresas e famílias, está nas alturas. Em abril, chegou ao mais alto nível desde 2000, alcançando 210,5 pontos. O recorde anterior havia sido de 136,8 pontos, em setembro de 2015, quando se aventava o impeachment de Dilma Rousseff (PT).

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Para Anna Carolina Gouveia, economista responsável pela medição da FGV, esse indicador dificilmente baixará enquanto não houver uma resolução mais clara na saúde, como uma vacina, ou então a perspectiva de uma retomada comercial. “Quando a incerteza está elevada, os investimentos são praticamente nulos, desestabilizando todo o mercado”, diz a especialista.

E, se o avanço da tecnologia já vinha abalando as estruturas e provocando disrupções, a chegada de um vírus desconhecido só acentuou as ambiguidades. Neste momento, é prever como o capitalismo reagirá. “Os reflexos se perpetuarão por anos. As companhias não irão se recuperar da noite para o dia e terão de se adequar a uma realidade ainda desconhecida”, diz Yuri Trafane, consultor empresarial e representante no Brasil do instituto de pesquisas Gallup. “O resultado disso é uma falta de confiança na empresa, na liderança, no governo e no futuro do país.”

Na reportagem deste bimestre da VOCÊ RH, mostramos o que as empresas e as áreas de gestão de pessoas devem fazer para criar laços de confiança com os funcionários e liderar em um momento de tantas incertezas. A edição 69 já está nas bancas.

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