Problemas de comportamento causam metade das demissões, indica estudo
Outros motivos são a automação de tarefas e a redução de custos. Especialistas argumentam: investir em inteligência emocional é urgente.

Metade das demissões realizadas por empresas no último ano foram causadas por problemas de comportamento profissional, segundo o 6º Observatório de Carreiras e Mercado, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Os outros motivos mais comuns seriam a automação de tarefas e a redução de custos, cada um responsável por 25% dos desligamentos.
“O mercado valoriza profissionais que unem competência técnica e habilidades para uma boa convivência”, afirma Luciana Mariano, coordenadora do PUCPR Carreiras e responsável pelo estudo. Porque um único indivíduo pode comprometer toda a equipe: “Surgem conflitos, a produtividade cai e [as empresas perdem] talentos”.
“Por isso, é preciso olhar para o autoconhecimento”, defende a especialista. “Como me porto nas relações do dia a dia? Como lido com as minhas emoções e com os outros no ambiente de trabalho? Mais do que dominar ferramentas ou processos, é preciso desenvolver inteligência emocional, empatia, respeito e responsabilidade nas relações.”
Soft skills mais importantes
As habilidades comportamentais mais valorizadas pelo mercado de trabalho, segundo o Fórum Econômico Mundial, são: pensamento analítico, para avaliar informações e tomar decisões; resiliência, flexibilidade e agilidade, para lidar com mudanças; liderança e influência social, para mobilizar pessoas em torno de objetivos; e curiosidade e aprendizado contínuo, para buscar novos conhecimentos.
Já de acordo com o estudo da PUC, as soft skills mais valorizadas no Brasil são: comunicação oral, planejamento, solução de problemas, gestão de conflitos e comunicação escrita, nessa ordem.
Os especialistas da universidade indicam que a comunicação escrita tornou-se ainda mais importante para o bom andamento dos processos nas organizações por conta da digitalização e do modelo híbrido de trabalho.
Além disso, o relatório conclui: um profissional que sabe planejar e gerir conflitos se destaca em meio a cenários econômicos incertos, metas mais desafiadoras e ambientes corporativos cada vez mais diversos e dinâmicos.
Comportamento não é tudo
Os responsáveis pelo estudo, porém, alertam que o mercado também está atento aos profissionais que dominam a tecnologia, têm pensamento estratégico e tomam decisões baseadas em dados. Ferramentas de automação, análise de dados, inteligência artificial, plataformas de colaboração online, softwares de BI e gestão de projetos se destacam nesse cenário.
A busca por conhecimento contínuo, o lifelong learning, se tornou essencial para os profissionais se adaptarem às novas demandas do mercado. 76% dos respondentes estão investindo na aquisição de novos conhecimentos, e 16% das empresas entrevistadas priorizam os colaboradores que demonstram interesse genuíno em se atualizar.
“Não é novidade que os movimentos do mercado acontecem com rapidez. O que importa é como cada um se posiciona diante dessas transformações”, defende Luciana. “Atualizar conhecimentos e desenvolver novas competências é uma necessidade. Essa prática ajuda na carreira individual e no desempenho das organizações, que precisam de pessoas preparadas para aprender, mudar e colaborar.”
Acesse o estudo do PUCPR Carreiras por meio deste link.