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Fabio Josgrilberg

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Professor e pesquisador de comunicação, com ênfase em processos criativos, na Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). É pesquisador do Centro de Gestão de Inovação Corporativa (FGVin) e do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (FGV-NEOP).

Você é altamente criativo? Sim, é um gênio em potencial. Saiba por quê

Como desenvolver competências para gerar ideias originais e evitar a perda de espontaneidade ao longo da vida profissional.

Por Fabio Josgrilberg, colunista da VOCÊ RH
Atualizado em 9 nov 2025, 17h15 - Publicado em 9 nov 2025, 17h06
Renderização 3D de cérebro Humano e Formas Geométricas em seu entorno.
 (luchezar/Getty Images)
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Você se considera altamente criativo? Em geral, quando faço essa pergunta em grupos de treinamento em empresas ou com meus alunos, peço para que os participantes se avaliem numa escala de 1 a 5. A grande maioria se posiciona como 2 ou 3. E você, qual seria a sua autoavaliação?

A pergunta que fica é: por que a autoavaliação, em regra geral, é tão baixa? Na minha experiência, tenho a seguinte impressão: ou, de fato, as pessoas não possuem confiança criativa suficiente ou têm vergonha de dizer que são altamente criativas. No entanto, tenho plena convicção de que todos são muito criativos e que é possível desenvolver esse potencial em qualquer pessoa.

Minha curiosidade pela criatividade humana tem origem no interesse pela gestão da inovação nas organizações. Em um dado momento da minha trajetória como pesquisador, professor e consultor, resolvi dar um passo atrás para olhar para a origem de tudo: o potencial criativo dos seres humanos. Hoje, conduzo uma pesquisa sobre times altamente criativos com pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), da Universidade de Toronto e da Universidade de Strasbourg, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Para alinhar a conversa, estou falando da criatividade reconhecida socialmente. Exemplos: a solução que você traz para um problema, um produto que passa a ser adotado pelo mercado, uma produção artística que é lida, ouvida ou apreciada por um grupo social. Em resumo, o ato criativo produz algo novo que possui valor social, não necessariamente econômico.

Somos gênios criativos

A limitação do potencial criativo humano foi o objeto de estudo numa famosa pesquisa conduzida por George Land e Beth Jarman, na década de 1960, com 1.600 crianças ao longo de dez anos. O trabalho consistiu em aplicar testes de avaliação da criatividade por meio de desafios de pensamento divergente, relacionados a diferentes estímulos.

Os primeiros testes foram aplicados a crianças de 3 a 5 anos. Nessa primeira etapa, 98% pontuaram no que os pesquisadores classificaram como a categoria “gênio”. Cinco anos depois, o percentual de “gênios” caiu para 32%. Mais cinco anos depois, esse percentual foi para 10%.

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O mesmo teste foi aplicado a 200 mil adultos com mais de 25 anos. Nessa faixa etária, o percentual caiu para 2%! Na avaliação dos pesquisadores, a principal causa de restrição da criatividade natural seria o processo de socialização sobre o que é bom, ruim, errado, bonito, feio, dentre outros valores.

A criatividade na academia… de musculação

Vamos voltar à pergunta inicial. Você é um gênio criativo? Posso responder? Sim, você é muito criativo, um gênio em potencial. Você pode não exercitar a sua criatividade; ela talvez esteja adormecida, tal como um músculo que se enfraquece ao longo do tempo por falta de uso – mas o músculo ainda está lá!

Perceba que a criatividade não tem relação com o mito da juventude, e sim com a capacidade de nos mantermos criativos ao longo da vida. Por exemplo, temos laureados do prêmio Nobel em áreas da ciência nas mais diversas faixas etárias. Há cientistas de 25 a 97 anos premiados! Neste ano mesmo, os vencedores do prêmio de Física foram John Clarke, 83 anos, Michel H. Devoret, 72, e John M. Martinis, 67. Há, sim, diferentes tipos de criatividade em distintos momentos da vida.

A grande questão é: qual é o tempo da criatividade na sua vida? E no seu trabalho? Costumo dizer que a criatividade é como o exercício físico. Não adianta reclamar que você não tem tempo, que precisa trabalhar, cuidar da família etc. Se quiser fazer exercício físico, vai ter de encontrar o tal do tempo, ir a um lugar específico e ter disciplina no longo prazo – ou simplesmente não irá se exercitar, prejudicando a sua saúde.

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Com a criatividade não é diferente. Se você não separar tempo para ter ideias, testar coisas, produzir algo, exercitar possibilidades, não há como manter o seu potencial criativo. “Ah, mas o meu perfil é analítico”… bobagem. Você pode ser analítico e criativo. Pergunta incômoda: você já abandonou algum hobby criativo que amava ao longo da vida? Torço para que a carapuça não lhe sirva.

Todas as pessoas são altamente criativas. Algumas exercitam a criatividade ao longo da vida e outras não. Você pode até achar que está enferrujado, mas o fato é que o potencial criativo está aí, adormecido.

A criatividade nas organizações

No mundo corporativo, o drama é que, muitas vezes, os momentos para processos criativos são vistos como “improdutivos”. Talvez aí esteja a razão para algumas pessoas terem receio de se apresentarem como altamente criativas. Sejamos sinceros: não é raro haver preconceito contra pessoas altamente criativas – “têm muita ideia e entregam pouco”, dizem.

O pragmatismo tende a prevalecer por questões de sobrevivência. Esse foi, por incrível que pareça, o caso de Leonardo da Vinci. O gênio renascentista, na busca por espaço na corte de Ludovico Sforza, em Milão, apresentou-se fundamentalmente como um especialista na arte da guerra. Um cálculo puramente pragmático, apesar de sua capacidade como artista, já com obras comissionadas e todo o seu aprendizado de pintura no ateliê de Andre del Verrocchio.

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Mas será que é só isso mesmo? No The Future of Jobs Report 2025, produzido pelo Fórum Econômico Mundial, o pensamento criativo aparece na pesquisa como a quarta habilidade mais importante para o futuro do trabalho, entre 26 mapeadas, atrás apenas de “pensamento analítico”, “resiliência, flexibilidade e agilidade” e “liderança e influência social”.

Se observarmos bem, os problemas estão cada vez mais complexos e urgentes em diversas áreas, como tecnologia e sustentabilidade, para citar apenas duas. Cabe à criatividade humana dar contas desses desafios técnico-sociais. Contudo, é preciso reservar tempo para desenvolver processos criativos.

É claro que há variações no tipo e grau de criatividade entre as pessoas. A criatividade é influenciada, por exemplo, pelo campo de conhecimento, dentre outros fatores. O que é ser criativo na medicina, na engenharia ou nas artes? Contudo, muitas pessoas possuem um potencial criativo subutilizado ou adormecido. A potencialidade criativa é restringida, em geral, por fatores conhecidos e largamente pesquisados na academia:

  • Crença limitada na capacidade criativa de alguém como uma profecia autorrealizável.
  • Conhecimento de domínio insuficiente para gerar soluções viáveis.
  • Restrições ambientais que punem a experimentação.
  • Falta de exposição a métodos de pensamento criativo.
  • Diferenças cognitivas que tornam certos tipos de criatividade mais desafiadores.
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Um novo fator que começa a ser pesquisado é o impacto da inteligência artificial generativa na capacidade crítica e criativa dos seres humanos, mas já falamos disso em outro artigo, “Estudos da Microsoft e do MIT provam: há déficit cognitivo por causa da IA”.

Só os loucos sabem

Seria a criatividade uma coisa de gente maluquinha? Ou seria de corajosos? Erasmo de Roterdã, autor do século 16, em sua disputa intelectual com Martinho Lutero, líder da Reforma Protestante, nos oferece uma belíssima lição. No livro O Elogio da Loucura, um dos meus favoritos, a loucura se apresenta, em primeira pessoa, a uma audiência para desenvolver um argumento sobre a sua importância para humanidade.

A Loucura diz para quem queira ouvir: “Duas coisas, sobretudo, impedem que o homem (sic) saiba ao certo o que deve fazer: uma é a vergonha, que cega a inteligência e arrefece a coragem; a outra é o medo, que, indicando o perigo, obriga a preferir a inércia à ação. Ora, é próprio da Loucura dirimir todas essas dificuldades”.

Ainda na linha inspiracional, vale lembrar a célebre frase de Jean Cocteau (1889-1963), diretor de cinema, poeta, escritor, pintor, dramaturgo, cenógrafo, ator e escultor francês, considerado um dos principais nomes do movimento surrealista: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”.

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Portanto, sejamos criativos, sejamos loucos e façamos. Problemas e desafios na sociedade e nas organizações não faltam.

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